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Política

Dilma pretende remanejar gastos públicos para priorizar transporte

1 jul 2013 - 20h02
(atualizado às 20h58)
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A presidente Dilma Rousseff ao lado do vice, Michel Temer, e da ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, durante reunião ministerial
A presidente Dilma Rousseff ao lado do vice, Michel Temer, e da ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, durante reunião ministerial
Foto: Roberto Stuckert Filho / PR / Divulgação

Em raro contato com a imprensa nesta segunda-feira, a presidente Dilma Rousseff explicou que pretende ampliar gastos em transporte público por meio da redução de outros gastos. A questão da mobilidade urbana foi o estopim para a onda de protestos que hoje reivindica melhorias de serviços públicos e combate à corrupção.
 
“Estamos olhando a possibilidade de reduzir outros gastos, ver o que conseguimos fazer em programas ainda mais robustos junto com governadores e prefeitos. Essa é uma questão relevante que deve ser tratada”, afirmou a presidente, sem dar mais detalhes.
 
“Não há como supor que qualquer redução tarifária possa sair de outro bolso que não seja o nosso. Ou como contribuintes ou como usuários. No mundo inteiro há subsídios ao transporte urbano”, acrescentou. 
 
Dilma garantiu que não serão desidratados investimentos nem programas sociais. “Não vai haver hipótese de a gente reduzir qualquer gasto social deste país, o que conseguimos nesses 10 anos”, garantiu. “Cortar Bolsa Família, jamais."

No último dia 24, o governo anunciou que vai disponibilizar mais R$ 50 bilhões para investimentos em obras no setor em resposta à onda de manifestações que ocorreram no País e que tiveram origem na reivindicação do Movimento Passe Livre (MPL) pela redução da tarifa de ônibus em São Paulo.

Em relação à proposta de tarifa zero, Dilma disse que a redução tem que ter fonte de financiamento definida. "Não há como supor que qualquer redução tarifária possa sair de outro bolso que não o nosso, como contribuinte ou como usuário, por isso a necessidade de discutir investimentos."

Dilma disse que os investimentos em transporte público, principalmente metrô, foram negligenciados durante muitos anos. "É impossível conceber um País com cidades que chegam a 20 milhões sem uma estrutura de trasporte urbano baseado em metrô, VLT (veículo leve sobre trilhos), BRT (sigla em inglês para trânsito rápido de ônibus), transporte integrado e com a questão, tão bem colocada, dos preços das tarifas", avaliou.

Dilma interrompeu a reunião ministerial para dar a entrevista coletiva. A presidente está reunida com sua equipe ministerial para discutir a onda de manifestações no Brasil e as medidas que serão adotadas pelo governo em resposta aos protestos. A reunião ocorre na residência oficial da Granja do Torto.

Além de 37 ministros e representantes do governo, os líderes do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM) e no Congresso, José Pimentel (PT-CE), também participam da reunião. Apenas os ministros da Cultura, Marta Suplicy, e das Relações Exteriores, Antonio Patriota, que estão em viagem ao exterior, não participaram da reunião, mas enviaram representantes.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Com informações da Agência Brasil

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Fonte: Terra
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