Dilma defende ajustes e pede que ministros reajam a boatos
Em seu primeiro discurso desde a posse, a presidente falou que ajustes econômicos são necessários para preservar conquistas
Na primeira reunião ministerial de seu segundo mandato, a presidente da República, Dilma Rousseff, defendeu nesta terça-feira ajustes na economia e pediu empenho de sua equipe para gastar com mais eficiência e “reagir a boatos” sobre as novas medidas do governo. Segundo a presidente, os direitos dos trabalhadores são intocáveis, e os ajustes são necessários para preservar as conquistas sociais.
“As medidas que estamos tomando e tomaremos vão consolidar um projeto vitorioso nas urnas”, disse a presidente, em sua primeira fala pública desde a posse, no dia 1º de janeiro. “As medidas dependem muito da estabilidade e credibilidade da economia. Precisamos garantir a solidez dos indicadores econômicos”, acrescentou.
No discurso, na abertura da reunião na residência oficial da Granja do Torto, a presidente defendeu que os ajustes no seguro-desemprego, pensão por morte e outros benefícios trabalhistas e previdenciários fazem parte das "medidas corretivas" tomadas para se adequar a uma nova realidade brasileira. Dilma cobrou empenho de seus 39 ministros para que a “falsa versão” sobre a atuação do governo não se alastre.
“Não podemos permitir que a falsa versão se alastre, reajam a boatos, travem a batalha da comunicação, levem a posição do governo à opinião pública. Sejam claros, sejam precisos, se façam entender. Nós não podemos deixar dúvidas. (...) Quando for dito que vamos acabar com a conquistas dos trabalhadores, reajam em alto e bom som: não é verdade, os direitos trabalhistas são intocáveis”, disse.
“Vamos falar mais, comunicar os nossos desafios e nossos acertos. Vamos mostrar a cada cidadão que não alteramos um só milímetro o projeto vencedor da eleição”, acrescentou.
Ao comentar cortes de gastos no Executivo enquanto o Congresso não aprova o Orçamento deste ano, a presidente disse que contará com o conhecimento dos titulares para enfrentar o desafio. “Vamos fazer mais gastando menos”, disse.
Para justificar o cenário econômico desfavorável, Dilma citou o mau momento vivido por países da Europa e no Japão, além da queda expressiva no preço das commodities. Segundo ela, é preciso recuperar o crescimento “o mais rápido possível” para garantir a continuidade da geração de emprego e renda.
“Contas públicas em ordem são necessárias para o controle da inflação e a garantia sustentável do emprego e da renda. Vamos promover o equilíbrio fiscal de forma gradual”, defendeu.
Sobre a inflação, a petista disse que em nenhum momento descuidou do controle. “Por isso ela sempre foi mantida no limite do regime de metas”, disse.
Corrupção
Sem citar a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, Dilma defendeu a Petrobras e empresas privadas em seu pronunciamento. Segundo ela, a investigação da corrupção não pode afetar o progresso e a geração de empregos.
“Temos de fechar as portas para a corrupção, não podemos de maneira alguma fechar as portas para o progresso e o emprego. Ser capaz de combater a corrupção não pode significar a destruição de empresas privadas. As empresas tem que ser preservadas, as pessoas culpadas tem de ser punidas, não as empresas”, disse.
Na mesma linha de seu discurso de campanha, manifestou empenho no combate ao malfeito. “Vou chegar ao final deste mandato podendo dizer: nunca um governo combateu com tanta firmeza e obstinação a corrupção.”
Água e energia
Em seu pedido para que os ministros defendam o governo, Dilma também citou a crise do abastecimento de água pela qual passa principalmente o Sudeste. Ela lembrou que o governo federal liberou recursos para o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, realizar obras.
“Quando for mencionada a crise da água, lembrem que desde o início o governo federal apoiou e está apoiando de todas as formas, e inclusive com vultosos investimentos”, disse, lembrando que a seca histórica teve impacto também no preço da energia em todo o Brasil.