Equipe 'dura' de Lewandowski terá de arbitrar planos eleitorais de Lula e ruídos com bancada da bala
Avaliações de especialistas e de governistas apontam que o perfil mais jurídico e menos político da equipe de Lewandowski pode aprofundar ruídos na relação com o Congresso, especialmente com a bancada da bala
Com a definição dos principais quadros da equipe de Ricardo Lewandowski no Ministério da Justiça, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se habilitou para apresentar uma mensagem de compromisso de combate ao crime organizado e, com isso, mitigar, no ano eleitoral, a má avaliação da gestão petista na área da segurança pública.
As avaliações de especialistas e de governistas ouvidos pelo Estadão, por outro lado, também apontam um sinal de alerta na composição do time de Lewandowski: o perfil mais jurídico e menos político pode aprofundar ruídos na relação com o Congresso, especialmente com bancada da bala, como os enfrentados pelo demissionário Flávio Dino.
O gerenciamento da crise foi considerado satisfatório pelo Palácio do Planalto, e gerou uma espécie de "recall" para Cappelli. Ele foi designado ministro interino do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) após a demissão do general Edson Gonçalves Dias na esteira dos desdobramentos de 8 de janeiro.
Ao retornar à função original no ministério, o secretário se tornou o protagonista de iniciativas da pasta, como o plano contra roubo de celulares, sobretudo no hiato da indicação de Dino ao Supremo Tribunal Federal. Setores da base do governo Lula avaliavam que as entregas poderiam cacifá-lo para assumir o controle do ministério. As expectativas foram frustradas com a indicação de Lewandowski.
Dino chegou a atuar para que Cappelli fosse mantido no cargo, mas Lewandowski optou por contar com o seu homem de confiança. Almeida Neto é considerado o pupilo intelectual do futuro ministro da Justiça. Foi Lewandowski quem o orientou a fazer o concurso de professor universitário e a lecionar a disciplina de teoria do Estado, a mesma ministrada pelo ministro.
Apesar do perfil menos político do que Cappelli, o futuro secretário-executivo tem bom trânsito entre setores progressistas, especialmente na advocacia. Nos últimos oito anos ele atuou como diretor jurídico da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).