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Política

Efeito de reação política de Dilma nas pesquisas deve ser tímido

7 mai 2014 - 19h23
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A postura política mais agressiva da presidente Dilma Rousseff, considerada tardia por alguns governistas e comemorada por outros, deve ter impacto tímido para estancar a queda ou para recuperar sua aprovação pessoal e de seu governo.

A resposta de Dilma à pressão de adversários e ao desempenho nas pesquisas foi calculada e veio, em sua forma mais contundente, embalada em um pronunciamento à nação para o Dia do Trabalho, junto com o anúncio do reajuste dos benefícios do Bolsa Família e da tabela de correção do Imposto de Renda. A reação enfureceu os opositores, que a acusaram de propaganda eleitoral antecipada.

A intenção de Dilma, além de reconquistar apoio, era delimitar o campo de debate político com a oposição, após sua rejeição com o eleitorado ter ultrapassado os 40 por cento e, ao mesmo tempo, estancar o movimento "Volta, Lula", que ganhara contornos formais.

Para analistas, seria precipitado determinar já o efeito da reação de Dilma, mas é provável que consiga se recuperar um pouco nas pesquisas de opinião se passar a dividir o debate eleitoral com os adversários.

Segundo analistas, porém, dificilmente ela voltaria a patamares de aprovação anteriores, mas à medida que começar para valer a campanha eleitoral, Dilma poderia reconquistar terreno. No fim de 2013 o governo contava com 43 por cento de aprovação, ante 34 por cento em abril deste ano.

Ao mesmo tempo, os adversários, que já conseguiram crescer nas pesquisas, aguardam a hora do embate para se tornarem conhecidos pelo eleitorado. Os pré-candidatos do PSDB, senador Aécio Neves (MG), e do PSB, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, insistem que ainda não chegou a hora de olhar para a escolha do eleitorado.

"É cedo para dizer que ela vai melhorar nas pesquisas, mas a tendência é essa, se ela continuar no ataque", disse o cientista político da Unicamp Roberto Romano.

No mesmo dia do pronunciamento, a presidente também jogou pressão sobre os aliados, que desde o começo do ano amplificaram as críticas à ela e passaram a adotar posturas mais independentes nas votações no Congresso Nacional. Em entrevista a emissoras de rádios baianas em 30 de abril, Dilma disse que vai "tocar em frente", com ou sem apoio de aliados.

Na avaliação do professor Benedito Tadeu Cesar, do Instituto de Pesquisas e Projetos Sociais (Inpro), a reação política de Dilma poderá, no máximo, "estancar a queda nas pesquisas", mesmo ocupando os espaços para debate na mídia.

"Eu acho que é normal que os candidatos de oposição tenham um crescimento, acho que até começar a campanha no rádio e na TV deve haver aproximação dos outros dois candidatos nas pesquisas", avaliou.

Segundo ele, mesmo que Dilma se recupere, dificilmente conseguirá alcançar antes do início da propaganda eleitoral gratuita os patamares de intenção de voto e de avaliação de governo do fim do ano passado.

Ao anunciar os reajustes do Bolsa Família e da tabela de correção do IR, Dilma tentou cristalizar a seu lado o eleitorado que mais depende do governo. Esse tom será ampliado com a proximidade da campanha, mostrando os avanços sociais do governo para classes mais pobres e tentando comparar com o período tucano.

Essa estratégia é considerada arriscada por Romano, da Unicamp. Para ele, Dilma e seu marqueteiro, João Santana, erram ao calibrar o discurso apenas no eleitorado "mais cativo" do governo e deixar a "classe média, que está muito dividida, solta".

Já o professor do Inpro acredita que essa aposta é acertada, pois os eleitores da classe média só serão convencidos por Dilma durante a campanha na TV. Até lá, segundo ele, não há um debate que permita a esse eleitor fazer comparações.

"SAIU DAS CORDAS"

A falta de reação de Dilma às críticas da oposição era considerada no governo e por aliados como o principal fator para a piora na avaliação do seu mandato e a queda nas pesquisas eleitorais.

Para fontes que querem a reeleição da presidente, ela "saiu das cordas finalmente" e voltou a fazer o "embate político". Um interlocutor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou a mudança de Dilma, mas questionou a demora para isso acontecer.

"Acho muito bom que ela e ministros estejam fazendo a disputa política novamente. Não sei por que isso não estava sendo feito antes", disse a fonte à Reuters sob condição de anonimato.

Essa fonte avalia, no entanto, que Dilma teria evitado a pressão pelo "Volta, Lula" e outros problemas se tivesse feito o debate político e ocupado espaço na mídia desde o início do mandato.

Em 2 de maio, o presidente do PT, Rui Falcão, usou o Encontro Nacional da legenda para formalizar a pré-candidatura à reeleição de Dilma. Presente, Lula afirmou que a única candidata é Dilma e que não se pode "gastar energia" com especulações sobre sua volta nesta eleição.

Entre as recentes ações de Dilma, uma fonte do Palácio do Planalto considerou, no entanto, uma provocação aos aliados ela afirmar que seguirá adiante mesmo sozinha. Isso porque o ambiente político não é dos melhores e Dilma teria mostrado soberba com a declaração, segundo essa fonte.

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