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Política

CPI da Covid se divide em núcleos para acelerar investigação

Subgrupos de senadores vão se debruçar sobre milhares de documentos recebidos pela comissão para avançar em apuração sobre suposta omissão e corrupção do governo Bolsonaro no enfrentamento à pandemia

20 jul 2021 - 12h45
(atualizado às 12h59)
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A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, no Senado, decidiu dividir a investigação sobre suposta omissão e corrupção do governo federal na pandemia em subgrupos. Em reunião, os senadores entenderam que os documentos referentes a cada assunto serão apurados por sete núcleos.

Senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Covid.
Senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Covid.
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado / Estadão Conteúdo

A força-tarefa da CPI da Covid conta com o reforço das senadoras Simone Tebet (MDB-MS) e Eliziane Gama (Cidadania-MA), que não são titulares da Comissão, mas têm sido atuantes, comparecendo aos depoimentos e acompanhando as investigações. A ideia é que os núcleos ajudem a estruturar um material consistente, baseado nos documentos recebidos, para auxiliar na produção do relatório final, do relator Renan Calheiros (MDB-AL).

A compra da vacina indiana Covaxin vai ser apurada por um dos grupos de investigação por suspeita de corrupção na negociação. O Ministério da Saúde fechou contrato com a empresa Precisa Medicamentos e com a farmacêutica indiana Bharat Biotech, em 25 de fevereiro, para adquirir 20 milhões de doses por R$ 1,6 bilhão.

O contrato da compra do imunizante foi suspenso em 29 de junho pela Pasta, após recomendação da Controladoria-Geral da União (CGU). Cada dose da vacina custaria US$ 15, o preço mais caro dentre os imunizantes comprados no País. O valor do contrato ainda não foi pago, mas foi empenhado, ou seja, reservado.

Outro núcleo vai investigar a atuação de intermediários na compra de vacinas contra a covid-19. Essa frente de apuração ficará com o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Outro grupo vai mirar nas denúncias feitas pelo governador do Rio cassado, o ex-juiz Wilson Witzel, sobre possíveis irregularidades na administração de hospitais federais fluminenses. Essa parte da investigação, que vai avaliar contratos e vínculos de organizações sociais com os hospitais, ficará a cargo do senador Humberto Costa (PT-PE).

Witzel falou à CPI em 16 de junho. No depoimento, o governador cassado disse que os hospitais do Rio tinham "um dono". "Os hospitais federais, os hospitais federais são intocáveis, ninguém mexe ali. Tem um dono, e esta CPI pode descobrir quem é o dono daqueles hospitais federais", disse na ocasião.

O senador petista também ficará a cargo da investigação sobre os ganhos milionários de farmacêuticas com a venda de medicamentos com ineficácia comprovada contra a covid. Remédios como cloroquina e ivermectina compõem o suposto tratamento precoce contra a doença e são incentivados pelo presidente Jair Bolsonaro. A CPI quer saber quem faturou com a venda desses medicamentos.

Outra linha de investigação vai focar no negacionismo do governo federal no enfrentamento à pandemia e na propagação de fake news. Estes temas ficarão a cargo do relator, Renan Calheiros, e do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE).

A CPI já identificou 68 perfis em redes sociais como Instagram e Twitter e, agora, vai atrás dos donos. A investigação aponta que as contas se dedicavam a compartilhar fake news sobre o tratamento contra a covid.

Os senadores estão apurando também palestras sobre a doença financiadas pelo Ministério das Relações Exteriores, por meio da Fundação Alexandre Gusmão. Um dos vídeos, que acabou sendo removido pelo Youtube, falava sobre a "nocividade do uso de máscaras".

Parte da apuração é também seguir o caminho do dinheiro das fake news e mapear os pagamentos da Secretaria de Comunicação para agências de publicidade e, em seguida, para pessoas e influenciadores que faziam campanha pela cloroquina e contra a vacina e incentivavam a população a ir para as ruas, contrariando as orientações de isolamento social.

Outro núcleo, do qual a senadora Eliziane Gama fará parte, vai investigar as novas denúncias de corrupção envolvendo a empresa VTCLog, atual encarregada da logística do Ministério da Saúde para a entrega de vacinas. A CPI apura se os contratos fechados pela empresa foram superfaturados.

O senador Otto Alencar (PSD-BA) ficou responsável por um subgrupo que vai apurar o aplicativo TrateCov, lançado pelo Ministério da Saúde para orientar o enfrentamento da covid-19, com antibióticos, cloroquina, ivermectina e outros fármacos; a omissão e a negligência na compra de vacinas; e o estímulo à imunidade de rebanho ou coletiva e a crise do oxigênio em Manaus, em janeiro. O senador também vai apurar o negacionismo na pandemia.

A investigação da CPI tem a ajuda ainda de policiais federais, que estão auxiliando no cruzamento de dados e no mapeamento de relações entre os alvos. O período de recesso da CPI vai ser aproveitado pelos núcleos para acelerar a apuração dos senadores. Os subgrupos terão suas frentes de investigação, mas poderão contribuir uns com os outros.

No domingo, 18, o presidente Bolsonaro voltou a negar irregularidades na compra de vacinas por parte do Ministério da Saúde e defendeu o ex-ministro Eduardo Pazuello e o ex-número 2 da pasta, o coronel Elcio Franco. As afirmações foram feitas após o presidente receber alta médica e deixar o Hospital Vila Nova Star, onde estava internado desde a quarta-feira, 14.

Estadão
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