Entenda as trocas feitas por Tarcísio na PM e a insatisfação de coronéis com mudanças
Grupo descontente vê interferência política do secretário Guilherme Derrite, enquanto Bandeirantes afirma que governador apenas antecipou regras que serão instituídas para dar mobilidade à carreira dos oficiais
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) substituiu os principais comandantes da Polícia Militar de São Paulo, ato que causou indignação e revolta nos oficiais e inaugurou uma crise na instituição. A mudança mais significativa foi a saída do número 2 da corporação, coronel José Alexander de Albuquerque Freixo, que assim como outros coronéis da cúpula foram rebaixados para cargos de segundo escalão. A Secretaria de Segurança Pública disse que promoções por mérito já haviam sido realizadas anteriormente, inclusive em outros órgãos policiais.
Eles foram substituídos por coronéis "modernos" — como são chamados os que têm menos tempo de serviço e promoções mais recentes. As mudanças foram encaradas pelo grupo descontente como uma tentativa de interferência política do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite (PL-SP), na corporação. Os coronéis que ascenderam seriam ligados ao secretário, que foi capitão da PM e integrante da Rota.
A estratégia de Tarcísio seria, para os insatisfeitos, uma forma de forçar os coronéis das turmas de oficiais formadas na Academia da PM em 1993 e em 1994 a passarem para a reserva. O coronel Freixo e o comandante-geral da PM, Cássio Araújo de Freitas, pertencem a essas turmas. Há também divergência de ideias. Os coronéis rebaixados são favoráveis à ampliação das câmeras nos uniformes dos policiais e críticos do modelo de operações policiais ostensivas implantado por Derrite na Baixada Santista.
Tarcísio realizou 34 transferências dos coronéis. Uma fonte no Palácio dos Bandeirantes disse ao Estadão que o próprio governador decidiu realizar as trocas e que elas não estão relacionadas a visões distintas sobre políticas de segurança pública.
Segundo essa fonte, Tarcísio está preocupado em dar fluxo para as carreiras dos oficiais. Atualmente, quando um novo comandante-geral é nomeado para a PM, os coronéis de turmas anteriores à dele continuam na ativa, o que acaba travando promoções nos níveis inferiores. Tarcísio quer modificar essa lógica e replicar as regras vigentes no Exército, onde os generais mais antigos do que o comandante-geral vão para a reserva.
"A atual gestão da Secretaria da Segurança Pública reconhece e valoriza o trabalho dos policiais paulistas e informa que, desde o início do ano, uma série de promoções por mérito e movimentações de rotina foi efetivada junto às polícias Civil, Militar e Técnico-Científica do Estado", disse a pasta por meio de nota.