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Política

Doria aposta que gestão em São Paulo o colocará como 3ª via

Governador tem feito reuniões com políticos de vários Estados para fortalecer seu nome, que ainda precisa passar pelas prévias do PSDB

20 ago 2021 - 08h47
(atualizado às 09h03)
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Governador de São Paulo, João Doria, durante entrevista coletiva
16/08/2021 REUTERS/Carla Carniel
Governador de São Paulo, João Doria, durante entrevista coletiva 16/08/2021 REUTERS/Carla Carniel
Foto: Reuters

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), considera que a gestão à frente do Estado mais rico do País pode ser o trunfo para se colocar como a terceira via, ou a "melhor via", na eleição presidencial de 2022, que vem sendo polarizada entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em entrevista à Reuters, o governador disse apostar na força da recuperação do Estado de São Paulo, que, segundo ele, deve crescer mais de 7% este ano, e nos resultados de sua administração para vencer os "favoritos" no ano que vem.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, também do PSDB, que chegou a dizer que Doria precisava nacionalizar sua imagem para disputar com chances uma eleição presidencial, manifestou publicamente apoio ao nome do governador como melhor candidato para as eleições de 2022. "Acho que ele (FHC) está percebendo que isso está acontecendo", disse o governador, referindo-se a uma maior nacionalização e popularização de seu nome.

Doria tem feito reuniões com políticos de vários Estados para fortalecer seu nome, que ainda precisa passar pelas prévias do PSDB.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, o senador Tasso Jereissati, do Ceará, e o ex-senador e ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio aparecem como adversários de Doria na disputa interna tucana.

As últimas pesquisas de opinião não mostram ainda uma força de Doria para concorrer com Lula e Bolsonaro, que aparecem muito à frente nas intenções de voto.

O governador de São Paulo minimiza o resultado desses levantamento e acha que o foco da população ainda não é a eleição. "O eleitor vai tomar decisão a partir de janeiro e até o fim desse ano a preocupação é com vacinação e com a vida", disse.

"As pesquisas indicam que mais de 50% da população quer uma outra opção. Nem Lula, que foi ruim do ponto de vista ético, nem Bolsonaro, que é uma gestão negacionista e distante do povo, com brigas, confusões e distanciamento no meio ambiente... Bolsonaro tem que ir pescar e andar de jet ski e quanto ao Lula digo que é possível política para os mais pobres e vulneráveis sem roubar o dinheiro público", afirmou Doria.

O governador acredita que pode ser uma alternativa para o eleitorado nas eleições presidenciais de 2022. "Saberemos colocar um projeto para o Brasil... o eleitor quer alguém que faça gestão no Brasil e eu tenho a ousadia de dizer: nem Lula nem Bolsonaro, nem horror nem terror, o que o eleitor deseja é um bom gestor", afirmou.

"Estou nas prévias e adoro prévias; sou filho das prévias e elas não dividem e sim fortalecem... as pessoas aguardam uma terceira via ou uma melhor via e tenho bastante confiança."

Doria garantiu que mesmo que saia derrotado nas prévias presidenciais do PSDB não será candidato a reeleição ao governo de São Paulo. Ele disse que é contra o instituto da reeleição e que seu candidato será o atual vice-governador, Rodrigo Garcia.

"Sou pré-candidato à Presidência e sou contra a reeleição e se um dia puder trabalhar e propor uma reforma política vou propor isso, porque quem é eleito já se elege pensando na reeleição em vez de pensar na gestão", argumentou.

QUARENTENA

Segundo Doria, São Paulo usou critérios técnicos e científicos para promover uma flexibilização das medidas de restrição contra a covid-19, mas se o cenário epidemiológico piorar não hesitará em recuar no processo de abertura.

Desde a última terça-feira, não há mais limite de horário de funcionamento nem de capacidade para estabelecimentos comerciais e serviços de todos os setores econômicos.

O governo de São Paulo, ao mesmo tempo, manteve a obrigatoriedade do uso de máscara e tem insistido que aglomerações não sejam realizadas. O fim das restrições foi adotado apesar de a população adulta do Estado ainda não estar toda vacinada com as duas doses.

"A flexibilização fazemos com cuidado e obedecendo a ciência, sem decisões políticas e eleitorais ou de debaixo de pressões econômicas", disse ele, ao lembrar que o Estado foi o primeiro a decretar a quarentena para enfrentar a Covid e o primeiro a tornar obrigatório o uso de máscara.

O governador frisou que a taxa de ocupação de leitos permite a reabertura com um certo conforto. "Se a ciência orientar mudanças nós vamos seguir evidentemente, mas neste momento temos menos de 40% de ocupação de leitos e sete semanas de queda de infecção e queda de internações e óbitos", disse.

"Não há razão para você continuar privando as pessoas ao direito ao lazer, ao funcionamento do comércio e à retomada do emprego e da renda sem necessidade de estabelecer mais quarentena", disse. "Lá atrás fui criticado também porque fiz a quarentena, mas salvamos muitas vidas... porém se for necessário recuar para salvar vidas assim faremos".

CORONAVAC

O governador de São Paulo minimizou a decisão da Anvisa tomada esta semana de não autorizar o uso da CoronaVac em crianças e adolescentes, e disse esperar uma posição favorável da agência reguladora ainda este ano.

A CoronaVac, desenvolvida pela chinesa Sinovac, é envasada no Brasil pelo Instituto Butantan, que é vinculado ao governo paulista.

"Ela (Anvisa) fez recomendações para que o Butantan possa fornecer mais informações complementares para obter a autorização para crianças e adolescentes", disse.

"Não se trata de convencer a Anvisa, mas dar informações que deem segurança à Anvisa para dar autorização. Ela tem sido correta", afirmou, acrescentando esperar que a autorização venha ainda este ano.

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