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Política

CPMI do 8 de Janeiro vota o relatório final nesta quarta-feira

Relatório elaborado pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA) quer que Jair Bolsonaro e núcleo duro de seu governo respondam por crimes contra o estado democrático de direito

18 out 2023 - 03h10
(atualizado às 07h35)
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Senadora Eliziane Gama (PSD-MA) apresentou o relatório da CPMI na terça-feira, 17/10/2023
Senadora Eliziane Gama (PSD-MA) apresentou o relatório da CPMI na terça-feira, 17/10/2023
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro vota, a partir das 9h desta quarta-feira, 18, o relatório final dos seus trabalhos, que pede que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 60 pessoas sejam responsabilizados criminalmente pelos atos antidemocráticos que destruíram as sedes dos Três Poderes em Brasília.

O indiciamento proposto pela CPMI é simbólico, porque funciona na prática como uma sugestão para que as autoridades (Ministério Público e Polícia Federal), municiadas dos documentos obtidos pelo colegiado, deem continuidade às investigações e proponham, se convencidas de que houve crime, ações penais perante a Justiça.

Assista a sessão ao vivo:

Para Bolsonaro, estão elencados quatro crimes, cujas penas máximas, somadas, chegam a 29 anos de prisão. O relatório o acusa de associação criminosa (equivalente à formação de quadrilha, na linguagem popular), violência política, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. Três desses crimes também são atribuídos aos manifestantes do 8 de Janeiro que estão sendo julgados no Supremo Tribunal Federal (STF).

No relatório, o ex-presidente é apontado como "mentor intelectual" dos ataques. Gama afirma que os ataques golpistas foram um "ataque desesperado" depois de um "golpe ensaiado" por Bolsonaro. Depois de ser derrotado nas urnas, ele teria se reunido com comandantes da Marinha, da Aeronáutica e do Exército munido de uma minuta, para avaliar a possibilidade de um golpe de Estado, mas não obteve apoio.

Essa não é a primeira vez que o ex-presidente entra na mira de um relatório de comissão parlamentar. Em outubro de 2021, as penas dos crimes atribuídos a ele na CPI da Covid atingia 38 anos. No entanto, a Procuradoria-Geral da República (PGR), chefiada por Augusto Aras, engavetou as investigações abertas em função do relatório. Inelegível e cercado de investigações da Polícia Federal, Bolsonaro está agora em outro contexto político que o torna mais vulnerável.

A expectativa para a votação desta quarta é de que o relatório seja aprovado por ampla maioria, fechando um placar de 20 a 11. Além do documento elaborado por Gama, também serão colocados em votação dois relatórios que contrariam o da relatora. Um deles é de autoria do senador Izalci Lucas (PSDB-DF) e outro é de um bloco de parlamentares de oposição.

Neste grupo, estão o filho mais velho do ex-presidente, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), a ex-ministra Damares Alves (Republicanos-DF) e o senador Magno Malta (PL-ES), além de outros correligionários do bolsonarismo. O grupo pede o indiciamento de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e compara o ministro da Justiça Flávio Dino a um membro do governo nazista de Hitler.

Veja quem são os indiciados no relatório da CPMI:

  1. Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República
  2. Walter Souza Braga Netto, general da reserva do Exército, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil e vice na chapa de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022
  3. Augusto Heleno Ribeiro Pereira, general da reserva do Exército e ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI)
  4. Mauro Cesar Barbosa Cid, tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro
  5. Anderson Gustavo Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública
  6. Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF)
  7. Carla Zambelli Salgado de Oliveira, deputada federal (PL-SP)
  8. Marcelo Câmara, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
  9. Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, general do Exército e ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República
  10. Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, general do Exército e ex-ministro da Defesa
  11. Almir Garnier Santos, almirante e ex-comandante da Marinha
  12. Marco Antônio Freire Gomes, general e ex-comandante do Exército
  13. Luís Marcos dos Reis, sargento do Exército e ex-assessor de Bolsonaro
  14. Filipe Garcia Martins Pereira, ex-assessor especial da Presidência da República
  15. George Washington de Oliveira Sousa, bolsonarista preso pela tentativa de atentado à bomba no Aeroporto de Brasília
  16. Alan Diego dos Santos Rodrigues, bolsonarista preso pela tentativa de atentado à bomba no Aeroporto de Brasília
  17. Wellington Macedo de Souza, bolsonarista preso pela tentativa de atentado à bomba no Aeroporto de Brasília
  18. Ailton Gonçalves Moraes Barros, capitão reformado do Exército
  19. Antônio Elcio Franco Filho, coronel do Exército e ex-secretário executivo do Ministério da Saúde
  20. Jean Lawand Júnior, coronel do Exército
  21. Marília Ferreira de Alencar, subsecretária de inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal
  22. Carlos José Russo Assumpção Penteado, general do Exército e ex-secretário-executivo do GSI
  23. Carlos Feitosa Rodrigues, general de Exército e ex-chefe da Secretaria de Coordenação e Segurança Presidencial do GSI
  24. Wanderli Baptista da Silva Junior, coronel do Exército e ex-diretor-adjunto do Departamento de Segurança Presidencial do GSI
  25. André Luiz Furtado Garcia, coronel do Exército e ex-coordenador-geral de Segurança de Instalações do GSI
  26. Alex Marcos Barbosa Santos, tenente-coronel do Exército e ex-coordenador-adjunto da Coordenação Geral de Segurança de Instalações;
  27. José Eduardo Natale de Paula Pereira, major do Exército e ex-integrante da Coordenaria de Segurança de Instalações do GSI
  28. Laércio da Costa Júnior, sargento do Exército e então encarregado de segurança de instalações do GSI
  29. Alexandre Santos de Amorim, coronel do Exército e ex-coordenador-geral de Análise de Risco do GSI
  30. Jader Silva Santos, tenente-coronel da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) e ex-subchefe da Coordenadoria de Análise de Risco do GSI.
  31. Fábio Augusto Vieira, ex-comandante-geral da PMDF
  32. Klepter Rosa Gonçalves, ex-comandante-geral da PMDF
  33. Jorge Eduardo Barreto Naime, ex-chefe do Departamento Operacional da PMDF
  34. Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra, integrante do Departamento Operacional da PMF
  35. Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, ex-comandante do 1º Comando de Policiamento Regional da PMDF
  36. Flávio Silvestre de Alencar, major da PMDF
  37. Rafael Pereira Martins, major da PMDF
  38. Tércio Arnaud Tomaz, ex-assessor de Bolsonaro
  39. Fernando Nascimento Pessoa, ex-assessor de Bolsonaro
  40. José Matheus Sales Gomes, ex-assessor de Bolsonaro
  41. Alexandre Carlos de Souza e Silva, policial rodoviário federal
  42. Marcelo de Ávila, policial rodoviário federal
  43. Maurício Junot, sócio de empresas que teriam ligações contratuais com a PRF
  44. Ridauto Lúcio Fernandes, general da reserva do Exército
  45. Meyer Nigri, empresário
  46. Adauto Lúcio de Mesquita, empresário
  47. Joveci Xavier de Andrade, empresário
  48. Mauriro Soares de Jesus, sócio da USA Brasil
  49. Ricardo Pereira Cunha, sócio da USA Brasil
  50. Enric Juvenal da Costa Laureano, consultor da Associação Nacional do Ouro (ANORO)
  51. Antônio Galvan, empresário
  52. Jeferson da Rocha, empresário
  53. Vitor Geraldo Gaiardo, empresário
  54. Humberto Falcão, empresário
  55. Luciano Jayme Guimarães, empresário
  56. José Alípio Fernandes da Silveira, empresário
  57. Valdir Edemar Fries, empresário
  58. Júlio Augusto Gomes Nunes, empresário
  59. Joel Ragagnin, empresário
  60. Lucas Costa Beber, empresário
  61. Alan Julian, empresário
Estadão
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