Dilma anuncia nomes de 13 ministros para seu 2º mandato
Depois de muita negociação, a presidente Dilma Rousseff anunciou nesta terça-feira os nomes de 13 ministros para compor seu novo gabinete no segundo mandato e acomodar aliados que a ajudaram nas eleições e também nas votação do Congresso Nacional.
O PMDB, maior partido da base e sigla do vice-presidente da República, Michel Temer, ampliou o número de ministérios de cinco para seis. O partido deixa de controlar o Ministério da Previdência, mas deterá o controle da Secretaria dos Portos e do Ministério da Pesca.
Segundo nota divulgada pela Secretaria de Imprensa da Presidência, entre os nomes indicados está o do senador Eduardo Braga (PMDB-AM) para a pasta de Minas e Energia e do deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS) para a Secretaria de Aviação Civil.
A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) foi a escolhida para a Agricultura. O deputado Edinho Araújo (PMDB-SP) assumirá a Secretaria de Portos e o filho do senador Jader Barbalho (PMDB-PA), Helder Barbalho, foi indicado para o Ministério da Pesca. Vinícius Lages (PMDB) permanece na pasta do Turismo.
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RR), que não terá mandato de deputado no próximo ano e não se elegeu ao governo de seu Estado, era ventilado como um dos possíveis ministeriáveis. Mais cedo nesta terça-feira, no entanto, divulgou nota afirmando que pediu a Temer para desconsiderar seu nome para o novo gabinete de Dilma até que seja esclarecida a citação de seu nome em delação premiada de investigação da Polícia Federal sobre irregularidades na Petrobras.
O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), foi indicado para o Ministério da Defesa, enquanto o ministro Aldo Rebelo (PCdoB) deixa a pasta do Esporte para assumir o Ministério da Ciência e Tecnologia. O deputado George Hilton (PRB-MG) irá substituir Rebelo no Esporte.
O ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, presidente do PSD, sigla que passou a apoiar formalmente a presidente nas eleições deste ano, foi anunciado para o Ministério das Cidades. Já o governador do Ceará, Cid Gomes (Pros), vai para a Educação.
A pedagoga Nilma Lino Gomes assumirá a Secretaria de Igualdade racial, enquanto o secretário-executivo da Casa Civil, Valdir Simão, foi indicado para a Controladoria-Geral da União (CGU). Dilma passou o dia conversando sobre os indicados, interrompendo montagem de seu novo ministério apenas para participar de confraternização de fim de ano com ministros.
A presidente tratou do assunto com Michel Temer na segunda e ainda nesta terça de manhã, para acertar os últimos pontos do anúncio feito à noite. Os novos ministros tomam posse no dia 1º de janeiro.
Na segunda-feira, em café da manhã com jornalistas, Dilma disse que iria consultar o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para saber se nomes cotados para os ministérios poderiam vir a ser indiciados no âmbito da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga um suposto esquema de corrupção na Petrobras que teria beneficiado políticos e partidos.
O procurador-geral, porém, negou o pedido do governo para que revelasse os nomes de políticos citados nos depoimentos de delação premiada, informou nesta terça-feira o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Veja a seguir informações sobre os indicados:
Jaques Wagner (PT-BA), Ministério da Defesa
Experiente e hábil negociador político, o governador da Bahia, Jaques Wagner, retorna à Esplanada dos Ministérios depois de oito anos para, agora, assumir um protagonismo maior no primeiro escalão da amiga e presidente Dilma Rousseff.
O "galego", como é chamado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é um dos fundadores do PT e se aproximou da presidente em 2005, durante a crise política provocada pela descoberta do mensalão. Na primeira passagem pelo governo, entre 2003 e 2006, Wagner foi ministro do Trabalho e depois assumiu a Secretaria de Relações Institucionais.
No PT, Wagner é visto como "adversário" à altura para dividir o protagonismo no governo com o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que atualmente é o maior expoente do ministério de Dilma.
A senadora reeleita por Tocantins Kátia Abreu, agora atuando pelo PMDB, deixou seu passado de oposição ao PT de lado para ser a primeira mulher a comandar o Ministério da Agricultura.
Formada em psicologia, Kátia Abreu assumiu trabalhos ligados ao campo em 1987. Seis anos depois, passou a atuar em entidades de classe, começando com o Sindicato Rural de Gurupi, notabilizando-se por atividades relacionadas à pecuária, o que acabou levando-a para a presidência da federação da agricultura de Tocantins.
Em 2005, elegeu-se vice-presidente de secretaria da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), cargo que antecedeu a atual posição de presidente da entidade que representa agropecuaristas no Brasil. Um ano depois, ela foi eleita senadora, com mais de 330 mil votos, pelo então PFL (depois DEM), fazendo franca oposição ao PT do então reeleito presidente Lula, a quem criticou no passado, entre outras coisas, por patrocinar um aumento de cargos públicos.
Eduardo Braga (PMDB-AM), Ministério de Minas e Energia
Líder da bancada governista no Senado desde março de 2012, Braga concorreu ao governo do Amazonas, mas perdeu no segundo turno da disputa. Natural de Belém, o empresário formado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Amazonas já presidiu a Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado. Também foi membro titular das comissões de Infraestrutura e de Assuntos Econômicos da Casa.
O senador de 54 anos é coordenador do PMDB Sócio Ambiental e, segundo perfil publicado na Internet, é criador do Programa Bolsa Floresta, pagamento feito pelo governo do Amazonas a moradores de Unidades de Conservação Estaduais (UCE), e da Fundação Amazonas Sustentável, instituição privada formada em parceria com o governo estadual.
Eliseu Padilha (PMDB-RS), Secretaria de Aviação Civil
Deputado federal pelo PMDB do Rio Grande do Sul desde 1995, Padilha é formado em Direito pela Unisinos.
Em 1997, licenciou-se da Câmara para assumir a pasta dos Transportes, no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Cid Gomes (PROS-CE), Ministério da Educação
Governador reeleito do Ceará, Cid, 51 anos, mantém uma relação próxima com Dilma e Lula. Em 2006, Cid coordenou a campanha de reeleição de Lula. Neste ano, após a reeleição de Dilma, ele propôs a criação de uma frente de partidos mais alinhados à esquerda para ajudar a presidente no Congresso e facilitar a governabilidade.
Tanto ele quanto seu irmão, Ciro, deixaram o PSB quando a sigla anunciou, em 2013, o rompimento com o governo Dilma para lançar candidatura própria à Presidência da República.
Formado em Engenharia Civil, o cearense exerceu, em 2005, o cargo de consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Valdir Simão, Controladoria Geral da União
Atual secretário-executivo da Casa Civil, Valdir Simão é tido como um quadro técnico. Foi presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) de 2005 a 2007 e de 2008 a 2011. Em 2001 assumiu interinamente a presidência do órgão.
Gilberto Kassab, Ministério das Cidades
Ex-prefeito de São Paulo pelo DEM, o economista Gilberto Kassab foi indicado para comandar o Ministério das Cidades, pasta considerada chave por determinar as políticas urbanas do país.
Kassab governou a capital paulista de 2006 a 2008, após a renúncia de José Serra. Em outubro de 2008, Kassab foi reeleito derrotando a candidata do PT, Marta Suplicy, que havia sido antecessora de Serra na prefeitura. O ex-prefeito é fundador e presidente nacional do PSD, sigla que passou a apoiar formalmente a presidente nas eleições deste ano.
Aldo Rebelo, Ministério da Ciência e Tecnologia
Ministro do Esporte desde o final de 2011, Aldo Rebelo coordenou as iniciativas do governo para a Copa do Mundo de 2014 e supervisionava os preparativos do Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos de 2016, mas a partir de 2015 assume a pasta da Ciência e Tecnologia.
Filiado ao PCdoB, o ex-deputado foi presidente da Câmara dos Deputados no governo Lula e também ministro da Secretaria de Coordenação Política e Relações Institucionais de 2004 a 2005.
George Hilton, Ministério do Esporte
Deputado pelo PRB, o baiano Hilton fez carreira como radialista, apresentador, teólogo e animador. Agora, como ministro do Esporte, terá como uma de suas principais tarefas coordenar os esforços do Rio para a Olimpíada de 2016.
Vinícius Lages (PMDB), Ministério do Turismo
O ministro Vinícius Lages, que era gerente de assessoria internacional do Sebrae, assumiu o Turismo em março deste ano, como parte de uma manobra da presidente para acomodar sua base e adequar seu gabinete quando diversos ministros deixaram os cargos para concorrer nas eleições de outubro.
Nilma Lino Gomes, Secretaria de Igualdade Racial
Reitora pro tempore da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), a pedagoga e doutora em Ciências Sociais Nilma Lino Gomes foi a primeira mulher negra a assumir a direção de uma universidade federal. Docente da Universidade Federal de Minas Gerais, onde cursou a graduação e o mestrado, Nilma tem doutorado em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo e pós-doutorado em Sociologia pela Universidade de Coimbra, em Portugal.
Edinho Araújo (PMDB-SP), Secretaria de Portos
Eleito três vezes deputado federal pelo PMDB de São Paulo, Edinho Araújo participou da Constituinte e já foi prefeito dos municípios paulistas de São José do Rio Preto e Santa Fé do Sul. Também já foi filiado ao Arena e ao PPS.
Vice-líder do PMDB na Câmara, Araújo, 65 anos, foi membro titular da Comissão de Viação e Transportes da Casa.
Filho do senador Jader Barbalho (PMDB-PA), Helder é formado em Administração pela Universidade da Amazônia (Unama) e pós-graduado em Gestão Pública pela Fundação Getúlio Vargas. Em 2005, com 25 anos, foi eleito prefeito de Ananindeua (PA), o mais jovem à época. Em 2012, foi eleito vice-presidente do PMDB estadual.