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Política

Em reunião com ministros, Bolsonaro indica que não recuará

Presidente cobra de auxiliares soluções jurídicas que possam desobrigar a PF de cumprir decisões ordenadas por Alexandre de Moraes

8 set 2021 - 20h53
(atualizado às 21h06)
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Reunido com sua equipe ministerial para avaliar a repercussão das manifestações de terça, o presidente Jair Bolsonaro indicou que pretende seguir pressionando politicamente o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Moraes. Esses já foram os principais alvos dos ataques e ameaças antidemocráticas feitas pelos bolsonaristas nas manifestações e pelo próprio presidente em seus discursos nos atos de Brasília e de São Paulo. Bolsonaro cobrou de seus auxiliares soluções jurídicas que possam desobrigar órgãos do governo, como a Polícia Federal, de cumprir decisões ordenadas por Moraes.

No seu discurso, Bolsonaro já tinha dito que não pretendia cumprir ordens que viessem de Moraes. Mas quer um respaldo jurídico para evitar que essa ação seja considerada crime de responsabilidade, como avisou hoje o próprio presidente do Supremo, Luiz Fux, no discurso feito em reação aos ataques proferidos por Bolsonaro contra a Corte e seus integrantes. Na conversa com os ministros, Bolsonaro se referiu mais de uma vez ao que classificou como "escalada autoritária" do STF. Sua fala, como costuma acontecer nessas reunião, foi apoiada pelos outros ministros.

Jair Bolsonaro durante ato a favor do governo na Avenida Paulista, na cidade de São Paulo
Jair Bolsonaro durante ato a favor do governo na Avenida Paulista, na cidade de São Paulo
Foto: Danilo M Yoshioka/ / Futura Press

Alexandre de Moraes se tornou um alvo preferencial de Bolsonaro justamente por conduzir o processo que investiga os atos antidemocráticos, que já resultaram no pedido de prisão de aliados do presidente, como o ex-deputado Roberto Jefferson, por exemplo. A tentativa de pressionar o ministro visa que ele abra mão da condução desse processo que incomoda Bolsonaro e seus seguidores.

Apesar de ter anunciado que se reuniria com o Conselho da República justamente para tentar enquadrar o Supremo, Bolsonaro deixou o assunto de lado. A manobra, que foi vista quase como uma espécie de oficialização de uma tentativa de golpe contra os outros Poderes, sequer foi discutida na reunião ministerial. Até porque o presidente sequer teria maioria de votos nesse Conselho, e do qual o presidente do STF sequer faz parte.

Além da pressão política contra o Supremo, Bolsonaro pediu para que seja acelerada a solução para o valor do jogo Bolsa Família, rebatizado como Auxílio Brasil. O presidente reconheceu que há um desgaste muito grande de seu governo entre a população mais vulnerável por causa dos efeitos da inflação e do desemprego. Alguns ministros defenderam que o valor do benefício seja superior a R$ 300 para que tenha impacto positivo. Mas admitem a dificuldade para que essa conta feche. De qualquer jeito, o presidente avaliou que medidas concretas precisam ser anunciadas brevemente nessa área para tentar reverter o desgaste político sofrido pelo governo.

Bolsonaro tinha sido informado previamente sobre o tom da reação do presidente da Câmara, Arthur Lira. E ficou satisfeito por ver que sua fala não incluiu qualquer indicativo de apoio a um eventual pedido de impeachment. Com Lira ainda alinhado, o presidente avalia que será possível conter a pressão da oposição e partidos como PSDB e PSD pela abertura de processo que ameace seu mandato.

Estadão
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