Em Roma, Bolsonaro sofre protestos e tem dia de 'turista'
Presidente, que vai ao G20, passeia a pé pelo centro da cidade e escapa de jornalistas deixando embaixada pela porta dos fundos
No seu primeiro dia de viagem à Itália para participar do G20, que começa neste sábado, 30, o presidente Jair Bolsonaro foi recebido na sexta-feira, 29, pelo presidente da República da Itália, Sergio Mattarella, no Palácio do Quirinal, sede do governo italiano. Entre os temas tratados pelo Chefe de Estado brasileiro estaria a possível entrada de turistas brasileiros na Itália, atualmente impedidos de viajar ao país por causa da pandemia. O encontro bilateral, que durou cerca de 30 minutos, foi a única agenda oficial de Bolsonaro, que aproveitou o dia para fazer turismo em Roma.
O presidente deixou a embaixada do Brasil pelas portas dos fundos, para evitar jornalistas, e fez um passeio a pé pela ruas do centro histórico da capital. Com o filho, o vereador do Rio Carlos Bolsonaro, e assessores, o presidente caminhou pelo Campo de' Fiori, visitou o Panteão e foi até a Fontana di Trevi, onde a tradição é jogar uma moeda para garantir o retorno à Cidade Eterna.
O almoço no Palácio Pamphilj, sede da embaixada do Brasil, estava preparado com todos os requintes para um chefe de Estado, mas ele optou por comer um sanduíche de pizza branca com presunto. Ao entrar em uma salumeria, foi apresentado ao dono do local que lhe ofereceu várias iguarias, entre elas o culatello di Zibello, carne produzida a partir da coxa de porco embrulhada na bexiga do suíno, e queijo pecorino com trufas.
No retorno à embaixada, cerca de 10 apoiadores o esperavam na frente da porta de entrada. Ao ver pessoas com bandeiras do Brasil e uma de Israel, ele desceu do carro e falou com elas, mas não respondeu a perguntas dos jornalistas. "Eu vi pelo caminho que as pessoas reconhecem aqui a bandeira do Brasil. Estou muito feliz. Se Deus quiser, na segunda visitarei meus ancestrais", afirmou.
Protestos
Antes mesmo da sua chegada em Anguillara Veneta, na região do Vêneto, onde nasceu seu bisavô Vittorio Bolzonaro, o presidente já provocou protestos. A prefeita, Alessandra Buoso, da Liga - partido de extrema direita - concedeu ao presidente o título de Cidadão Honorário do município, o que enfureceu políticos italianos, religiosos católicos e brasileiros que vivem na Itália.
Na sexta-feira, ativistas jogaram esterco e fizeram pichação na sede da prefeitura. O protesto foi organizado pelos ambientalistas do "Rise Up 4 Climate Justice".
De Anguillara Veneta, Bolsonaro segue para Pádua, na mesma região. Ainda não foi confirmada a visita à Basílica de Santo Antônio de Pádua, onde estão as relíquias do santo padroeiro da cidade. A Diocese de Pádua divulgou uma nota em que manifesta descontentamento com a concessão do título de cidadão honorário de Anguillara Veneta ao brasileiro.
Conferência do clima
O presidente em exercício, Hamilton Mourão, tentou justificar a ausência de Bolsonaro na 26.ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP-26, que acontece na semana que vem em Glasgow, na Escócia. O País será representado pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite.
De acordo com o general, todo mundo "jogaria pedra" em Bolsonaro, caso ele comparecesse ao evento. A política ambiental brasileira é alvo de críticas da comunidade internacional. "Sabe que o presidente Bolsonaro sofre uma série de críticas. Então, ele vai chegar em um lugar em que todo mundo vai jogar pedra nele", disse Mourão na chegada ao Palácio do Planalto. Para Mourão, o governo federal sofre críticas entre ambientalistas por ser de direita. /COLABOROU EDUARDO GAYER