Em CPI, Cardozo diz que não pode interferir em investigações
Ministro da Justiça chamou de "infundadas" as críticas de que instrumentaliza ou de que não consegue controlar a PF
Em depoimento na CPI da Petrobras da Câmara, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse nesta quarta-feira que não pode interferir nos trabalhos da Polícia Federal. Na sua primeira fala, Cardozo chamou de “infundadas” tantos as críticas de instrumentalização das operações como de falta de controle.
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“Quero afirmar, com profunda convicção, que as críticas atingidas a mim são rigorosamente infundadas”, disse. “Embora a Polícia Federal esteja subordinada ao Ministério da Justiça, no que diz respeito aos inquéritos, há uma legislação especial.”
Cardozo tem sido alvo de críticas tanto por parte de investigados da Operação Lava Jato, sobre uma suposta orientação da Operação Lava Jato, quando de petistas, pela falta de controle das investigações.
Segundo o ministro, sua ação está limitada a controlar eventuais abusos de poder na condução das investigações. “Quando se fala que o ministro da Justiça não controla a investigação ou que ele instrumentaliza, se tem uma má compreensão (...). Ele não pode controlar, ele é um fiscal de abuso de poder, fiscal do abuso de autoridade, do desvio de poder”, disse.
O ministro foi à CPI para falar de uma escuta telefônica encontrada na cela do doleiro Alberto Youssef, em 10 de abril do ano passado. Segundo Cardozo, há uma sindicância avançada para investigar o episódio, cujo teor ele desconhece. “Assim que for terminada essa sindicância, medidas de âmbito criminal serão tomadas no Ministério da Justiça”, disse.
Em uma defesa enfática da presidente Dilma Rousseff, Cardozo disse que a petista nunca criou obstáculos para as investigações. "É uma pessoa de honestidade inatacável. Não está entre os defeitos da presidente Dilma Rousseff a desonestidade. (...) Tenho absoluta certeza que nenhum fato de desvio de dinheiro, corrupção chegará próximo à presidente", disse.
Reunião em Portugal
Durante a sessão, Cardozo negou que a presidente Dilma Rousseff tenha conversado sobre a Operação Lava Jato com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, na cidade de Porto, no último dia 6. O ministro disse ter aproveitado um evento jurídico na cidade de Coimbra e aproveitaram uma escala técnica da presidente para falar sobre o projeto de reajuste salarial de servidores do Judiciário.
"Não vejo absolutamente nenhuma anormalidade de chefes de poderes conversarem aqui ou em qualquer lugar no mundo. A agenda de chefes de poderes é muito complexa, e não facilmente harmonizada", disse.