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Política

Em live, Bolsonaro ignora morte de Major Olimpio

Na transmissão ao vivo, presidente também falou que 'tudo indica' a entrada de Lula na disputa pela eleição presidencial em 2022

18 mar 2021 - 23h44
(atualizado em 19/3/2021 às 07h31)
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O presidente Jair Bolsonaro ignorou a morte cerebral do senador Major Olimpio (PSL-SP), declarada nesta quinta-feira, 18, ao fazer sua tradicional transmissão ao vivo pelas redes sociais. Ex-aliado de Bolsonaro, o senador foi vítima de covid-19. Enquanto ministros, filhos do presidente e o vice Hamilton Mourão manifestaram solidariedade à família do parlamentar, Bolsonaro adotou o silêncio.

Aos 58 anos, Major Olimpio é o terceiro senador a perder a vida em decorrência do novo coronavírus. Os outros dois foram Arolde de Oliveira (PSD-RJ), de 83 anos, e José Maranhão (MDB-PB), de 87.

Bolsonaro em live nesta quinta-feira, 18; ao seu lado, Pedro Guimarães, presidente da Caixa, e a intérprete de libras.
Bolsonaro em live nesta quinta-feira, 18; ao seu lado, Pedro Guimarães, presidente da Caixa, e a intérprete de libras.
Foto: Reprodução/Facebook / Estadão

Após o anúncio da morte do senador, Bolsonaro cancelou sua ida ao Congresso. Ali estava previsto um gesto político: ele entregaria pessoalmente a Medida Provisória sobre a nova rodada do auxílio emergencial. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), decretou luto oficial de 24 horas após a notícia da morte de Major Olimpio.

Na eleição de 2018, Bolsonaro e Major Olímpio foram aliados. No primeiro ano de governo, porém, os dois romperam relações. De amigo que pedia votos para Bolsonaro na campanha, Major Olímpio passou a ser crítico do presidente e dos filhos dele, principalmente do senador Flávio e do deputado Eduardo.

"Vocês vão ter é o capitão corrupção em 22"

Ainda na live, o presidente Bolsonaro disse que "tudo indica" a entrada de seu adversário Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa de 2022. Sem citar o nome do ex-presidente, Bolsonaro se referiu a seu adversário de forma pejorativa, chamando o petista de "Capitão Corrupção" na transmissão ao vivo que fez pelas redes sociais, e disse não ter "obsessão" pela cadeira de presidente.

A afirmação foi feita depois de Bolsonaro defender novamente o tratamento precoce contra a covid-19 e pedir que não falem mal da orientação, mesmo sem a eficácia comprovada do medicamento cloroquina.

No último dia 8, o ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin anulou todas as condenações de Lula relacionadas às investigações da Lava Jato e o tornou elegível.

Bolsonaro quer concorrer a novo mandato e está em pré-campanha, mas afirma não ter preocupação com isso. "Não tenho obsessão por ser presidente, por candidatura. Fiquei 28 anos dentro da Câmara, dois anos como vereador, nunca tive problema nenhum. E a gente vai tocando o barco", observou. "Eu tenho compromisso com o Brasil. Se eu pensasse em reeleição, não estaria agindo dessa maneira", acrescentou, ao defender o retorno das atividades e o fim de medidas restritivas, como lockdown, para conter a disseminação do novo coronavírus.

Na manhã desta quinta-feira, 18, Bolsonaro disse para a apoiadores, na entrada do Palácio do Alvorada, que havia uma "luta política ferrenha para 2022" e criticou as gestões dos governos petistas. Mais cedo, o presidente também citou a decisão do Supremo de anular as condenações de Lula ao declarar que a Corte tornou elegível "um dos maiores bandidos que passou pelo Brasil".

Pressionado por sua atuação durante a pandemia da covid-19, o presidente também voltou a se queixar da imprensa e, durante a live, à noite, rebateu os que o chamam de ditador. "Me aponte um ato meu ditatorial ao longo de dois anos e dois meses. Um só", disse Bolsonaro. "O pessoal fala muito em democracia e ditadura. Mas é do ser humano uma característica de cada vez mandar mais. Isso começa até dentro do próprio lar. E temos, cada um, de reconhecer a sua importância e também os seus limites. Senão o caldo pode entornar, ter uma briga em casa, ter tensões entre Poderes, e ninguém quer isso aí. A gente quer paz, liberdade". /COLABOROU RAFAEL BEPPU

Estadão
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