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Política

Doria quer 'faxina' e mudar nome do PSDB

Em conversas reservadas o governador tem defendido a tese de que o partido deve adotar uma rigorosa linha ética de corte.

15 abr 2019 - 08h07
(atualizado às 09h11)
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Maior liderança tucana hoje, o governador de São Paulo, João Doria, disse que o PSDB encomendou uma pesquisa para avaliar entre outras coisas a possibilidade de uma mudança no nome do partido. Além disso, aliados do governador planejam promover o que chamam de "faxina ética" na agremiação após a convenção nacional da sigla, que está marcada para junho.

Após o fiasco dos tucanos nas eleições de 2018, quando o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin recebeu a pior votação de um candidato presidencial do partido e a bancada da Câmara encolheu pela metade, a atual direção executiva deve ser quase toda substituída por aliados de Doria. O plano de reestruturar a sigla foi antecipado semana passada pela Coluna do Estadão.

Governador de São Paulo, João Doria
21/02/2019
REUTERS/Amanda Perobelli
Governador de São Paulo, João Doria 21/02/2019 REUTERS/Amanda Perobelli
Foto: Reuters

"Nós vamos estudar. Defendo que façamos uma pesquisa a partir de junho. Já está previsto, inclusive. E que esta ampla pesquisa nacional avalie também o próprio nome do PSDB", disse Doria, neste domingo, 14, depois de participar da convenção municipal do PSDB de São Paulo.

"Melhor do que o achismo e o personalismo é a pesquisa, ela representa a convicção daquilo que emana da opinião pública", justificou o governador. A ousadia divide opiniões no partido. "Em relação a nome, não vejo como uma prioridade. O nome não é imutável mas é uma questão acessória", disse o ex-governador Geraldo Alckmin, presidente nacional do PSDB.

Expurgo

Em conversas reservadas o governador tem defendido a tese de que o partido deve adotar uma rigorosa linha ética de corte. Estão na mira o ex-governador do Paraná, Beto Richa, que foi preso em uma operação do Ministério Público do Paraná (MP-PR) que investiga desvio de recursos que deveriam ser usados na construção de escolas, o ex-governador Eduardo Azeredo, preso por desvio de recursos de estatais mineiras, e o deputado federal Aécio Neves, réu por corrupção no Superior Tribunal Federal (STF).

Outro que deve perder espaço no partido é o ex-governador Alberto Goldman. Desafeto do governador, ele chegou a ser expulso pelo diretório do PSDB paulista, mas o caso não prosperou na direção nacional. Entre quadros antigos do partido o movimento vem sendo tratado como um "expurgo".

"Precisamos saber se ele vai mesmo tomar o partido de assalto, como pretende. Dele não posso esperar nenhum ato decente. Tudo é possível", disse Alberto Goldman. A motivação do pedido de expulsão foi a decisão do ex-governador de apoiar Paulo Skaf (MDB) na eleição pelo governo paulista. Procurado, o governador não quis se manifestar, mas seus aliados falam abertamente sobre o movimento.

"O novo PSDB que nós queremos ajudar a construir, não tem espaço para condenados pela Justiça e, portanto, deverão obrigatoriamente deixar o PSDB", disse a deputada estadual Carla Morando, líder do PSDB na Assembleia Legislativa paulista.

A deputada vai integrar a executiva estadual do PSDB e seu marido, Orlando Morando, prefeito de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, irá para a executiva nacional. O governador Doria escolheu o ex-deputado e ex-ministro da Cidades Bruno Araújo para suceder Alckmin na presidência nacional do partido.

"O PSDB vai trabalhar forte no sentido de atender as demandas que a sociedade impõem aos gestores públicos e filiados, no que tange aos critérios éticos. O partido vai seguir uma nova postura", afirmou o secretário de Desenvolvimento Regional de SP, Marco Vinholi, o escolhido por Doria para presidir o diretório estadual do PSDB paulista a partir de maio.

Pesquisa

Segundo interlocutores do governador, a pesquisa encomendada pelo PSDB vai embasar as expulsões. Ainda não está definido se outros tucanos, como Aloysio Nunes, que é investigado na Lava Jato, também serão enquadrados.

Atual presidente nacional do PSDB, Alckmin disse ao jornal O Estado de S. Paulo em fevereiro que o atual estatuto da legenda está "defasado" e admitiu que o partido nunca teve um código de ética. A ideia, segundo ele, é "fazer uma profunda mudança no estatuto e aprovar o 1.° código de ética do PSDB".

Covas

Aos gritos de "1,2,3 é Covas outra vez" o PSDB de São Paulo fez o primeiro gesto explícito em defesa da reeleição do prefeito Bruno Covas, neste domingo, na convenção que escolheu a nova direção municipal do partido.

O novo presidente é o desconhecido Fernando Alfredo, o Fernandão, chefe de gabinete da subprefeitura de Pinheiros, escolhido pelo próprio prefeito depois de um acordo de cúpula com o governador João Doria, que por sua vez indicou o secretário-geral, Wilson Pedroso, e tesoureiro, João Jorge, secretário municipal da Casa Civil.

"Vocês são militantes hoje e serão para a reeleger Bruno Covas no ano que vem", disse Doria durante o evento. O próprio prefeito foi mais cauteloso e disse que seu foco agora é governar a cidade.

O evento reuniu lideranças como Doria, o ex-governador e presidente nacional do PSDB, Geraldo Alckmin, os senadores Mara Gabrilli e José Serra. No momento em que Doria fala em mudar o nome do partido, a maioria dos oradores foi na direção contrária enaltecendo o legado do partido, principalmente os governos Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).

Enquanto setores do PSDB ligados a Doria pendem para o apoio a pautas conservadoras, Alckmin defendeu que o partido ocupe o espaço no centro, volte-se para a "defesa dos mais fracos e das minorias" e o "compromisso com emprego e renda". Doria negou que a fala de Alckmin fosse mais à "esquerda" do que a dele. "Foi um discurso democrático voltado para as obrigações de quem cumpre mandato ", disse o governador. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Estadão
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