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Política

Debate Flow tem bate-boca nos bastidores, mas discussão morna em frente às câmeras ; acompanhe

Pablo Marçal e Ricardo Nunes discutiram nos corredores, mas formato sem embates diretos incentiva parcerias entre candidatos para criticar gestão do prefeito e governo Lula

23 set 2024 - 17h10
(atualizado às 22h12)
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O debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo promovido pelo Flow Podcast teve confusão e bate-boca nos bastidores e mais de 30 minutos de atraso, mas um clima morno e dobradinha entre candidatos em frente às câmeras. Nem mesmo quando Pablo Marçal (PRTB) e José Luiz Datena (PSDB), que protagonizaram o episódio da cadeirada no penúltimo encontro, subiram o tom quando dividiram o púlpito. Não há embates diretos no formato escolhido: os candidatos são sorteados para responderem ou comentarem as respostas dos adversários às perguntas feitas por especialistas e pela população.

O Estadão apurou que Marçal levou mais pessoas para o estúdio do que o permitido pelas regras. A organização confirmou a informação, mas disse que o atraso não estava relacionado a isso e não apresentou outra justificativa. Antes disso, Marçal e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) discutiram nos corredores, com troca de acusações.

Com dois blocos sem emoções, a gestão de Nunes se tornou o principal alvo dos adversários em temas como educação, assistência social e mobilidade urbana. O modelo do debate também incentivou dobradinhas entre os candidatos, seja entre Guilherme Boulos (PSOL) e Datena contra o prefeito ou de Marçal e Marina Helena (Novo) contra o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Os ataques mais ácidos contra o prefeito partiram do tucano e do influenciador, que chamou Nunes de "estepe" em alusão ao fato de que o atual prefeito assumiu o cargo após o falecimento de Bruno Covas, em 2021. Marçal também criticou a atual gestão, afirmando que Nunes não concluiu as obras de mobilidade urbana.

"Essa é uma gestão que é estepe, uma gestão que o estepe que foi colocado, é um estepe que tá furado e de fato a gente só pode chamar de prefeito quem foi eleito prefeito quem foi eleito vice-prefeito continua eternamente vice-prefeito", disse o candidato do PRTB.

Já Datena citou o caso de uma criança que morreu porque foi esquecida em uma van que fazia transporte escolar. "A criança perdeu a vida ali dentro e foi esquecida pela pessoas que estava usando essa van com o nome da prefeitura, trabalhando para a prefeitura", disse.

Na resposta, Nunes disse que sua gestão universalizou a oferta de creches para todas as crianças. "Nós temos o transporte gratuito para todas as crianças, inclusive para bebês", respondeu o atual prefeito, que aproveitou a deixa para propor que mães não paguem passagem de ônibus ao buscar ou levar os filhos para as creches.

Boulos aproveitou a pergunta de uma eleitora para criticar a gestão do transporte público. O candidato do PSOL afirmou que a frota de ônibus diminuiu e o subsídio pago às empresas, aumentou. "Pra onde está indo esse dinheiro? Infelizmente, tem denúncia de ligação de alguma dessas empresas, que receberam R$ 1 bilhão da Prefeitura, com o crime organizado", disse.

Nunes vira alvo e cita gestões do PSOL e de namorado de Tabata; Marçal relativiza vacinação

Boulos e Datena se juntaram para criticar como a atual administração lida com pessoas em situação de rua. Segundo dados da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), há 80 mil pessoas nessa situação atualmente na capital paulista.

"Datena tem razão, é preciso melhorar os abrigos", disse o candidato do PSOL. "Boulos tem razão, eu assino embaixo", respondeu o tucano sobre a proposta do adversário de construir moradias e qualificar profissionalmente essas pessoas para que elas encontrem um emprego e melhorem suas situações. Datena também defendeu aumentar o auxílio-aluguel.

Nunes também foi alvo de críticas de Tabata Amaral (PSB). Ela criticou a taxa de alfabetização das crianças da rede municipal e os resultados da capital paulista no último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

"Não é a primeira vez que vejo Nunes culpar a pandemia", disse ela, após o prefeito citar as dificuldades enfrentadas entre 2020 e 2021. "O Brasil conseguiu se recuperar, mas São Paulo ficou para trás. É a primeira vez na história que São Paulo não está entre as 10 primeiras capitais", declarou a candidata do PSB.

Antes, Nunes havia justificado que o resultado de São Paulo foi melhor que Belém (PA), cidade governada pelo PSOL de Boulos, e que Recife (PE), município administrado por João Campos (PSB), namorado de Tabata. "A média das cidades nos anos finais do ensino fundamental foi de 4,6. A nossa foi de 4,8. Nossos dados são melhores que Recife e Belém, por exemplo", disse ele.

Marçal relativiza vacinação e Marina Helena cobra governo Lula sobre dengue

Em outra dobradinha durante o debate, desta vez sobre saúde, Marina Helena e Marçal criticaram o governo Lula, afirmando que a gestão petista deixou vacinas contra a dengue vencerem. Tanto a candidata do Novo quanto o candidato PRTB afirmaram que o tema da vacina foi politizado durante a pandemia de covid-19.

Marçal chegou a dizer que houve exagero em São Paulo, onde a "população foi vacinada em massa". Para ele, a política adotada na época foi equivocada, alegando que o processo de validação de uma vacina leva 14 anos e se posicionando contra o passaporte da vacinação, que exigiu que pessoas comprovassem que foram imunizadas.

"Eu imagino que ele [Bolsonaro] fez tudo que fez tentando acertar. Defendo a saúde e os especialistas, mas a politização que foi feita nesse assunto foi nojenta", disse Marçal.

Tabata e Marçal criticam decisões da Justiça Eleitoral na chegada ao debate

Datena e Boulos foram os primeiros a chegar para o debate promovido pelo Grupo Flow a partir nesta segunda-feira, 23. O tucano não falou com a imprensa. Boulos, por sua vez comemorou o resultado da pesquisa AtlasIntel, que o coloca com 28,3% das intenções de voto, 7,4 pontos percentuais à frente de Nunes e Marçal.

Nunes, que disse que não iria participar porque tinha outros compromissos, mas mudou de ideia na manhã desta segunda-feira, declarou estar otimista com o formato do debate.

"Eu acho que a gente pode ter uma possibilidade de discussão maior sobre cidade. Eu creio que discutir os temas que estão colocados lá, se não me engano, saúde, habitação, segurança, acessibilidade, mobilidade, a gente vai poder ir no ponto daquela pergunta específica sobre os assuntos. E assim ter uma amplitude sobre os temas da cidade", avaliou o prefeito.

Marçal avaliou em sua chegada que o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) está dividido, mas que a "censura continua" pois ele é perseguido "pelo sistema". O tribunal manteve na tarde desta segunda-feira, 23, a suspensão das redes sociais do influenciador por 4 votos a 3. A decisão ocorre diante da suspeita de abuso de poder econômico já que ele teria pago usuários para produzir "cortes" de suas falas e divulgar os vídeos nas redes sociais.

Tabata Amaral, assim como o adversário, criticou a decisão da Justiça Eleitoral que mandou ela apagar três vídeos em que chamava Marçal de "palhaço" e "criminoso". "Houve um entendimento temporário hoje, não é o entendimento final ainda, de que eu não posso chamar o Marçal de criminoso. Eu discordo. Eu estou falando de um homem que foi condenado e preso por fazer parte da maior quadrilha de fraudes bancárias do Brasil", disse ela.

Debate UOL/Rede TV - Ricardo Nunes, Guilherme Boulos, Pablo Marçal, Luiz Datena, Tabata Amaral e Marina Helena - Fotos: Taba Benedicto/Estadão
Debate UOL/Rede TV - Ricardo Nunes, Guilherme Boulos, Pablo Marçal, Luiz Datena, Tabata Amaral e Marina Helena - Fotos: Taba Benedicto/Estadão
Foto: Taba Benedicto/Estadão / Estadão

Dos sete debates realizados até agora, apenas um contou com a ausência de convidados: Nunes, Boulos e Datena não compareceram ao terceiro debate da campanha, promovido pela revista Veja.

O debate desta noite estava inicialmente previsto para ocorrer na Faculdade de Direito da USP, mas estudantes convocaram uma manifestação contra a presença de Nunes e Marçal. Com isso, o evento teve seu local alterado duas vezes: primeiro para o Centro de Difusão Internacional da USP e, finalmente, para o Esporte Clube Sírio. Até o fim do primeiro turno, os candidatos deverão participar de 11 debates, o que representa um recorde na história das eleições municipais de São Paulo.

A limitação de confronto direto é uma novidade do debate do Flow, em uma campanha marcada pela constante revisão e alteração das regras dos debates a cada novo evento, especialmente após incidentes em edições anteriores. Após José Luiz Datena agredir Pablo Marçal com uma cadeira durante o debate da TV Cultura, por exemplo, o debate seguinte, na RedeTV! tomou precauções inusitadas, como fixar as cadeiras no chão do estúdio para evitar novas confusões.

Estadão
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