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Política

Doria anuncia reunião entre os 27 governadores sem Bolsonaro

Governador de São Paulo afirmou que essa é 'a maior crise de saúde do País'

25 mar 2020 - 13h02
(atualizado às 14h08)
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O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), reforçou críticas ao presidente Jair Bolsonaro na tarde desta quarta-feira, 25, e anunciou uma teleconferência entre todos os 27 governadores de Estados e do Distrito Federal, ainda nesta tarde, para debater ações de enfrentamento ao novo coronavírus. O encontro acontece após o pronunciamento em cadeia nacional feito pelo presidente na noite desta terça, no qual ele que minimizou a doença e atacou o isolamento social como forma de enfrentar o coronavírus.

O governador de São Paulo, João Doria, participa de entrevista coletiva sobre medidas no combate ao coronavírus
O governador de São Paulo, João Doria, participa de entrevista coletiva sobre medidas no combate ao coronavírus
Foto: JOÃO ALVAREZ / FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Doria disse que não deixará "à própria sorte" os cerca de 6 milhões de idosos que vivem no Estado de São Paulo e são a população de maior risco de morte pela covid-19. "Apenas fiz um registro como brasileiro, cidadão e governador eleito no Estado de São Paulo. Não é uma gripezinha, não é um resfriadozinho. É um assunto sério, difícil, e a maior crise de saúde na história do País", disse. A divulgação do resultados da reunião será feita por cada um dos governadores. Ela está marcada para começar às 16 horas e terminar às 18 horas.

Doria deu uma entrevista coletiva após teleconferência entre ele, Bolsonaro e os demais governadores do Sudeste em que houve bate-boca entre os dois. Bolsonaro reclamou que Dória teria se apoderado do nome dele nas eleições de 2018 e depois "virou as costas" como fez todo mundo. "Se você não atrapalhar, o Brasil vai decolar e conseguir sair da crise. Saia do palanque", disse Bolsonaro a João Dória.

Questionado sobre a possibilidade de impeachment do presidente, Doria disse que "essa é uma decisão do congresso nacional" e da população. Citando pesquisa de opinião do instituto Datafolha divulgada neste fim de semana, sobre avaliação do presidente, Doria disse que "o presidente mais atrapalha do que ajuda".

"Nã é no desafio pessoal que nós vamos construir soluções para essa grave crise", disse. "É na capacidade de interpretar corretamente os fatos", disse.

Doria reconheceu ter iniciado a reunião com Bolsonaro, ocorrida por teleconferência nesta manhã, com críticas à fala do presidente. Afirmou que era preciso manifestar seu "descontentamento" com as ações. Mas afirmou que Bolsonaro politizou a questão. "Não politize isso, presidente", afirmou.

O governador levou um recado escrito previamente à coletiva. "Presidente, vamos refletir juntos. Não pode existir fronteira entre a solidariedade e o amor ao próximo. Irmã Dulce nos ensinou que as pessoas que espalham o amor não tem tempo nem disposição para jogar pedras", disse Doria, para emendar: "Lidere seu País."

Embates Bolsonaro e Doria

Os embates entre Bolsonaro e os governadores, com destaque para João Doria, são bem anteriores à crise do avanço do novo coronavírus, mas subiram de tom depois do aumento de casos da doença.

No último sábado, o presidente da República chegou a chamar o governador paulista de "lunático" e disse que Doria fazia "uso político" da crise para atacar o presidente.

O presidente vinha criticando as decisões dos Estados de fechar escolas, proibir aglomerações e decretar quarentena -- ações para retardar o avanço do vírus. Bolsonaro já fez uso de termos como "histeria" para descrever essas ações e "gripezinha" para se referir à doença, que já matou 46 pessoas no Brasil e outras 49 mil em todo o mundo.

Doria, por sua vez, que tem dado entrevistas coletivas diárias transmitidas pelas TVs, em que responde perguntas de jornalistas enviadas previamente, vem rebatendo as atitudes do presidente. "Gostaria de ter um presidente que liderasse o País em uma crise como essa e não relativizasse uma questão tão grave como o coronavírus para os brasileiros", disse Doria, no sábado.

Nestes discursos, Doria busca destacar que as medidas adotadas por seu governo têm como base a opinião de cientistas e as práticas adotadas por outras nações para enfrentar a doença.

Na prática, Doria já determinou um calote nos pagamentos da dívida pública paulista com a União, o que deve liberar R$ 7,2 bilhões do orçamento paulista para o combate à doença. A medida se deu por meio de uma ação judicial no Supremo Tribunal Federal (STF), não como resultado de uma negociação com a gestão Bolsonaro.

O governador, entretanto, havia elogiado a Medida Provisória editada pelo presidente na semana passada em que permitia que trabalhadores tivessem seus salários suspensos por até quatro meses, sem nenhum auxílio previsto. "Avaliamos de maneira positiva e acertada a medida, evitando demissões em massa", disse Doria, horas antes de Bolsonaro revogar o texto, diante de uma enxurrada de críticas.

Doria foi eleito em São Paulo vestindo uma camiseta amarela com a palavra "BolsoDoria" escrita em verde, as cores da bandeira e da campanha de Bolsonaro. O presidente, entretanto, afirma que "nunca autorizou" o uso do seu nome para a eleição do paulista.

Números do coronavírus

O número de mortes por causa do novo coronavírus subiu para 46 nesta terça-feira, 24, segundo o Ministério da Saúde. É o maior salto em um único dia: 12. O primeiro óbito foi registrado no dia 17 deste mês. O País já soma, desde o início da crise do coronavírus, 2.201 confirmações da nova doença. São Paulo é o Estado mais afetado pela doença, com 40 mortes e 810 casos confirmados.

Em todo o mundo, de acordo com a OMS, já são mais de 375 mil casos confirmados, com mais de 16 mil mortes.

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