Covid-19: após fracasso com slogan, governo tenta novo mote
Última campanha do governo para o novo coronavírus se posicionava contra o isolamento social
Depois da repercussão negativa da campanha "O Brasil não pode parar", o governo lança novas peças publicitárias esta semana com o mote "ninguém fica para trás" para falar sobre a covid-19 nas redes sociais. Em uma das imagens, compartilhada pela Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), a frase é acompanhada de uma foto onde aparecem duas pessoas com
luvas e roupas de proteção dando as mãos.
"Desde o início, todos os esforços para repatriar brasileiros mundo afora... R$ 750 bilhões já foram mobilizados pelo Governo Federal para combater a pandemia e suas consequências sanitárias, sociais e econômicas. Afinal, #NinguémFicaPraTrás!", diz um texto da Secom. O presidente Jair Bolsonaro também usou a frase em seu Twitter nesta quarta: "Seguimos lutando para que nenhum brasileiro fique para trás!", escreveu.
A secretaria de comunicação não fala explicitamente do isolamento, mas destaca medidas anunciadas pelo governo como o auxílio emergencial a 54 milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade, que estão na informalidade ou que são microempreendedores individuais. A Secom fala ainda dos beneficiados pelo Programa de Manutenção do Emprego e da Renda e das famílias no Bolsa Família que receberão reforço do auxílio.
No último final de semana, a Justiça Federal do Rio de Janeiro proibiu a União de divulgar a campanha "o Brasil não pode parar", que defendia que o País não pode parar em razão do novo coronavírus e se posicionava contra o isolamento social. Entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e partidos políticos também apresentaram ações contra a campanha por desinformação à população.
Na terça, 31, durante coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, o ministro Paulo Guedes (Economia) disse que o presidente Jair Bolsonaro afirmou "desde o início" que ninguém ficaria para trás, fala que originou o início da nova campanha e que remete à expressão usada por militares. Na última semana, Bolsonaro causou polêmica ao dizer que "algumas mortes acontecerão, paciência" para falar sobre o avanço do novo coronavírus.
Também repercutiu mal o pronunciamento no qual o presidente voltou a minimizar os efeitos da doença, que já matou milhares de pessoas no mundo e causou a paralisação de um terço da população. O próprio presidente afirmou que, após a sua fala em cadeia nacional, identificou que as reações contrárias a ele passaram para 70%.
Na nova estratégia de comunicação, o governo fala também sobre os milhões de testes que devem ser distribuídos em todo o País, principalmente os testes rápidos que serão inicialmente focados para os profissionais da saúde e de segurança e das unidades de cloroquina que estão sendo distribuídas pelo País para tratar casos graves do novo coronavírus.
"Suspensão, diminuição e renegociação de tributos e impostos. Crédito de R$ 40 bilhões para pagamento de salários, para que a enorme força econômica que são as 1,2 milhão de pequenas e microempresas não precisem demitir seus 12 milhões de colaboradores", afirma outro trecho.
"Para respeitar a autonomia de estados e municípios, R$ 88 bilhões entre suspensões de dívidas e novos créditos. Para que possamos sair dessa juntos, para que possamos sair dessa maiores, #NinguémFicaPraTrás. NINGUÉM!", conclui a mensagem do governo.