Dilma viaja para NY e deve abordar espionagem na ONU
A governante fará o discurso de abertura da Assembleia da ONU e segundo fontes oficiais abordará a necessidade de se adotar medidas globais para impedir a espionagem
A presidente Dilma Rousseff chegará nesta segunda-feira em Nova York para participar da Assembleia Geral das Nações Unidas, onde provavelmente criticará a espionagem feita pelos Estados Unidos e da qual foi vítima direta. Dilma partirá para Nova York na noite de hoje e amanhã não terá compromissos oficiais, segundo a agenda divulgada pela presidência.
Na terça-feira, como é de costume devido a sua condição de presidente do Brasil, a governante fará o discurso de abertura da Assembleia da ONU e segundo fontes oficiais abordará a necessidade de se adotar medidas globais para impedir a espionagem.
A atuação das agências de inteligência americanas no Brasil esfriou as relações entre ambos os países e Dilma chegou a adiar a visita de Estado a Washington prevista para 23 de outubro. Segundo documentos filtrados pelo ex-técnico da Agência Nacional de Segurança (ANS) Edward Snowden, o serviço de inteligência americana espionou Dilma, assim como a Petrobras e cidadãos brasileiros.
Em seu discurso diante dos líderes mundiais, também se prevê que a presidente critique a política monetária dos Estados Unidos e seu impacto nas moedas nacionais, declare sua rejeição a uma intervenção na Síria sem apoio da ONU e reitere seu reconhecimento ao Estado palestino, entre outros assuntos.
Além de participar da Assembleia Geral, Dilma aproveitará sua estadia em Nova York para se reunir com empresários americanos e operadores do mercado de Wall Strett, aos quais apresentará oportunidades de negócios no Brasil.
Entre os membros da delegação que acompanhará a presidente em Nova York está o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, que entre outros compromissos tem prevista uma reunião com chanceleres do grupo Brics, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Espionagem americana no Brasil
Matéria do jornal O Globo de 6 de julho denunciou que brasileiros, pessoas em trânsito pelo Brasil e também empresas podem ter sido espionados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (National Security Agency - NSA, na sigla em inglês), que virou alvo de polêmicas após denúncias do ex-técnico da inteligência americana Edward Snowden. A NSA teria utilizado um programa chamado Fairview, em parceria com uma empresa de telefonia americana, que fornece dados de redes de comunicação ao governo do país. Com relações comerciais com empresas de diversos países, a empresa oferece também informações sobre usuários de redes de comunicação de outras nações, ampliando o alcance da espionagem da inteligência do governo dos EUA.
Ainda segundo o jornal, uma das estações de espionagem utilizadas por agentes da NSA, em parceria com a Agência Central de Inteligência (CIA) funcionou em Brasília, pelo menos até 2002. Outros documentos apontam que escritórios da Embaixada do Brasil em Washington e da missão brasileira nas Nações Unidas, em Nova York, teriam sido alvos da agência.
Logo após a denúncia, a diplomacia brasileira cobrou explicações do governo americano. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o País reagiu com “preocupação” ao caso.
O embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon negou que o governo americano colete dados em território brasileiro e afirmou também que não houve a cooperação de empresas brasileiras com o serviço secreto americano.
Por conta do caso, o governo brasileiro determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) verifique se empresas de telecomunicações sediadas no País violaram o sigilo de dados e de comunicação telefônica. A Polícia Federal também instaurou inquérito para apurar as informações sobre o caso.
Após as revelações, a ministra responsável pela articulação política do governo, Ideli Salvatti (Relações Institucionais), afirmou que vai pedir urgência na aprovação do marco civil da internet. O projeto tramita no Congresso Nacional desde 2011 e hoje está em apreciação pela Câmara dos Deputados.
Monitoramento
Reportagem veiculada pelo programa Fantástico, da TV Globo, afirma que documentos que fariam parte de uma apresentação interna da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos mostram a presidente Dilma Rousseff e seus assessores como alvos de espionagem.
De acordo com a reportagem, entre os documentos está uma apresentação chamada "filtragem inteligente de dados: estudo de caso México e Brasil". Nela, aparecem o nome da presidente do Brasil e do presidente do México, Enrique Peña Nieto, então candidato à presidência daquele país quando o relatório foi produzido.
O nome de Dilma, de acordo com a reportagem, está, por exemplo, em um desenho que mostraria sua comunicação com assessores. Os nomes deles, no entanto, estão apagados. O documento cita programas que podem rastrear e-mails, acesso a páginas na internet, ligações telefônicas e o IP (código de identificação do computador utilizado), mas não há exemplos de mensagens ou ligações.