Dilma vai aos EUA discutir clima e reforma da ONU
Em meio ao agravamento da crise política no Brasil, a presidente Dilma Rousseff visita Nova York para uma série de encontros com líderes estrangeiros e debates na ONU.
A viagem, que colaborou para que Dilma adiasse sua reforma ministerial para a próxima semana, ocorre na véspera dos discursos de chefes de Estado na Assembleia Geral da ONU na segunda-feira.
As mudanças climáticas são o principal tema dos eventos em Nova York.
O assunto deverá fazer parte do discurso que o papa Francisco fará à Assembleia Geral da ONU nesta sexta. Dilma pretende acompanhar a fala do pontífice.
Na noite desta sexta-feira, ela participará de uma recepção oferecida pelo primeiro-ministro da Suécia, Stefan Löfven, quando será criado um grupo de apoio à implementação da agenda de desenvolvimento pós-2015.
Mais cedo, Dilma assistirá à abertura da conferência da ONU que definirá a agenda pós-2015 (também chamada de Agenda 2030), que terá a sustentabilidade como eixo central. Esta discussão definirá políticas e ações para a ONU e países membros para os próximos 15 anos, substituindo as metas do desenvolvimento do milênio, em vigor entre 2000 e 2015.
Proposta climática
No domingo, Dilma divulgará a proposta de redução de emissões que o Brasil levará para a próxima conferência da ONU sobre o clima, que ocorrerá em dezembro, em Paris.
Aguardada com grande expectativa por outros governos e ambientalistas, a proposta brasileira conterá todas as ações contra as mudanças climáticas que o país adotará ao longo da próxima década.
Segundo assessores, a presidente anunciará as medidas em seu discurso na sessão da Conferência da ONU para a Agenda de Desenvolvimento Pós-2015.
Ainda no domingo, Dilma participará de um almoço na ONU sobre as mudanças climáticas, do qual também participarão outros 90 chefes de Estado.
Acompanham a presidente na viagem os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Tereza Campello (Desenvolvimento Social e Combate à Fome), Izabella Teixeira (Meio Ambiente), Luís Inácio Adams (Advocacia-Geral da União) e Eleonora Menicucci (Política para as Mulheres).
Nos intervalos entre os eventos oficiais, ela deve se encontrar com outros líderes presentes em Nova York. Segundo assessores, as reuniões ainda não foram definidas.
Reforma do Conselho de Segurança
No sábado pela manhã, Dilma encontrará os demais líderes do G4 – Alemanha, Índia e Japão –, grupo de países que, como o Brasil, buscam um lugar fixo no Conselho de Segurança da ONU. Hoje, os membros permanentes são Estados Unidos, Rússia, China, França e Grã-Bretanha.
Segundo assessores, será a primeira reunião entre chefes de Estado do G4 desde 2004, quando o grupo foi criado.
Um diplomata da missão brasileira na ONU diz que o debate sobre a reforma do Conselho de Segurança ganhou força nos últimos meses, impulsionado pela celebração do 70º aniversário das Nações Unidas.
Na última sessão da Assembleia Geral, no ano passado, começou-se a redigir o rascunho de uma proposta de reforma, e o G4 espera avançar com as negociações no próximo encontro.
A última reforma do conselho ocorreu há 50 anos, quando o número de assentos de membros não permanentes passou de 11 para 15.
A atuação do Conselho de Segurança também será debatida em encontro organizado por França e México em Nova York, no dia 30. A reunião discutirá a limitação do poder de veto dos membros permanentes.
Hoje, cada membro permanente pode vetar qualquer tipo de resolução. México e França propõem que esse poder não seja válido em casos de crimes contra a humanidade ou genocídio.
Dilma também discursará em um encontro na ONU com líderes globais sobre igualdade de gênero e empoderamento das mulheres, no domingo.
Na segunda pela manhã, ela se reúne com o secretário-geral da organização, Ban Ki-moon, e será a primeira a falar no debate geral da Assembleia Geral da ONU.
O Brasil é responsável pelo discurso inaugural da Assembleia Geral desde sua primeira Sessão Especial, em 1947. À época, coube ao diplomata brasileiro Oswaldo Aranha o primeiro discurso da sessão, tradição que se manteve desde então.
A presidente deve embarcar de volta ao Brasil no início da tarde de segunda.