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Política

Equipe da Jovem Pan é hostilizada por bolsonaristas e sai de protesto escoltada pelo Exército

Repórter fazia relato ao vivo na TV quando foi interrompido por manifestantes pró-golpe por dizer que eles defendiam uma 'intervenção militar'

15 nov 2022 - 18h08
(atualizado às 18h15)
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Equipe de jornalistas da Jovem Pan é hostilizada por manifestantes.
Equipe de jornalistas da Jovem Pan é hostilizada por manifestantes.
Foto: Wilton Junior/Estadão / Estadão

BRASÍLIA - Uma equipe de reportagem do Grupo Jovem Pan foi hostilizada nesta terça-feira, dia 15, por militantes bolsonaristas e teve que ser escoltada por militares para longe de um protesto de viés antidemocrático em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília. Os jornalistas cobriam a manifestação a favor de uma intervenção das Forças Armadas no poder.

Os profissionais de imprensa estavam identificados, com crachá da Jovem Pan e acompanhavam de perto a concentração do grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que rejeita a vitória eleitoral e a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Eles pretendem impedir o petista de ser empossado.

Militantes intervencionistas reagiram quando o repórter relatava ao vivo no Jornal da Manhã, da TV Jovem Pan News, que havia um clamor por um golpe militar nas faixas e palavras de ordem do protesto. A emissora de rádio e televisão faz ampla cobertura dos protestos, com entradas dos repórteres, ao longo do dia.

"Existe um chamamento para que haja então uma intervenção militar ou intervenção federal, é o que dizem os manifestantes a todo momento, para que possa ter exatamente isso", afirmou o repórter, quando o grupo atrás dele começou a reagir negativamente. "Não, não", gritaram.

No momento, a Jovem Pan exibia na tela a imagem do repórter e uma tarja sobre os atos: "Brasília recebe manifestações contra resultado do pleito. Manifestantes também criticam a censura e a suposta 'ditadura do judiciário'".

O episódio ocorreu pela manhã, em frente ao QG, perto do acampamento de militantes de direita pró-golpe. O jornalista foi cercado por bolsonaristas, que criticaram o relato do repórter, diziam que ele deveria "falar a verdade" e o filmavam. "Mentiroso", gritou um homem. "Vergonha o repórter da Jovem Pan". Sob vaias, o jornalista não reagiu.

Cinco militares da Polícia do Exército cercaram os profissionais de imprensa e pediram que os manifestantes se afastassem para que a equipe da Pan deixasse o local.

A base de apoiadores de Bolsonaro se identificava com a emissora, que tem programas e comentaristas simpáticos ao presidente. Bolsonaro recomendava a programação da Pan. Seus militantes fizeram campanha em defesa da emissora durante as eleições, quando foi punida pela Justiça Eleitoral, e alegou estar sob censura.

O ataque dos bolsonaristas à imprensa repercutiu entre políticos. O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) disse que ações de golpistas devem ser repudiadas e criminalizadas. "A emissora que tanto planta ódio, colhe agora as consequências de alimentar o fascismo. Mas independente disso, ações como essas dos golpistas devem ser repudiadas e criminalizadas", escreveu o parlamentar.

"Quem diria. Até a Jovem Pan foi hostilizada por bolsonaristas na porta do quartel em Brasília. O repórter saiu escoltado pelos soldados do Exército", reagiu a deputada Joice Hasselmann (PSDB-SP).

Estadão
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