Dividida, bancada do PT suspende reunião sobre ajuste fiscal
Governo tenta vencer resistência do partido a medida provisória que muda regra do seguro desemprego
Depois de mais de duas horas de reunião, a bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara dos Deputados suspendeu nesta terça-feira (5) a discussão para definir a posição da legenda sobre uma medida provisória que muda regras de acesso ao seguro desemprego e outros benefícios. A interrupção do encontro foi justificada pelo baixo quórum alcançado pela bancada, mas petistas, nos bastidores, admitem dificuldade de chegar a um consenso sobre o tema.
A MP 665, que faz parte do ajuste fiscal promovido pelo Palácio do Planalto, estabelece em 12 meses o prazo que uma pessoa tem que trabalhar para solicitar o seguro desemprego pela primeira vez. O governo queria um prazo ainda maior – 18 meses – mas cedeu diante da resistência encontrada no Congresso. Outra medida, a 664, que altera regras da pensão por morte e auxílio doença, deve ser votada em uma comissão especial.
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Apesar do apelo do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e do ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, que participaram da reunião, deputados do PT ainda não chegaram a um consenso. Publicamente, petistas dizem apenas que pretendem decidir a posição da bancada com a presença de um número maior de deputados. Dos 64, 35 parlamentares estiveram presentes no encontro, que tem previsão para ser retomado ainda nesta tarde.
No encontro, o presidente da CUT, Vagner Freitas, manifestou a posição contrária da central sindical às duas medidas provisórias editadas pelo governo. “A bancada do PT é uma bancada popular, tem muitos sindicalistas, e que tem sua origem, sua base eleitoral nos trabalhadores. Eu sei que a posição da CUT numa bancada proletária do PT faz diferença, sim. Espero que a bancada, como sempre, vote com os trabalhadores”, disse, na saída da reunião.
Reservadamente, petistas falam que há dificuldades de alguns setores do partido em aceitarem medidas combatidas pelas centrais sindicais. Alguns filiados se manifestam, inclusive, contrários às duas medidas provisórias editadas pelo governo.
O partido da presidente Dilma Rousseff é cobrado publicamente pelo PMDB para defender o ajuste fiscal promovido pelo governo. Ontem, o vice-presidente Michel Temer convocou o partido a se unir para a votação que pode ocorrer nesta terça. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também defendeu medidas de ajuste.
"Eu sempre defendi o ajuste como forma de sinalizar as contas públicas. Qual o ajuste? Qual o seu conteúdo? Não queremos tirar direitos de trabalhadores", disse Cunha. Sobre a dúvida quanto a posição do PT, ironizou: “vamos ver se o PT vai pra base”.