Script = https://s1.trrsf.com/update-1730403943/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Política

DEM decide dar o pontapé inicial para fusão com PSL

Decisão foi aprovada por unanimidade; dirigentes pretendem oficializar em outubro o processo, que pode levar à maior bancada da Câmara

22 set 2021 - 12h33
(atualizado às 12h58)
Compartilhar
Exibir comentários
Presidente do DEM, ACM Neto
Presidente do DEM, ACM Neto
Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

A Executiva Nacional do DEM se reuniu na noite desta terça-feira (21) e deu o primeiro passo para a fusão com o PSL. O início das discussões para se unir ao partido foi aprovado por 40 votos favoráveis e nenhum contrário. Participaram do encontro líderes nacionais do DEM, como o presidente da sigla, ACM Neto, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), e o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta.

O objetivo de dirigentes dos dois partidos é oficializar a fusão até outubro. Depois da reunião da Executiva, o DEM vai convocar para o próximo mês um encontro do Diretório Nacional, instância que tem mais integrantes, para votar internamente se vai embarcar no projeto de união com a outra legenda. Dentro do PSL também estão marcadas reuniões para debater o assunto, mas lá a fusão já está pacificada.

"Depois que vota isso (no Diretório Nacional do DEM) só tem parte burocrática mesmo. A ideia é ver se a gente consegue concluir isso agora em setembro ou outubro", afirmou o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta ao Estadão. Mandetta é pré-candidato a presidente pelo DEM. Articuladores da fusão avaliam que a oficialização pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai acontecer até fevereiro do ano que vem.

Se concretizado, o novo partido terá a maior bancada da Câmara, com 81 deputados, além de sete senadores, três governadores, o maior tempo de rádio e televisão na campanha de 2022 e os maiores fundos eleitoral e partidário. A presidência do partido deve ficar com Luciano Bivar, atual presidente do PSL, e a secretaria-geral com ACM Neto, presidente do DEM.

A união é vantajosa para o DEM por causa do aumento do fundo partidário e eleitoral. Para o PSL, os principais atrativos são a capilaridade regional e estrutura que a outra sigla pode oferecer.

Apesar dos avanços, para ser confirmada a fusão é preciso ajustar conflitos regionais. Estados como Rio, São Paulo e Pernambuco ainda não têm consenso sobre qual grupo político vai exercer o comando.

"Não se faz uma fusão sem que vários pontos sejam levantados. Algumas são resistências regionais por conta de sobreposição de projetos. O PSL estava pensando em um projeto com A e o DEM naquele estado estava pensando com B", explicou Mandetta.

O ex-ministro também afirmou que é preciso definir a governança do novo partido e disse que isso vai requerer debates. Para o político do DEM, detalhes como nome e o número da legenda serão as últimas coisas a serem definidas. Para ajudar na decisão desses detalhes, os articuladores da fusão contrataram uma pesquisa, que começou a rodar na segunda-feira (20).

"Tem, em um primeiro momento, uma boa vontade. Agora tem que ver como é a governança do novo partido, como delibera. O DEM é um partido muito de colegiado, o PSL é muito concentrado", afirmou o ex-ministro da Saúde.

O ex-ministro da Educação Mendonça Filho (DEM) também afirmou que o aval dado pela Executiva Nacional representa o início do processo e que a fusão ainda vai passar por debates.

De acordo com políticos a par da união dos dois partidos, o líder da bancada na Câmara deve ser o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA). Elmar comanda as articulações para definir a fusão nos estados e é aliado próximo de ACM Neto.

O novo partido também quer atrair políticos insatisfeitos com as suas legendas e antecipar os efeitos da janela de troca partidária, período em que os eleitos para cargos em pleitos proporcionais - deputados federais, estaduais e vereadores - podem sair de suas siglas sem o risco de perderem o mandato. A janela está prevista para acontecer em março do ano que vem. Pelas regras eleitorais, um deputado pode trocar de partido fora da janela sem perder o mandato se a nova legenda escolhida for resultado de uma fusão.

Antes mesmo da oficialização da nova legenda, o deputado Celso Sabino saiu do PSDB e anunciou na semana passada que vai para o PSL. Sabino entrou em conflito com o comando tucano por conta da proximidade dele com o Centrão, que é base do governo de Jair Bolsonaro. O PSDB anunciou no início de setembro que é oposição ao governo. Outro insatisfeito com a legenda pela proximidade com o governo, o senador Márcio Bittar (MDB-AC) também afirmou a aliados que vai sair do MDB para se filiar ao partido resultante da fusão do DEM com o PSL.

Os organizadores da fusão também esperam filiar os deputados Felipe Rigoni (PSB-ES), Pedro Lucas Fernandes (PTB-MA), Clarissa Garotinho (Pros-RJ), Daniela do Waguinho (MDB-RJ) e Capitão Wagner (Pros-CE), todos em conflito com suas respectivas legendas.

Por outro lado, também é esperada a desfiliação dos deputados ligados ideologicamente ao presidente Jair Bolsonaro. O grupo bolsonarista do PSL tem sido deixado de fora das conversas sobre a fusão.

"Eles não têm o que aceitar ou não aceitar. Eles seguem o projeto do presidente da República. Não tem poder de decisão no partido", disse o deputado Júnior Bozzella (SP), segundo vice-presidente nacional do PSL. Para Bozzella, 25 deputados bolsonaristas devem sair do partido quando Bolsonaro definir por qual sigla concorrerá à reeleição. Mandetta também reprova o grupo bolsonarista do PSL. "Não dá. É jacaré com cobra d'água", criticou o ex-ministro de Bolsonaro, que rompeu com o presidente ao sair do cargo.

A ideia é que o partido não apoie a reeleição de Bolsonaro. Procurando ter noção do tamanho do grupo adversário, o Palácio do Planalto acompanha as movimentações para a fusão. O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, tem se informado com o vice-presidente do PSL, Antonio Rueda, sobre o processo.

Além de Mandetta, o novo partido trabalha com as candidaturas ao Planalto do apresentador José Luiz Datena, que está filiado ao PSL, e com a do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. O mineiro tem sido sondado para se filiar ao PSD, mas o comando do DEM tem usado a fusão e o tamanho do novo partido para tentar impedir isso.

O presidente do Senado participou nesta terça de uma solenidade no Congresso em comemoração aos dez anos do PSD. Perguntado se poderia se filiar ao partido presidido por Gilberto Kassab, Pacheco evitou responder e disse que prefere acompanhar o desfecho da fusão entre DEM e PSL antes de decidir. "Estamos avaliando. Partido (DEM) que eu gosto de estar, tenho grande respeito pelo partido. Estamos discutindo todas essas questões. Tem essa possibilidade de fusão. Então vamos dar tempo ao tempo", declarou.

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade