'É visível que ex-presidente tentou dar um golpe no País', diz Lula após Bolsonaro virar réu
Petista pontua que é preciso respeitar o processo legal e o direito à defesa, mas afirma que, ao pedir anistia antes do julgamento, Bolsonaro 'está dizendo que foi culpado'
SÃO PAULO E BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou nesta quarta-feira, 26, a decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que tornou Jair Bolsonaro réu e disse ser "visível" que o ex-presidente tentou dar um golpe de Estado no País.
Lula também considerou que Bolsonaro teve participação no plano que incluía o seu assassinato, o do vice-presidente Geraldo Alckmin e o do ministro do STF Alexandre de Moraes. "É visível que o ex-presidente tentou dar um golpe no País e contribuir para meu assassinato", disse Lula. A declaração foi feita em coletiva de imprensa a jornalistas, em Tóquio, no último dia de visita do presidente brasileiro ao Japão.
Lula, contudo, disse que seria "presunção" fazer qualquer previsão em relação ao desfecho do julgamento de Bolsonaro pelo STF. "Eu acho que o que é correto é que a Suprema Corte está se baseando e se manifestando nos autos do processo, depois de meses de investigação muito bem feita pela Polícia Federal e pelo Ministério Público", declarou.
Na avaliação do presidente, não adianta Bolsonaro ficar agora "fazendo bravata" e dizendo que está sendo perseguido. "Ele sabe o que ele cometeu. Só ele sabe. Só ele sabe o que ele fez. Ele sabe que não foi correto. E não adianta ficar pedindo anistia antes do julgamento", disse Lula. "Quando ele pede anistia antes do julgamento, significa que ele está dizendo que foi culpado", complementou.
Lula pontuou ainda que é preciso respeitar o processo legal e o direito à defesa, mas que, se Bolsonaro for considerado culpado, ele precisará cumprir a pena. "E isso vale para todos os 213 milhões de habitantes. Então, ao invés de chorar, caia na realidade e saiba que você cometeu um atentado contra a soberania desse país", declarou.
Nesta quinta-feira, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras sete pessoas acusadas de formar o "núcleo crucial" do plano de golpe. A votação foi unânime.
Com a decisão, o ex-presidente e os demais denunciados se tornam réus em um processo penal por cinco crimes - organização criminosa armada, golpe de estado, tentativa de abolição violenta do estado democrático, deterioração de patrimônio tombado e dano qualificado contra o patrimônio da União. As penas em caso de condenação podem chegar a 43 anos de prisão.
Além de Bolsonaro, vão responder ao processo: Walter Braga Netto (ex-ministro da Defesa e Casa Civil), Augusto Heleno (ex-ministro do GSI), Alexandre Ramagem (deputado federal e ex-diretor da Abin), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa), Almir Garnier (ex-comandante da Marinha) e Mauro Cid (ex-ajudante de ordens de Bolsonaro).
É a primeira denúncia do golpe recebida pelo STF. Os julgamentos foram desmembrados segundo os cinco núcleos da empreitada golpista descritos pela PGR.
