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Política

Entenda o recuo do advogado de Mauro Cid sobre o caso das joias em 5 frases

Defesa do ex-ajudante de ordens chegou a acusar Jair Bolsonaro de coordenar esquema e voltou atrás na madrugada desta sexta-feira, 18

18 ago 2023 - 16h37
(atualizado às 17h26)
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O advogado Cezar Bitencourt, que defende Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) , voltou atrás na madrugada desta sexta-feira, 18, e disse ao Estadão que seu cliente não vai confessar a participação no suposto esquema internacional de venda de joias que o ex-presidente ganhou em agendas oficiais.

Tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro
Tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado / Estadão

Bitencourt havia afirmado à revista Veja, em reportagem publicada na noite de quinta, 17, que Mauro Cid confessaria que vendeu os itens de luxo recebidos por Bolsonaro e também apontaria o ex-presidente como mandante da ação. O advogado falou, expressamente, que o dinheiro era de Bolsonaro, que seria o coordenador do esquema.

O recuo desta madrugada contradiz não apenas o que foi dito nesta quinta-feira por Bitencourt como outras declarações que ele concedeu a veículos de comunicação ao longo da semana. Na quarta-feira, 16, ele classificou a prisão do cliente como "injusta" e disse que Mauro Cid obedecia ordens do seu superior hierárquico, por causa da disciplina militar.

Nesta sexta-feira, enquanto estava a caminho de Goiânia, Bolsonaro falou com exclusividade ao Estadão. "Ele (Cid) tinha autonomia", disse o ex-presidente, responsabilizando o ex-ajudante de ordens sobre ações durante o governo passado. Veja o vídeo.

Veja uma linha do tempo com as frases do advogado de Mauro Cid que mostram o recuo em relação à confissão:

Quarta-feira, 16 de agosto

Um dia depois de assumir a defesa de Mauro Cid, Bitencourt concedeu a primeira entrevista sobre o caso. Ele falou à GloboNews que o cliente obedecia ordens do seu superior hierárquico, o que é típico das relações militares. As declarações deixaram a responsabilidade de Bolsonaro nas entrelinhas.

Quinta-feira, 17 de agosto, à tarde

No final da tarde de quinta-feira, Bitencourt deu uma entrevista à Folha de S. Paulo e afirmou que Jair Bolsonaro é o verdadeiro foco das investigações e que Mauro Cid tinha "certa autonomia", relativizando a declaração do dia anterior. "Eu tenho a impressão de que ele tinha certa autonomia. E mais: se eu erro aqui, eu conserto ali. Se fiz uma coisa errada aqui, posso consertar lá", disse o advogado.

Bitencourt também prometeu parar as entrevistas para não "irritar o outro lado". Ele disse que "é bom não cutucar abelha com vara curta", em referência ao ex-presidente.

Quinta-feira, 17 de agosto, à noite

Na noite do mesmo dia em que prometeu parar com as entrevistas, Bitencourt disse à revista Veja e ao Estadão que seu cliente ia se entregar e revelar a participação de Bolsonaro no esquema de venda de joias. "A questão é que isso pode ser caracterizado também como contrabando. Tem a internalização do dinheiro e crime contra o sistema financeiro. Mas o dinheiro era do Bolsonaro", disse o advogado.

Vania Bitencourt, que é sócia do marido, também falou sobre o caso, dando a entender que a banca de defesa havia convencido Mauro Cid a confessar. "A gente conseguiu contornar uma coisa que era quase impossível", disse ao Estadão.

Sexta-feira, 18 de agosto, de madrugada

Na madrugada desta sexta-feira, Bitencourt desmentiu a declaração dele, que foi publicada na noite anterior, e disse ao Estadão que a confissão de Mauro Cid não tem a ver com o caso das joias. Segundo o advogado, caso seu cliente de fato se entregue, não falará sobre a existência do suposto esquema internacional de venda de presentes que Bolsonaro ganhou durante agendas oficiais.

Sexta-feira, 18 de agosto, à tarde

Na tarde de sexta-feira, o advogado de Mauro Cid concedeu nova entrevista à GloboNews, confirmando o recuo revelado pelo Estadão durante a manhã. Bitencourt negou que tivesse responsabilizado o ex-presidente pelos crimes dos quais o ex-ajudante de ordens é investigado. "Não disse que foi a mando do Bolsonaro, não disse que ele (Cid) estava dedurando", afirmou.

Em seguida, o advogado afirmou que seu cliente apenas "cumpriu ordens" de Bolsonaro para resolver a questão do Rolex - um dos artigos de luxo que Mauro Cid é suspeito de vender. "Apenas como assessor ele cumpriu ordens. Bolsonaro disse: 'Resolve esse problema aí, do Rolex'. Para um bom entendedor meia palavra basta. Cid foi atrás para resolver a questão do Rolex".

Relembre o caso das joias

Mauro Cid foi preso no dia 3 de maio, durante uma operação da Polícia Federal que investiga fraudes no cartão de vacinação de Jair Bolsonaro e da filha Laura. O ex-ajudante de ordens também é um dos suspeitos de participar de esquema internacional de venda de joias que Bolsonaro ganhou enquanto cumpria agendas oficiais fora do País.

A tentativa de comercialização dos objetos de luxo só parou após o Estadão revelar, em março, que Bolsonaro tentou trazer ilegalmente para o País um conjunto de brinco, anel, colar e relógio que ganhou do governo de Arábia Saudita. Posteriormente, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI do 8 de Janeiro teve acesso a e-mails de Mauro Cid que mostram ele tentando vender um Rolex com as mesmas características do relógio que Bolsonaro ganhou de presente.

Na sexta-feira passada, 11, a PF fez buscas e apreensões em endereços ligados a Mauro Cesar Lourena Cid, pai de Mauro Cid, ao advogado Frederick Wassef e Osmar Crivelatti, que foi ajudante de ordens do ex-presidente. A corporação suspeita que Bolsonaro coordenava o esquema e recebia em espécie o valor das vendas.

Inicialmente, Wassef negou ter qualquer envolvimento com o caso e disse que era vítima de "uma campanha de fake news". A Polícia Federal encontrou um recibo em nome do advogado, comprovando que ele recomprou o Rolex vendido por Mauro Cid para entregá-lo ao Tribunal de Contas da União (TCU), gesto que lhe custou quase R$ 300 mil.

Na quarta-feira, 16, o advogado concedeu uma coletiva admitindo a compra do artigo de luxo com recursos próprios. Ele confessou que agiu a pedido, mas disse que revelará o mandante "no momento oportuno".

Estadão
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