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Política

Em meio a briga na CPI da Petrobras, Cunha se diz disponível para esclarecer denúncias da Lava Jato

5 mar 2015 - 13h35
(atualizado às 13h41)
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O presidente da Câmara, deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), compareceu de surpresa à CPI da Petrobras nesta quinta-feira e, em meio a um clima tenso com a criação de subrelatorias da comissão, disse estar disponível para esclarecer as denúncias de envolvimento nas investigações da Operação Lava Jato.

Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). 4/3/2015
Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). 4/3/2015
Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

Cunha, que estaria na lista de políticos a serem investigados entregue ao Supremo Tribunal Federal por suposto envolvimento em esquema de irregularidade na Petrobras, chegou à comissão logo após discussão e troca de farpas entre deputados favoráveis e contrários à criação de quatro sub-relatorias à revelia de partidos como o PT.

“Eu acho que quem não deve não teme. Não sei se é ou não é verdade aquilo que se fala pela imprensa que houve solicitação de investigação. Mas como eu sempre disse, ninguém é imune a investigação e eu estou pronto para esclarecer, absolutamente tranquilo, qualquer fato ou qualquer suposição de fato que porventura possa aparecer”, disse presidente a jornalistas após colocar-se à disposição da CPI para ser inclusive inquirido.

    O presidente da Câmara voltou a negar que tenha sido avisado que seu nome estaria na lista de pedidos de abertura de inquérito apresentada na noite de terça-feira ao STF pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.   

“Não tem veracidade a informação de que eu teria sido avisado por qualquer emissário”, disse.

A confusão teve início após decisão do presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), de criar quatro sub-relatorias da comissão antes mesmo do  relator, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), ler seu plano de trabalho.

    Houve bate-boca e parlamentares contrários à decisão argumentaram que caberia a Luiz Sérgio criar sub-relatorias, e não ao presidente da comissão. Mesmo após reclamações intensas de deputados, Motta indicou os nomes dos parlamentares que vão ocupar as quatro sub-relatorias.

Ao dizer que não iria voltar atrás na criação das sub-relatorias, o presidente da CPI argumentou que a indicação dos sub-relatores – nomes do PSDB, PR, PTB e PSC – obedeceram ao critério da proporcionalidade dos blocos partidários.

Até mesmo o presidente da Câmara defendeu a decisão de Motta, dizendo que tem “amparo regimental” e que ele tem sido auxiliado pela Secretaria-Geral da Mesa.

Luiz Sérgio, no entanto, disse ter sido pego de surpresa com a decisão do presidente da comissão de criar sub-relatorias e nomear os sub-relatores. “Quero manifestar minha contrariedade”, disse.

Após a confusão, o relator leu seu plano de trabalho, que inclui a criação de mais duas sub-relatorias e prevê a oitiva dos ex-presidentes da Petrobras Maria das Graças Foster e José Sérgio Gabrielli, além da diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Magda Chambriard, do doleiro Alberto Yousseff, e de ex-diretores da estatal.

O plano de trabalho ainda precisa ser aprovado pela comissão.

APREENSÃO COM LISTA DE JANOT

A divulgação da lista de políticos envolvidos nas investigações gera expectativa e alimenta o clima de tensão no Congresso.

    Os nomes dos políticos a serem investigados podem ser conhecidos na sexta-feira, quando se espera que o ministro Teori Zavascki, relator das ações da operação Lava Jato, retire o sigilo sobre a lista de 54 pessoas e divulgue a íntegra dos pedidos de Janot, segundo disse à Reuters uma fonte do Supremo.

    Atento à pressão política que está por vir com a divulgação dos nomes, Janot enviou carta a todos os membros do Ministério Público na quarta-feira argumentando que fez "uma opção clara e firme pela técnica jurídica" para pedir as investigações.

“Examinei cuidadosamente todas as particularidades que envolvem este caso e estabeleci um critério técnico e objetivo para adotar as medidas necessárias à cabal apuração dos fatos", escreveu.

    "Diante das inúmeras e naturais variáveis decorrentes de uma investigação de tamanha complexidade, fiz uma opção clara e firme pela técnica jurídica. Afastei, desde logo, qualquer outro caminho, ainda que parecesse fácil ou sedutor”, acrescentou.

    O procurado-geral disse ainda não acreditar que esses dias de "turbulência política fomentarão investidas que busquem diminuir o Ministério Público brasileiro". "Mas devemos estar unidos e fortes”, disse.

(Por Maria Carolina Marcello Jeferson Ribeiro)

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