Esposa de Ailton Barros recebe pensão militar de R$ 22,8 mil; ele foi expulso do exército em 2006
Ailton Barros foi preso pela Polícia Federal por envolvimento em possível fraude nos registros de vacinação de Jair Bolsonaro
A esposa do advogado e ex-major Ailton Barros recebe uma pensão militar de R$ 22,8 mil. Ele, que foi preso nesta semana por envolvimento em um suposto esquema de fraude em registros de vacinação contra covid-19, foi expulso do exército em 2006. A pensão começou a ser paga em outubro de 2008.
Os dados são do Portal da Transparência, consultados pelo Terra. Os documentos apontam que Marinalva Barros recebe R$ 22.841,28 bruto por mês. O valor líquido é de R$ 14.945,32. De acordo com o registro, toda pensão é direcionada a ela.
Ailton foi dado como ‘morto’ pelo Exército, segundo informações da Globonews. Nos registros abertos sobre a pensão, Marinalva aparece como ‘viúva’. Ailton Barros foi expulso do exército em 2006, depois de ter sido preso sete vezes, desde 1997.
Quem é Ailton Barros
Advogado e militar da reserva, Ailton Gonçalves Moraes Barros foi um dos presos preventivamente na Operação Venire da Polícia Federal, que investiga um possível esquema de fraudes em dados de vacinação da covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.
Os investigadores suspeitam que ele foi quem conseguiu lançar os dados falsos na plataforma para beneficiar a mulher do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto.
Nascido em Alegrete, no Rio Grande do Sul, Ailton foi para o Rio de Janeiro ainda na infância. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ailton tem 61 anos, é major reformado e detém um patrimônio declarado de R$ 388 mil. Nas redes sociais, ele se intitula como Oficial da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) e paraquedista militar e civil.
A primeira tentativa de Barros de entrar na política foi em 2006, quando disputou uma cadeira de deputado federal do Rio de Janeiro pelo PFL. Em 2020, ele concorreu a uma vaga de vereador na cidade fluminense pelo PRTB, mas também não foi eleito. Em 2022, quando foi candidato a deputado estadual pelo PL, não foi eleito novamente e acabou ficando como suplente. Na eleição do ano passado, inclusive, ele se apresentava como o "01 de Bolsonaro".
Ailton é apontado como uma espécie de intermediário de um braço do esquema junto à prefeitura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Segundo a Polícia Federal, ele teria levantado lotes enviados ao Rio de Janeiro e cadastrado duas doses da Pfizer em nome de Gabriela Santiago Ribeiro Cid, mulher do tenente-coronel Mauro Cid. O advogado também conseguiu um cartão físico de vacinação para a mulher de Mauro Cid.
Após o 'êxito', Ailton pediu uma 'contrapartida' a Cid: que o aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro intermediasse encontro cujo tema seria o assassinato da ex-vereadora Marielle Franco - crime ocorrido em 2018. A ideia era um encontro com o cônsul dos Estados Unidos para resolver problema relacionado a seu visto - ligado ao envolvimento do nome do ex-parlamentar com o caso Marielle.
A permuta entre Ailton e Cid é descrita pela Polícia Federal com base em mensagens trocadas entre os dois pelo celular. Em uma mensagem enviada ao coronel, Ailton afirma: "Eu sei dessa história da Marielle toda, irmão, sei quem mandou. Sei a porra toda. Entendeu? Está de bucha nessa parada aí."
*Com informações do Estadão Conteúdo