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Política

Eleições de 1982 foram primeiro passo para redemocratização do País

Há 30 anos, os primeiros governadores eleitos por voto direto durante a ditadura militar tomavam posse

16 mar 2013 - 09h46
(atualizado em 5/12/2013 às 17h04)
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<p>Foto que reuniu governadores eleitos pelo voto direto em 1982, ainda sob regime ditatorial, e personalidades políticas que lideraram o movimento das Diretas Já</p>
Foto que reuniu governadores eleitos pelo voto direto em 1982, ainda sob regime ditatorial, e personalidades políticas que lideraram o movimento das Diretas Já
Foto: Reprodução

No dia 15 de março de 1983, tomavam posse os primeiros governadores eleitos pelo voto direto desde o golpe militar de 1964.  As eleições, ocorridas em 1982, abriram o caminho para o movimento das Diretas Já. Trinta anos depois, o Terra resgata curiosidades do episódio e personagens que ajudaram a concretizar a redemocratização do País. Deste período, (res)surgiram lideranças que influenciaram o Brasil durante as últimas três décadas, como Tancredo Neves, Leonel Brizola e Lula, que disputava então a sua primeira eleição

Em 1982, o Brasil completava 18 anos sob o comando dos militares, período no qual a população só votou em cargos legislativos. Desde 1979, o País caminhava para o fim do regime ditatorial com a Lei de Anistia e o fim do bipartidarismo, medidas que fortaleceram a oposição. 

<p>Franco Montoro (centro), Orestes Quéria (esq.) e Fernando Henrique Cardoso (dir.), em evento do PMDB. Os dois primeiros foram governador e vice nas primeiras eleições diretas em 1982</p>
Franco Montoro (centro), Orestes Quéria (esq.) e Fernando Henrique Cardoso (dir.), em evento do PMDB. Os dois primeiros foram governador e vice nas primeiras eleições diretas em 1982
Foto: Reprodução

Na eleição de 82, o Partido Democrático Social (PDS), partido de apoio dos militares, conquistou 12 dos 22 Estados, mas diferente do que se pensava, os governantes se esforçavam para passar imagem de independência, rejeitavam a ideia de que seguiriam a cartilha imposta pelos generais. Já os oposicionistas de Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e Partido Democrático Trabalhista (PDT), que conquistaram 10 governos (nove e um, respectivamente) se mostravam moderados na postura e cautelosos no relacionamento com o governo nacional, que ainda liderado pelos militares.

De acordo com as projeções da época, o PDS conseguiria um bom resultado no interior, enquanto que o PMDB era favorecido nos grandes centros pelos temas nacionais, em um período no qual o Brasil começava dar mostras de colapso econômico. 

O voto era vinculado, ou seja: o eleitor tinha que votar em governador, deputado federal, estadual e vereador do mesmo partido, o que fez com que o avanço da oposição se refletisse na composição da casa legislativa federal. O PDS conquistou 235 vagas; PTB, PDT, PMDB e PT, juntos, 244, acabando com a maioria governista. No entanto o governo conseguiu rachar o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) fazendo com que boa parte migrasse para o grupo de apoio dos militares.

A campanha naquela época era feita na base do discurso. Na TV só era autorizada a exibição de uma foto e currículo, e participação nos debates realizados nas principais praças. 

Ainda durante a campanha, candidatos do PDS reclamavam do governo, que por meio do Serviço Nacional da Informações (SNI), e de medidas econômicas estaria prejudicando o andamento da campanha, enquanto que a oposição temia fraudes. PT e PMDB se uniram para fiscalizar o pleito. Na apuração, havia dificuldade para elaborar projeções, em um período no qual os votos eram vinculados e contados manualmente. Leonel Brizola, candidato do PDT no Rio de Janeiro, chegou a acusar a TV Globo de uma tentativa de golpe após a divulgação de uma projeção que dava vitória a seu adversário Moreira Franco (PDS), no episódio que ficou conhecido como Proconsult. 

<p>Governadores do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, e Jair Soares (dir.), do Rio Grande do Sul, se encontram após a eleição de 1982</p>
Governadores do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, e Jair Soares (dir.), do Rio Grande do Sul, se encontram após a eleição de 1982
Foto: Reprodução

 

No Rio Grande do Sul, Pedro Simon (PMDB), acusava um derramamento de cédulas de votação para favorecer Jair Soares (PDS), quando que o adversário se dizia traído pelo SNI, que às vésperas da eleição divulgou pesquisa que apontava sua derrota para o peemedebista.

Já empossados, os governadores foram cautelosos no trato como governo militar, uma vez que o País ainda era uma ditadura, e muitas indicações para secretarias ainda eram feitas pelos militares. Além disso, em São Paulo, havia o temor de que as invasões de supermercados e do Palácio Bandeirantes pudessem servir de desculpa para o governo de João Figueiredo retroceder no processo de redemocratização. 

A campanha pelo voto direto nasceu em 1983, em Pernambuco, se espalhou pelo País com a emenda Dante de Oliveira, que pregava a volta do voto direto para presidente. A proposta foi derrotada no Congresso, mas já estava iniciado o movimento que ficou conhecido como Diretas Já, encabeçado pelos governadores eleitos em 82, entre eles: Franco Montoro (São Paulo), Leonel Brizola (Rio de Janeiro) e Tancredo Neves (Minas Gerais), além de outras personalidades políticas da época, incluindo o então sindicalista Luis Inácio Lula da Silva.

A emenda Dante Oliveira não foi aprovada no Congresso, mas a pressão popular com a manifestações, que chagaram a mobilizar mais de 1 milhão de pessoas em 16 de abril de 1984, só em São Paulo, fez com que a sucessão de Figueiredo marcasse o fim do período militar no poder, com a eleição de Tancredo Neves como presidente do País.

Fonte: Terra
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