Dia 2 da gestão Lula em 7 cenas; afago em ministro bolsonarista, volta do segredo e o velório do Rei
Enquanto o presidente Lula foi a Santos para o velório de Pelé, em Brasília mais ministros tomaram posse
BRASÍLIA - O segundo dia útil do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou com uma pausa. O petista suspendeu compromissos na capital federal e foi para Santos participar do velório de Pelé. Enquanto isso, Brasília seguiu em ritmo de posse de ministros. Se no primeiro dia foram 19, no segundo, mais oito escolhidos por Lula assumiram seus postos.
Direitos Humanos, Trabalho, Cidades e Transportes estão entre as pastas que, agora, já têm chefe. Ao assumir a Pasta que, na gestão Bolsonaro, já foi de Damares Alves, o novo ministro de Direitos Humanos, Silvio Almeida, anunciou que os atos da antecessora que, segundo ele, estimularam ódio serão revogados.
Do QG do Exército veio o anticlímax de festa: o Comando da Força decidiu manter sigilo sobre o processo que investigou a participação do general e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello num ato político sem autorização do comandante em maio de 2021.
A seguir, o dia 2 do governo Lula em sete cenas:
O paradoxo dos juros
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apontou para os juros. Nesta terça, 3, disse que o Brasil vive hoje o paradoxo de ter uma inflação menor do que a dos Estados Unidos. Mas, também tem juros altíssimos. "Olha o paradoxo que estamos vivendo! Uma situação completamente anômala: uma inflação comparativamente baixa e uma taxa de juros real fora de propósito para uma economia que já vem desacelerando", afirmou, numa entrevista de uma hora a um portal.
"Vocês existem e são valiosos para nós"
Ao tomar posse como ministro de Direitos Humanos, o jurista Silvio Almeida prometeu revogar atos de Damares Alves, ministra no governo Bolsonaro. Ele destacou a importância de todas as minorias e foi citando uma a uma seguido de uma saudação: "Vocês existem e são valiosos para nós".
PF bate à porta de Zambelli
A Polícia Federal amanheceu fazendo uma operação de busca e apreensão. Os alvos: endereços da deputada federal Carla Zambelli (PL) em São Paulo e em Brasília. Por ordem do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), foram apreendidas duas pistolas e uma arma de coleção. A deputada já havia entregado a arma usada para perseguir um homem na véspera do segundo turno da eleição.
No velório do rei Pelé
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viajou a Santos para participar do velório de Pelé. Ficou lá por apenas 20 minutos. Estava acompanhado da esposa, Janja, e do ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB). Antes, gravou um vídeo para o Santos e homenageou o atleta do século XX: "Pelé nunca ficou mascarado, nunca ficou de nariz empinado. Ninguém pode ser comparado ao Pelé".
Ministro de Bolsonaro convidado para voltar?
Ex-governador de Alagoas, filho do senador Renan Calheiros, Renan Filho assumiu o Ministério dos Transportes. Até o momento foi o único a tomar posse numa transmissão de cargo com integrante do governo Bolsonaro, o ex-ministro Marcelo Sampaio. Na solenidade, Renan Filho elogiou o servidor de carreira que é genro do general Luiz Eduardo Ramos, ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência do governo Bolsonaro. "Se cansar da iniciativa privada, e eu sei que será logo, porque o serviço público é apaixonante, esse ministério estará de portas abertas para a sua volta", convidou Renan Filho.
Exército insiste em 100 anos de sigilo
O Comando do Exército negou acesso a um pedido de acesso ao processo que apurou a participação do general Eduardo Pazuello num ato político-eleitoral em 2021, sem autorização do comandante. Os documentos foram colocados em sigilo pelo governo Bolsonaro. Já na gestão petista, o Exército preferiu manter como está, apesar da promessa de Lula de abrir todos os segredos do antecessor.
Romero Jucá de volta ao Planalto Central
O ex-senador Romero Jucá, alvo de investigações da Polícia Federal, voltou à cena política brasiliense. Estava entre as autoridades na posse do ministro da Integração Nacional Waldez de Goés. Jucá foi ministro da Previdência do governo Lula, em 2005, e líder dos governos Dilma Rousseff e Michel Temer no Senado. Ficou um mês no Ministério do Planejamento, em 2016, durante o governo Temer, mas caiu após divulgação de uma ligação na qual cita "um grande acordo nacional" para conter o avanço da Operação Lava Jato.
A posse do ministro Waldez Góes no Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional contou com a presença de lideranças atuais e antigas do Congresso.
Davi Alcolumbre, fiador da indicação, Luciano Bivar e Romero Jucá estiveram na cerimônia. pic.twitter.com/EntwllIXuX
— julia affonso (@julia_affonso_) January 3, 2023