Delator diz que propina investida rendeu US$ 27 milhões
Ex-gerente fez acordo para devolver US$ 97 milhões de contas no exterior; ele ganhava salário anual de R$ 1,2 milhão
Em depoimento à CPI da Petrobras da Câmara dos Deputados, o ex-gerente de Serviços da estatal Pedro Barusco disse nesta terça-feira (10) que, dos US$ 97 milhões que vai devolver aos cofres públicos, US$ 70 milhões foram de propina arrecadada desde 1997 e outros US$ 27 milhões foram rendimentos do montante investido. Um dos delatores da Operação Lava Jato, Barusco disse ter gastado menos de US$ 1 milhão do dinheiro que recebeu ilicitamente, para viagens e tratamentos de saúde.
“Eu recebia esse dinheiro, que era aplicado. Então eu separei em depósitos, o que seria a propina, e o rendimento financeiro. A propina nunca foi retirada. Eu retirei menos de 1 milhão de dólares”, disse.
Na CPI, Barusco reafirmou que começou a receber propina por iniciativa pessoal em 1997, da empresa holandesa SBM Offshore, que tinha contratos com a Petrobras. Entre 2003 e 2004, a corrupção passaria a ser “institucionalizada”, relatou.
Barusco, que recebia um salário de R$ 1,2 milhão anual como gerente de Serviços da Petrobras, ganhava parte do percentual de propina de contratos da diretoria, controlada por Renato Duque. De acordo com sua versão, 1% era encaminhado para o PT, representado pelo tesoureiro João Vaccari Neto.
Apesar de ter ficado inicialmente feliz com a arrecadação nas contas do exterior, Barusco se disse aliviado por repatriar o montante. ”Estou aliviado por estar ajudando na repatriação. Eu não recomendo para ninguém. É muito doloroso”, disse.