Dilma diz não ver necessidade em demissão de Graça Foster
Presidente falou com jornalistas nesta segunda-feira e classificou a presidente da Petrobras como uma pessoa séria
A presidente Dilma Rousseff disse nesta segunda-feira que não viu como necessário o afastamento da presidente da Petrobras, Graça Foster. A declaração ocorreu em um café da manhã com jornalistas, um dia após a publicação da entrevista com a ex-gerente da Petrobras Venina Velosa da Fonseca, onde a ex-funcionária da estatal disse que relatou à Graça Foster a existência de irregularidades dentro da empresa.
“Como é que você tipifica uma alegação sem provas? Tem alguma prova apresentada sobre qualquer conduta da presidenta da Petrobras Graça Foster. Eu conheço a Graça, eu sei da seriedade da Graça, sei da lisura da Graça e acho que é importante saber qual é a prova que (Venina) apresentou”, disse.
Dilma afirmou que não vê irregularidades na atual direção, mas afirmou que vai mudar o conselho de administração da estatal. “A Graça é uma pessoa ética e ela disse para mim o seguinte: ‘se toda essa minha exposição prejudicar de alguma forma o governo ou a Petrobras, eu coloco o meu cargo à disposição sem o menor constrangimento’. Eu falei para ela que, sob o meu ponto de vista, isso não era necessário. Estritamente isso”, completou a presidente.
As suspeitas de corrupção dentro da Petrobras foram investigadas pela Operação Lava Jato da Polícia Federal, que denunciou ex-funcionários da estatal e funcionários de empreiteiras que prestaram serviços ao governo. Em sua entrevista ao Fantástico, neste domingo, Venina Velosa disse que informou Graça Foster das irregularidades por e-mail e pessoalmente. "Eu estive com a presidente (Graça Foster) pessoalmente quando ela era diretora da área de Gás e Energia. Naquele momento, nós discutimos o assunto. Foi passado uma documentação pra ela sobre o processo de uma denúncia na área de comunicação. Ela teve acesso a essas irregularidades nas reuniões da diretoria-executiva", contou.
Além da presidente, Venina afirma que alertou outros diretores da estatal. "Num primeiro momento, em 2008, como gerente-executiva, eu informei ao então diretor Paulo Roberto Costa, informei a outros diretores como a Graça Foster, e em outro momento, como gerente-geral, eu informei aos meus gerentes-executivos, José Raimundo Brandão Pereira e o Abílio (Paulo Pinheiro Ramos), que era meu atual gerente-executivo (...) Informei a todas a pessoas que eu achava que poderiam fazer alguma coisa para combater aquele processo que estava se instalando dentro da empresa", disse ao Fantástico.
De acordo com o programa, a documentação com as denúncias da gerente, que está afastada, foi entregue ao Ministério Público. Venina nega participações no esquema de corrupção e disse que “vai até o fim” nas denúncias. Segundo ela, outros funcionários possuem conhecimento das irregularidades, e fez um apelo para que todos sigam seu exemplo.
Venina afirmou que as irregularidades eram de vários tipos: pagamentos por serviços não-prestados, contratos aparentemente superfaturados, negociações em que eram solicitadas comissões para as pessoas envolvidas e uma série de problemas que feriam o código de ética e os procedimentos da empresa.