Datafolha: maioria dos brasileiros vê Forças Armadas envolvidas em irregularidades de Bolsonaro
Pesquisa mostra que 61% dos entrevistados têm a percepção de que oficiais militares estão envolvidos nas investigações em que o ex-presidente é alvo, como caso das joias
A maior parte dos brasileiros não crê na integridade das Forças Armadas durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). É o que mostra uma pesquisa do Datafolha publicada neste sábado, 16. Segundo o levantamento, 61% dos brasileiros acredita que oficiais militares estiveram envolvidos em alguma irregularidade na gestão passada. Um quarto dos entrevistados pensa o oposto e 14% não soube opinar.
O ex-ajudante de ordens Mauro Cesar Barbosa Cid é considerado uma peça central no caso. Ele foi preso no dia 3 de maio, quando a PF deflagrou uma operação em busca de provas para a investigação de fraude nos cartões de vacinação de Bolsonaro e sua filha Laura. O tenente-coronel foi incluído depois na investigação das joias sauditas.
Ele deixou a prisão no sábado passado, 9, depois do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes homologar um acordo de delação premiada que Cid fez com a PF. Os termos desse acordo permanecem sob sigilo, mas, de acordo com a Revista Veja, ele teria confessado que entregou nas mãos de Bolsonaro dinheiro vivo oriundo da venda de joias.
Tanto o pai, Mauro Cesar Lourena Cid, quanto o filho, Mauro Cesar Barbosa Cid, são militares, assim como o ex-ajudante de ordens Osmar Crivelatti.
Cerco fechado
Depois do fim do governo Bolsonaro, o cerco tem se fechado em torno dos militares que se envolveram em seu governo. Há membros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica investigados e citados em apurações da Polícia Federal.
Além dos envolvidos no caso das joias sauditas e na fraude dos cartões de vacinação, esta semana o vice de Bolsonaro na chapa das últimas eleições, general Walter Braga Netto, viu sua pré-candidatura à prefeitura do Rio em risco por causa de uma operação da Polícia Federal em um inquérito no qual ele figura como investigado.
Apesar de citado, Braga Netto não foi alvo das buscas desta terça-feira, 12, no bojo de um inquérito que apura desvios de verbas públicas na compra de coletes balísticos durante a intervenção militar no Rio de Janeiro, que se deu no governo de Michel Temer (MDB). O general era o chefe do gabinete de intervenção e publicou uma nota nas redes sociais negando todas as acusações.