Em meio à onda de insatisfação de várias etnias indígenas no governo Dilma Rousseff, que vem mobilizando a Esplanada dos Ministérios, a presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marta Azevedo, deixou o cargo nesta sexta-feira. Quem comandará a fundação interinamente é a atual diretora de promoção ao desenvolvimento sustentável, Maria Augusta Assirati.
Marta é bacharel em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP) e doutora em Demografia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e ocupava o cargo desde abril do ano passado, substituindo Márcio Meira no posto.
"Informamos que, por razões de saúde, a presidenta da Funai, Marta Maria do Amaral Azevedo, entregou seu pedido de exoneração ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Esta decisão foi tomada por ela em virtude da necessidade de realizar tratamento médico que é incompatível com a agenda de presidenta", informa nota oficial da Funai.
"Maria Augusta e os demais diretores darão continuidade à missão da instituição na promoção e proteção dos direitos dos povos indígenas, com o compromisso de fortalecimento da Funai, mantendo o amplo diálogo com os povos indígenas, servidores e demais setores do governo", conclui a nota.
O Ministério da Justiça, ao qual a Funai está subordinada, confirmou, por meio de outra nota à imprensa, a versão de que a saída se deu por motivo de saúde. “O ministro da Justiça (José Eduardo Cardozo) agradece a colaboração, o empenho e a dedicação da antropóloga, cuja respeitabilidade acadêmica e indigenista engrandeceu a Funai. Marta Maria Azevedo continuará dando sua contribuição ao país e à causa indígena, colaborando com o Ministério da Justiça”, afirma o texto.
A mudança no comando da Funai ocorre uma semana após a morte do índio Osiel Gabriel da etnia Terena durante a reintegração de posse em uma fazenda na cidade de Sidrolândia (MS).
30 de maio - Indígenas atearam fogo em prédios da Fazenda Buriti, em Sidrolândia, durante operação de reintegração de posse realizada na quinta-feira. Durante confronto com policiais militares e federais, um índio morreu baleado e outros quatro ficaram feridos
Foto: Moisés Palácios / Futura Press
30 de maio - Incêndio produziu grande coluna de fumaça em fazenda no interior de MS
Foto: Moisés Palácios / Futura Press
30 de maio - Construção ficou destruída após incêndio
Foto: Moisés Palácios / Futura Press
30 de maio - A propriedade fica no interior da Terra Indígena Buriti, declarada pelo Ministério da Justiça como de ocupação tradicional em 2010
Foto: Moisés Palácios / Futura Press
30 de maio - Indígenas começam a deixar fazenda após operação de reintegração de posse
Foto: Moisés Palácios / Futura Press
30 de maio - Operação de retirada dos índios foi marcada pela tensão
Foto: Moisés Palácios / Futura Press
3 de junho - Osiel Gabriel foi enterrado em cemitério próximo à fazenda ocupada
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Lideranças indígenas prestam últimas homenagens a jovem terena morto em confronto com policiais
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Segundo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), cerimônia de sepultamento ocorreu em um misto de tristeza e indignação
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Corpo de Osiel passou por perícias para determinar origem do tiro que matou o jovem
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tenta negociar um encontro entre os indígenas e a presidente Dilma Rousseff
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Indígenas prometem permanecer na fazenda ocupada mesmo após nova ordem de reintegração de posse
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Grupo da etnia terena se sentiu traído com decisão após negociar 'trégua' em reunião com o CNJ
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Índios rasgam cópias da decisão judicial que os obriga a deixar a fazenda Buriti em 48 horas
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Corpo do índio Osiel Gabriel, morto em confronto com policiais federais e militares, é enterrado em clima de revolta na aldeia Córrego do Meio, em Sidrolândia (MS)