Em artigo no 'NYT', Lula lembra Chávez polêmico e seu amor pelos pobres
Em artigo publicado no jornal americano The New York Times nesta quinta-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva saudou o legado deixado por Hugo Chávez e falou sobre o futuro da América do Sul após a morte do presidente venezuelano. Lula salientou o caráter polêmico de Chávez e falou que é possível que se discuta suas políticas e ideologia, mas que seria desonesto negar o seu amor pelas causas da integração da América Latina e pelos pobres da Venezuela.
"As pessoas não precisam concordar com tudo que Chávez falava. Tenho que admitir que o presidente venezuelano era uma figura polêmica, que não fugia ao debate e para o qual não existiam temas tabus", escreveu o ex-presidente. "E preciso admitir que, muitas vezes, eu achava que seria mais prudente que ele não tentasse falar sobre tudo. Mas essa era uma característica pessoal de Chávez que não deve, nem de longe, ofuscar as suas qualidades".
Contudo, segundo Lula, "ninguém minimamente honesto pode desconhecer o grau de companheirismo, de confiança e mesmo de amor que ele sentia pela causa da integração da América Latina, pela integração da América do Sul e pelos pobres da Venezuela". Para o ex-presidente, as políticas de Chávez, sobretudo nas áreas da saúde e habitação, foram responsáveis por melhorar as condições de vida de milhões de venezuelanos.
Sobre o futuro da Venezuela, Lula disse que todos os venezuelanos precisarão trabalhar juntos na "construção de institucionalidades" e "para dar mais organicidade ao sistema político", tornando-o mais plural.
"É preciso garantir as conquistas obtidas até agora. Essa é, sem dúvida, a aspiração de todos os venezuelanos, sejam eles de oposição ou de situação, militares ou civis, católicos ou evangélicos, ricos ou pobres", escreveu. "Todos precisam compreender que somente a paz e a democracia vão permitir que se realize o potencial de um país tão promissor quanto a Venezuela".
Lula também valorizou o empenho e o esforço de Hugo Chávez na criação de organizações multilaterais na América do Sul e na América Latina, como a Unasul e o Banco do Sul, na promoção da unidade política, econômica, social e cultural das regiões. "Um caminho sem retorno", escreveu Lula.