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Política

"É caso de impeachment", diz Reale Jr sobre Bolsonaro

24 abr 2020 - 19h49
(atualizado às 19h51)
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Um dos autores do pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT), o jurista Miguel Reale Jr, ex-ministro da Justiça do governo Fernando Henrique Cardoso, disse ao Estado que chegou o momento de pedir o impedimento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Miguel Reale Jr
Miguel Reale Jr
Foto: Charles Sholl / Futura Press

"Sem a menor dúvida é o caso de pedir o impeachment dele. Essa revelação do Moro hoje mostra que o presidente não conhece a esfera da Polícia Federal. Eu fui ministro da Justiça é nunca interferi em um inquérito. Ele querer ter acesso e acompanhar os inquéritos é uma afronta ao Poder Judiciário", disse o jurista.

Reale afirmou, porém, que dessa vez que não pretende apresentar um pedido de impedimento. "Eu já recebi solicitação de A á Z, mas não pretendo apresentar nenhum pedido". Para o ex-ministro, o presidente da República apresenta uma mistura de "paranoia e insanidade".

"É como um bêbado que um dia cai no meio do salão", afirmou.

Ruas

Após o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, declarar hoje que deixa o cargo após o presidente ter exonerado o diretor-geral da PF (Polícia Federal) Maurício Leite Valeixo, os grupos que foram às ruas pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) em 2015 agora avaliam encampar um movimento pelo impedimento do presidente.

"O MBL avalia pedir o impeachment de Bolsonaro. As declarações do Moro configuram crime de falsidade ideológica e a demissão de Valeixo foi obstrução de justiça", disse Renato Battista, coordenador nacional do movimento.

O ativista disse, ainda, que se arrependeu de ter votado em Bolsonaro no segundo turno das eleições presidenciais. "Hoje eu anularia", afirmou. O MBL convocou um panelaço para o pronunciamento do presidente na tarde dessa sexta-feira.

Fundador do grupo Vem Pra Rua, Rogério Chequer disse que o grupo defende que se siga o mesmo caminho de Dilma Rousseff (PT). "A pressão popular pelo impeachment é crescente", disse. O ativista afirmou, ainda, que é difícil comparar os casos de Dilma e Bolsonaro. Perguntado se estava arrependido de ter votado no presidente no segundo turno respondeu: "Não me arrependo porque jamais votaria no PT".

Ao anunciar sua demissão, Moro disse que a mudança na PF como foi feita é uma interferência política do presidente e que o presidente teme inquéritos que estão sendo avaliados pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Os grupos bolsonaristas silenciaram em primeiro momento, mas reservadamente até aliados próximos do Palácio do Planalto reconhecem que houve uma debandada de apoiadores nas redes sociais e que a saída de Moro causou uma crise sem precedentes.

Estadão
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