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Política

Em igreja na Flórida, Bolsonaro anuncia volta ao Brasil e diz que "missão não acabou"

Ex-presidente não manifesta solidariedade ao povo yanomami, mas diz que terra indígena é alvo de 'muitos interesses'

11 fev 2023 - 22h44
(atualizado em 12/2/2023 às 00h07)
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BRASÍLIA - O ex-presidente Jair Bolsonaro participou na noite deste sábado, 11, de evento na igreja evangélica Church of All Nations (Igreja de Todas as Nações) em Boca Raton, na Flórida, Estados Unidos. Em seu discurso, o ex-mandatário afirmou que a sua "missão não acabou" e que pretende voltar ao Brasil "nas próximas semanas". Sem manifestar solidariedade ao povo yanomami, ele disse que a terra indígena é alvo de "muitos interesses" por conta de riquezas naturais que existem sob ela em Roraima.

"É uma satisfação muito grande a forma como vocês têm me tratado, em qualquer lugar desse mundo. Isso não tem preço. Ainda mais para quem, pelo menos diante do TSE, não conseguiu ser reeleito", disse Bolsonaro, ao ouvir vaias da plateia contra o Tribunal Superior Eleitoral. "Todos nós temos uma missão aqui na Terra. E a minha missão ainda não acabou", prosseguiu.

Bolsonaro também falou que quer colaborar com a direita brasileira. "No momento não temos uma liderança da direita nacional. Temos regional. Esse pessoal vai crescendo. Nós vamos nos fortalecer. Nós voltaremos. A nossa vocação é ser mais que extensão, na verdade, uma grande nação. Olha o que Israel não tem, e veja o que eles são. Olha o que nós temos, e o que nós não somos", disse.

O ex-presidente também ressaltou "riquezas imensuráveis" que, segundo ele, existem debaixo da Terra Indígena Yanomami. A crise humanitária na região se agravou durante o governo Bolsonaro, criticado por conivência com o garimpo e com o desmatamento em Roraima.

"Estou aqui em um país que eu sempre admirei, os Estados Unidos. Um país que tem apenas 1 milhão de km² a mais que o nosso Brasil. Mas se fizermos a comparação do Brasil até mesmo com a Rússia, ninguém tem o que nós temos. No Estado de Roraima, lá tem uma tabela periódica debaixo da terra. E essa questão Yanomami... Agora, a intenção não era atender a esses, porque ali está misturado: 40% da terra Yanomami é do Brasil, 60%, da Venezuela. Uma região ourífera, de riquezas imensuráveis", afirmou o político, sem deixar claro quem devia ser atendido ou não.

"Se não tivesse riqueza lá, não seria demarcado como terra indígena. Os interesses são muitos. Não há interesse em ajudar a população. Eles são exatamente iguais a nós. Têm o mesmo sentimento, o mesmo destino. E são o povo mais pobre no solo mais rico do mundo", completou.

O ex-presidente viajou aos Estados Unidos no penúltimo dia de seu mandato, após a derrota inédita ao tentar se reeleger em 2022. Bolsonaro, porém, pretende voltar ao Brasil e se posicionar como o principal líder da direita e da oposição a Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Mesmo no exterior, ele atuou na disputa pela Presidência do Senado, no início deste mês, em favor de seu ex-ministro, o senador Rogério Marinho (PL), mas não obteve sucesso. O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) foi reeleito com 49 votos favoráveis, de um total de 81.

Antes de começar a discursar, Bolsonaro foi aplaudido e chamado de "mito" pelos participantes. E chorou. "Não interessa o que vem acontecer comigo aqui ou no Brasil. Ou da forma se porventura algo acontecer. A nossa geração já faz parte da história do Brasil. O Brasil esquecido, roubado, saqueado e desrespeitado. Conseguimos ao longo de quatro anos, juntos, mostrar e despertar no coração do povo brasileiro os seus reais sentimentos", prosseguiu Bolsonaro, em seu discurso na igreja.

O ex-presidente disparou críticas ao atual governo e pontuou feitos de seu mandato. "Compare os meus ministros com os atuais ministros. Muitos não são ministros, são réus. A conta, todos vão pagar. Até quem fez aquele L de ladrão", provocou.

Alegou também não ter errado nenhuma das observações que fez durante a pandemia do novo coronavírus - apesar de ter recomendado tratamentos considerados ineficazes contra a covid-19 e ter desestimulado a vacinação.

Estadão
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