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Política

Marçal é expulso após ataque a Nunes, marqueteiro leva soco e debate do Flow termina em confusão

Candidato do PRTB usou última fala para dizer que prenderá prefeito caso seja eleito; mediador o interrompeu, ele insistiu e marqueteiro Duda Lima foi atingido por um soco após empurra-empurra com assessores do ex-coach

23 set 2024 - 17h10
(atualizado às 23h46)
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O candidato Pablo Marçal (PRTB) foi expulso do debate do Flow realizado na noite desta segunda-feira, 23, após atacar o prefeito Ricardo Nunes (MDB) em sua última fala. Ele teve o microfone cortado pelo mediador, insistiu em dizer que prenderá o prefeito caso seja eleito e foi expulso por Carlos Tramontina. Em seguida, houve uma confusão não captada totalmente pela transmissão. Segundo Tramontina, um assessor do prefeito, o marqueteiro Duda Lima, levou um soco no rosto e saiu sangrando. O debate foi encerrado.

A candidata Marina Helena (Novo) e seu coordenador de campanha, Leandro Narloch, que estavam no estúdio, disseram que o autor da agressão foi um assessor de Marçal. Outras pessoas que estavam presentes afirmam o mesmo. Imagens registradas pela equipe de outra candidata mostram Duda Lima sangrando. O candidato do PRTB alega que houve provocação por parte de Lima.

Marçal cumpriu a exigência de não chamar os adversários por apelidos, mas em sua última fala, já nas considerações finais, se referiu ao prefeito como "Bananinha" e disse que ele seria preso pela Polícia Federal "por causa das merendas".

Fora das câmeras, Nunes perguntou se iria "ficar por isso mesmo". Marçal insiste no discurso, é advertido duas vezes e em seguida expulso por Tramontina. Neste momento, é possível ouvir um barulho de confusão e, por alguns segundos, são captadas imagens de pessoas se empurrando. Uma pessoa diz "esse cara tem que sair preso".

O clima do encontro era morno devido às regras do debate, que não permitia enfrentamento direto entre os candidatos. Antes, no entanto, houve confusão. O Estadão apurou que Marçal levou mais pessoas para o estúdio do que o permitido pelas regras. A organização confirmou a informação, mas disse que o atraso de mais de meia hora não estava relacionado a isso. Marçal e Nunes há haviam se envolvido em um bate-boca antes do início do debate.

Clima era morno antes de agressão

O formato do debate favoreceu dobradinhas entre os candidatos, principalmente entre Guilherme Boulos (PSOL) e José Luiz Datena (PSDB) e Marçal e Marina Helena (Novo). Em uma delas, o ex-coach, que busca o eleitorado bolsonarista para ir ao segundo turno e viu Nunes crescer neste segmento nas últimas semanas, defendeu a gestão de Jair Bolsonaro (PL) na pandemia.

"Eu imagino que ele [Bolsonaro] fez tudo que fez tentando acertar. Defendo a saúde e os especialistas, mas a politização que foi feita nesse assunto foi nojenta", disse Marçal, se posicionando contra o passaporte de vacinação. Oficialmente, o ex-presidente apoia Nunes, que também fez acenos à base de eleitores do ex-presidente ao dizer na semana passada que errou ao exigir comprovante de vacinação na capital paulista.

Calmo a maior parte do tempo, Datena foi advertido após se irritar novamente com Marçal, que fez uma menção implícita à denúncia de assédio sexual contra o tucano. Se na TV Cultura a provocação resultou na cadeirada, desta vez a situação não escalou.

"Eu fui agredido de forma subliminar mais uma vez por um bandido condenado, pioneiro em crimes virtuais de assalto a banco, a velhinhos, me condena mais uma vez de uma forma brutal por um caso investigado pela polícia e arquivado pela Justiça", disse Datena, relatando que sua mulher já foi atacada por um estuprador em Ribeirão Preto (SP). "E da boca suja desse bandido, condenado, eu sou obrigado a ouvir barbáries", continuou.

No único direito de resposta concedido no debate, Marçal, cuja condenação no caso prescreveu, se defendeu. "Eu nunca toquei nada de ninguém, não tinha dinheiro nem pra pagar advogados, pra mim foi uma relação de trabalho, eles gostam de me acusar disso porque fazem parte de um consórcio comunista do Brasil", disse.

Os ataques mais ácidos contra o prefeito partiram de Datena e de Marçal, que chamou Nunes de "estepe" em alusão ao fato de que o atual prefeito assumiu o cargo após o falecimento de Bruno Covas, em 2021. O influenciador também criticou a atual gestão, afirmando que o prefeito não concluiu as obras de mobilidade urbana.

"Essa é uma gestão que é estepe, uma gestão que o estepe que foi colocado, é um estepe que tá furado e de fato a gente só pode chamar de prefeito quem foi eleito prefeito quem foi eleito vice-prefeito continua eternamente vice-prefeito", disse o candidato do PRTB.

Já Datena citou o caso de uma criança que morreu porque foi esquecida em uma van que fazia transporte escolar. "A criança perdeu a vida ali dentro e foi esquecida pela pessoas que estava usando essa van com o nome da prefeitura, trabalhando para a prefeitura", disse.

Na resposta, Nunes disse que sua gestão universalizou a oferta de creches para todas as crianças. "Nós temos o transporte gratuito para todas as crianças, inclusive para bebês", respondeu o atual prefeito, que aproveitou a deixa para propor que mães não paguem passagem de ônibus ao buscar ou levar os filhos para as creches.

O prefeito também mencionou ações para acessibilidade de pessoas com deficiência adotadas por sua gestão. Entre elas, a oferta de atividades culturais e esportivas aos finais de semana nos Centros Educacionais Unificados (CEUs). "Tirolesas onde você, inclusive, faz a tirolesa com a sua cadeira de roda. É algo muito bacana", declarou.

Boulos aproveitou a pergunta de uma eleitora para criticar a gestão do transporte público. O candidato do PSOL afirmou que a frota de ônibus diminuiu e o subsídio pago às empresas, aumentou. "Pra onde está indo esse dinheiro? Infelizmente, tem denúncia de ligação de alguma dessas empresas, que receberam R$ 1 bilhão da Prefeitura, com o crime organizado", disse.

Nunes também foi alvo de críticas de Tabata Amaral (PSB), mas citou cidades governadas pelo PSOL de Boulos e por João Campos (PSB), namorado da deputada, para se defender. A candidata criticou a taxa de alfabetização das crianças da rede municipal e os resultados da capital paulista no último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

"Não é a primeira vez que vejo Nunes culpar a pandemia", disse ela, após o prefeito citar as dificuldades enfrentadas entre 2020 e 2021. "O Brasil conseguiu se recuperar, mas São Paulo ficou para trás. É a primeira vez na história que São Paulo não está entre as 10 primeiras capitais", declarou a candidata do PSB.

"A média das cidades nos anos finais do ensino fundamental foi de 4,6. A nossa foi de 4,8. Nossos dados são melhores que Recife [cujo prefeito é Campos] e Belém [administrada pelo PSOL], por exemplo", disse ele.

Tabata e Marçal criticam decisões da Justiça Eleitoral na chegada ao debate

Datena e Boulos foram os primeiros a chegar para o debate promovido pelo Grupo Flow a partir nesta segunda-feira, 23. O tucano não falou com a imprensa. Boulos, por sua vez comemorou o resultado da pesquisa AtlasIntel, que o coloca com 28,3% das intenções de voto, 7,4 pontos percentuais à frente de Nunes e Marçal.

Nunes, que disse que não iria participar porque tinha outros compromissos, mas mudou de ideia na manhã desta segunda-feira, declarou estar otimista com o formato do debate.

"Eu acho que a gente pode ter uma possibilidade de discussão maior sobre cidade. Eu creio que discutir os temas que estão colocados lá, se não me engano, saúde, habitação, segurança, acessibilidade, mobilidade, a gente vai poder ir no ponto daquela pergunta específica sobre os assuntos. E assim ter uma amplitude sobre os temas da cidade", avaliou o prefeito.

Marçal avaliou em sua chegada que o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) está dividido, mas que a "censura continua" pois ele é perseguido "pelo sistema". O tribunal manteve na tarde desta segunda-feira, 23, a suspensão das redes sociais do influenciador por 4 votos a 3. A decisão ocorre diante da suspeita de abuso de poder econômico já que ele teria pago usuários para produzir "cortes" de suas falas e divulgar os vídeos nas redes sociais.

Tabata Amaral, assim como o adversário, criticou a decisão da Justiça Eleitoral que mandou ela apagar três vídeos em que chamava Marçal de "palhaço" e "criminoso". "Houve um entendimento temporário hoje, não é o entendimento final ainda, de que eu não posso chamar o Marçal de criminoso. Eu discordo. Eu estou falando de um homem que foi condenado e preso por fazer parte da maior quadrilha de fraudes bancárias do Brasil", disse ela.

Debate UOL/Rede TV - Ricardo Nunes, Guilherme Boulos, Pablo Marçal, Luiz Datena, Tabata Amaral e Marina Helena - Fotos: Taba Benedicto/Estadão
Debate UOL/Rede TV - Ricardo Nunes, Guilherme Boulos, Pablo Marçal, Luiz Datena, Tabata Amaral e Marina Helena - Fotos: Taba Benedicto/Estadão
Foto: Taba Benedicto/Estadão / Estadão

Dos sete debates realizados até agora, apenas um contou com a ausência de convidados: Nunes, Boulos e Datena não compareceram ao terceiro debate da campanha, promovido pela revista Veja.

O debate desta noite estava inicialmente previsto para ocorrer na Faculdade de Direito da USP, mas estudantes convocaram uma manifestação contra a presença de Nunes e Marçal. Com isso, o evento teve seu local alterado duas vezes: primeiro para o Centro de Difusão Internacional da USP e, finalmente, para o Esporte Clube Sírio. Até o fim do primeiro turno, os candidatos deverão participar de 11 debates, o que representa um recorde na história das eleições municipais de São Paulo.

A limitação de confronto direto é uma novidade do debate do Flow, em uma campanha marcada pela constante revisão e alteração das regras dos debates a cada novo evento, especialmente após incidentes em edições anteriores. Após José Luiz Datena agredir Pablo Marçal com uma cadeira durante o debate da TV Cultura, por exemplo, o debate seguinte, na RedeTV! tomou precauções inusitadas, como fixar as cadeiras no chão do estúdio para evitar novas confusões.

Estadão
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