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Política

Críticas a Ramos no WhatsApp motivaram demissão de ministro

Ex-ministro do Turismo afirma que articulador político do Planalto cria crises no governo, mas que não deixará o cargo 'atirando'

9 dez 2020 - 17h31
(atualizado às 17h33)
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Ao demitir o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, nesta quarta-feira, 9, o presidente Jair Bolsonaro o repreendeu por ter exposto divergências com o colega Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, em um grupo de ministros no WhatsApp. Na mensagem, Antônio disse que Ramos ofereceu a sua pasta ao Centrão em troca de apoio para a eleição para a presidência da Câmara (leia a íntegra abaixo).

Críticas a Ramos no WhatsApp motivaram demissão de ministro16/01/2019 REUTERS/Jake Spring
Críticas a Ramos no WhatsApp motivaram demissão de ministro16/01/2019 REUTERS/Jake Spring
Foto: Reuters

O Palácio do Planalto apoia o deputado Arthur Lira (PP-AL) para a sucessão do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ao ser demitido nesta quarta-feira, o agora ex-ministro voltou a atacar Ramos, afirmando que ele é o responsável por criar as crises no governo. Apesar disso, se comprometeu em não sair "atirando".

Na conversa, relatada por integrantes do governo ao Estadão, Bolsonaro disse que as diferenças deveriam ser resolvidas pessoalmente e não em público. O presidente lembrou que o agora ex-ministro já tem "outros problemas". Deputado federal eleito pelo PSL de Minas Gerais, Álvaro Antônio é investigado sob suspeita de desviar recursos de campanha por meio de candidaturas de mulheres nas eleições de 2018.

Apesar disso, o deputado mineiro foi mantido no governo por Bolsonaro sob a alegação de que não havia condenação. O presidente dizia ter um apreço especial por Álvaro Antônio, que estava com ele em Juiz de Fora (MG) quando foi atacado a faca por Adélio Bispo em um ato de campanha, em setembro de 2018.

A troca no Ministério do Turismo já era dada como certa, mas estava prevista para ocorrer apenas no início do ano. A briga com Ramos antecipou a demissão de Álvaro Antônio, que será substituído por Gilson Machado, presidente da Embratur.

Após ouvir o presidente, Álvaro Antonio demonstrou contrariedade e mais uma vez voltou a acusar Ramos de fazer as intrigas entre integrantes do governo. Apesar de ter demonstrado o descontentamento, o agora ex-ministro do Turismo disse que seguirá apoiando o governo na Câmara.

No texto enviado no grupo de WhatsApp dos ministros, revelado pela CNN e confirmado pelo Estadão, Álvaro Antônio reforçou que estava ao lado de Bolsonaro desde 2016, que participou ativamente da campanha e listou suas ações no Ministério do Turismo.

"Enfim, dito isso, não me admira o Sr Ministro Ramos ir ao PR pedir minha cabeça, a entrega do Ministério do Turismo ao Centrão para obter êxito na eleição da Câmara dos Deputados", disse.

Álvaro Antonio disse que o ministro-chefe da Secretaria de Governo entra na sala do presidente "comemorando algumas aprovações insignificantes no Congresso, mas não diz o altíssimo preço que tem custado".

"O nosso governo paga um preço de aprovações de matérias NUNCA VISTO ANTES NA HISTÓRIA, e ainda assim (na minha avaliação), não temos uma base sólida no Congresso Nacional, (tanto que o sr. pede minha cabeça pra tentar resolver as eleições do parlamento, ironia, pede minha cabeça pra suprir sua própria deficiência)", escreveu, afirmando que chegou a oferecer ajuda a Ramos na articulação.

Último discurso de Álvaro Antônio

Um dia antes de ser demitido, Álvaro Antônio participou do lançamento do Instituto Conservador-Liberal, lançado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), em um bar na Asa Sul de Brasília, e chegou a fazer um discurso. Em suas últimas horas no cargo, lembrou da aproximação com Bolsonaro, então seu colega na Câmara de Deputados.

"Uma vez sentei ao lado dele e ele falou: 'Olha, vou ser candidato a Presidente'. Falei: 'O senhor vai ser candidato a Presidente?'. 'Vou'. Aí eu falei: 'Poxa, eu vou te apoiar'. Ele falou: 'Cê é louco? Me apoiar? Quase ninguém acredita...'. Eu falei: 'Não, presidente, mas eu acredito'", contou.

Álvaro Antônio disse ainda que a eleição de Bolsonaro é "um momento espiritual no Brasil". "Porque Deus levantou o presidente Bolsonaro pra bênção dessa nação. Eu não tenho dúvida disso. Durante a caminhada, tinha tudo pra dar errado. Tudo. Não tinha tempo de televisão, não tinha recurso, não tinha dinheiro... Teve o atentado. Mas em cada detalhe, em cada momento, eu parava, olhava, e via a mão de Deus sobre a vida do presidente Bolsonaro", disse.

Leia a mensagem enviada por Álvaro Antônio no grupo de whatsapp dos ministros:

"Caros colegas, de antemão peço desculpas por utilizar este espaço com objetivo que não seja a construção de um Brasil melhor.

Ministro Ramos, sinceramente não sei onde o Sr estava nos anos 2016, 2017, 2018...

Mas eu, junto ao Ministro Onix e outros membros do governo, já estava na Câmara do Deputados articulando em favor da então candidatura do Presidente JB (em um momento que quase ninguém acreditava na eleição dele). Na ocasião da campanha, percorri TODAS as regiões do estado de MG de carro para organizar as ações da campanha, dormindo na maioria das vezes 4 / 5 horas por noite, levando as pessoas a minoria a acreditar que precisávamos dele para mudar o Brasil (a maioria naquele momento já acreditava).

Quem estava na campanha eram os conservadores que hoje o senhor ataca sem parar, de forma covarde.

Quando indicado ao Presidente pelo ministro Onix, procurei incansavelmente honrar nosso Capitão à frente do Ministério do Turismo. O trabalho me parece que surtiu efeito... Em 2019 vivemos o melhor momento da história do ministério:

- Enquanto a própria economia (PIB) cresceu 1,1% a economia do Turismo cresceu 2,6 (mais que o dobro);

- Geramos 163% a mais de empregos que o mesmo período do ano anterior;

- Com a ajuda do Itamaraty e da Assessoria Internacional do Presidente, isentamos de vistos quatro países estratégicos EUA, Japão, Canadá e Austrália, isso nos permitiu bater alguns recordes, pela primeira vez na história Cataratas do Iguaçu ultrapassou a barreira de 2 milhões de visitantes em 2019;

- A transformação da EMBRATUR em uma agência de promoção internacional (um pleito de mais de 10 anos) vai sem dúvida em médio prazo trazer grandes resultados;

- Fui a Madri em bate e volta, fiz três reuniões, resultado: Conseguimos atrair o Wakalua, o maior hub de inovação e tecnologia em soluções para o turismo do mundo, o escritório será aberto no próximo semestre (vai nos trazer GRANDES avanços);

Conseguimos atrair a Air Europa para operar no Brasil (Já homologada pela ANAC); Conseguimos atrair o Escritório da Organização Mundial do Turismo (OMT), será instalado no RJ, ação que vai colocar o Brasil na vitrine dos investimentos do turismo no mundo.

- Na pandemia as ações do Ministério do Turismo (junto ao ME) foram alvo de gratidão e reconhecimento desde os maiores empresários do Trade turístico até os mais simples Guias de Turismo.

Enfim, dito isso, não me admira o Sr Ministro Ramos ir ao PR pedir minha cabeça, a entrega do Ministério do Turismo ao Centrão para obter êxito na eleição da Câmara dos Deputados.

Ministro Ramos, o Sr entra na sala do PR comemorando algumas aprovações insignificantes no Congresso, mas não diz o ALTÍSSIMO PREÇO que tem custado, conheço de parlamento, o nosso governo paga um preço de aprovações de matérias NUNCA VISTO ANTES NA HISTÓRIA, e ainda assim (na minha avaliação), não temos uma base sólida no Congresso Nacional, (tanto que o Sr pede minha cabeça pra tentar resolver as eleições do parlamento, ironia, pede minha cabeça pra suprir sua própria deficiência)...

Nem por isso Ministro Ramos, fui ao PR pra dizer que o Sr não capacidade pra atuar em tal função, AO CONTRÁRIO, várias vezes ofereci ajuda pra que o Sr tivesse êxito em suas atribuições (ex: Contratação do Carlos Henrique, abrindo espaços no MTur).

SOMOS UM TIME PELO BRASIL, o Sr deveria ter aprendido na sua própria formação militar que não se joga um companheiro de guerra aos inimigos, não se pode atirar na cabeça de um aliado...

Ministro Ramos, o Sr é exemplo de tudo que não quero me tornar na vida, quero chegar ao fim da minha jornada EXATAMENTE como meus pais me ensinaram, LEAL aos meus companheiros e não um traíra como o senhor.

Tenha um Bom dia!"

Estadão
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