Empresários bolsonaristas se manifestam sobre ação da PF
A operação foi aberta por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal
Empresários que foram alvo de operação da Polícia Federal nesta terça-feira, 23, se manifestaram sobre a ação. A PF cumpre mandados de busca e apreensão em endereços ligados a oito empresários bolsonaristas por supostas mensagens golpistas trocadas em um grupo de WhatsApp.
O advogado Daniel Maia, que defende o empresário Afrânio Barreira Filho, disse que "trata-se de uma operação fundada em denúncias absolutamente falsas, que visam perseguir pessoalmente o empresário Afrânio Barreira e outros no País. É importante destacar que a operação não é contra as empresas, é uma operação contra a pessoa física dele. O Afrânio está absolutamente tranquilo, colaborando e com o objetivo principal de esclarecer os fatos para que a investigação seja certamente arquivada".
O empresário Luciano Hang também se manifestou. "Sigo tranquilo, pois estou ao lado da verdade e com a consciência limpa. Desde que me tornei ativista político prego a democracia e a liberdade de pensamento e expressão, para que tenhamos um país mais justo e livre para todos os brasileiros. Eu faço parte de um grupo de 250 empresários, de diversas correntes políticas, e cada um tem o seu ponto de vista. Que eu saiba, no Brasil, ainda não existe crime de pensamento e opinião. Em minhas mensagens em um grupo fechado de WhatsApp está claro que eu NUNCA, em momento algum falei sobre Golpe ou sobre STF."
A reportagem entrou em contato com os demais empresários. O espaço está aberto para manifestações. Quando as mensagens vieram a público, José Isaac Peres disse que "sempre teve compromisso com a democracia, com a liberdade e com o desenvolvimento do País."
Marco Aurélio Raymundo, por sua vez, disse que aguardaria a publicação da série de reportagens sobre o grupo para se pronunciar.
Os alvos da ação de hoje são:
- Afrânio Barreira Filho, do restaurante Coco Bambu;
- Ivan Wrobel, da W3 Engenharia;
- José Isaac Peres, do grupo Multiplan;
- José Koury, dono do shopping Barra World;
- Luciano Hang, da rede de lojas Havan;
- Luiz André Tissot, da Sierra Móveis;
- Marco Aurélio Raymundo, da Mormaii;
- Meyer Joseph Nigri, da Tecnisa.
A operação foi aberta por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A ordem foi expedida na última sexta-feira, 19, depois que o portal Metrópoles revelou mensagens golpistas em um grupo de WhatsApp dos empresários.
Os mandados estão sendo cumpridos em dez endereços residenciais e profissionais no Rio de Janeiro, Ceará, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. O Estadão apurou que celulares foram apreendidos e serão periciados pela PF.
A coluna do jornalista Guilherme Amado, no Metrópoles, mostrou na semana passada que empresários apoiadores de longa data do presidente Jair Bolsonaro (PL) conversaram abertamente sobre um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja eleito.
Além das buscas, Moraes também determinou a quebra de sigilo bancário, o bloqueio de contas dos empresários e a suspensão de seus perfis nas redes sociais.