Em depoimento de mais de 6 horas sobre 'Abin paralela', Ramagem nega ordem para monitoramento ilegal
Ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem prestou depoimento à Polícia Federal nesta quarta-feira, 17
O ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, foi ouvido por mais de seis horas nesta quarta-feira, 17, na Superintendência Regional da Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro. Segundo o jornal O Globo, o delegado e deputado federal respondeu a cerca de 130 perguntas, negando ter ordenado um suposto esquema de monitoramento ilegal e responsabilizando ex-servidores da agência.
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Durante o depoimento, Ramagem atribuiu as atividades de espionagem irregular ao agente Marcelo Araújo Bormevet e ao militar Giancarlo Gomes Rodrigues, ambos cedidos para atuarem na Abin durante sua gestão. Em um relatório encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a PF destacou conversas entre Bormevet e Rodrigues sobre a criação de dossiês contra autoridades.
Dois dos alvos desses dossiês foram o delegado Daniel Rosa, da Delegacia de Homicídios do Rio, e apromotora Simone Sibilio do Nascimento, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio. Eles lideravam as investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco.
A PF também cita na investigação um diálogo entre dois dos investigados no caso da "Abin paralela" em que um deles questiona se o então presidente em 2022, Jair Bolsonaro (PL), havia assinado um suposto decreto de intervenção.
Na troca de mensagens, datada de 21 de dezembro de 2022, o policial federal Marcelo de Araújo Bormevet, atuando na Presidência da República, questionou seu subordinado, Giancarlo Gomes Rodrigues, militar do Exército que estava a exercício da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), sobre a possibilidade de Bolsonaro assinar o decreto.
Ramagem, no entanto, alegou não ter conhecimento de qualquer tipo de monitoramento clandestino envolvendo membros do Legislativo, do Judiciário ou jornalistas, segundo apurado por O Globo.
Ele também foi questionado sobre um áudio gravado durante uma reunião no Palácio do Planalto em 25 de agosto de 2020, onde discutiu-se uma investigação envolvendo o senador Flávio Bolsonaro e supostas irregularidades cometidas por auditores da Receita Federal.