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Política

Ex-líder do DEM diz ter sido 'traído' por Rodrigo Maia

Deputado Elmar Nascimento diz que foi "estranhamente relegado" na escolha do candidato à sucessão do presidente da Câmara

18 dez 2020 - 06h52
(atualizado às 07h36)
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O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), perdeu mais um aliado. Em mensagem de WhatsApp enviada à bancada do DEM, o deputado Elmar Nascimento (BA), ex-líder do partido, disse ter sido "traído inexplicavelmente" por quem considerava seu melhor amigo e "estranhamente relegado" na escolha do candidato à sucessão de Maia.

Elmar Nascimento mandou mensagem para aliados criticando Rodrigo Maia
Elmar Nascimento mandou mensagem para aliados criticando Rodrigo Maia
Foto: Charles Sholl / Futura Press

Aliado do presidente do DEM e prefeito de Salvador, ACM Neto, o deputado era um dos pré-candidatos à eleição para o comando da Câmara, marcada para fevereiro de 2021, mas foi preterido. Após uma longa etapa de eliminações, hoje há apenas dois concorrentes no grupo de Maia: Baleia Rossi (MDB) e Aguinaldo Ribeiro (Progressistas). Um deles vai enfrentar Arthur Lira (Progressistas), o chefe do Centrão que tem o aval do Palácio do Planalto e foi carimbado por Maia como "candidato do Bolsonaro".

O desabafo de Elmar veio a público no mesmo dia em que o vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira, anunciou publicamente o rompimento com Maia e a união com Lira. Presidente do Republicanos e bispo licenciado da Igreja Universal, Pereira também queria concorrer à cadeira de Maia, mas disse ter sido vítima de um "veto velado" por parte do colega.

A negociação para o apoio a Lira poderá envolver a entrega do Ministério da Cidadania ao Republicanos. Ocupada por Onyx Lorenzoni (DEM), a pasta cuida justamente do programa Bolsa Família. "Já fui ministro. Não quero ser de novo", disse Pereira ao Estadão. No governo Temer, ele foi titular da Indústria e Comércio Exterior.

O problema é que, além da debandada do Republicanos - com 31 deputados - o racha é agora nas fileiras do próprio DEM, partido de Maia. Diagnosticado com coronavírus, Elmar enviou nesta quarta, 16, mensagem do hospital para a bancada do DEM, pedindo um "voto de confiança" após seu nome ter sido retirado da lista de Maia.

"Cheguei ao ponto de conseguir o apoio explícito e público do governador da Bahia (Rui Costa, do PT) e dos três senadores com respectivas bancadas, adversários locais nossos (...). Apesar de tudo isso, meu nome vem sendo "estranhamente " relegado. Fui traído inexplicavelmente por quem eu considerava meu melhor amigo. Quem eu mais confiava. Quem eu mais acreditava. Quem sempre segui cegamente em tudo", escreveu. "Agora só me resta vocês".

Articulação

Elmar tem dito a amigos que não respaldará o candidato de Maia e, nessa empreitada, ainda pode levar votos da bancada do DEM para outro lado. Ao Estadão, o deputado afirmou que iniciará um processo de conversas. "Vou ouvir todos e decidir quem está comigo. Podem ser poucos, podem ser muitos, vamos avaliar. Não tenho nada contra Baleia, nem Aguinaldo. Fizeram o papel deles", observou.

A eleição que vai renovar a cúpula do Congresso tem importância estratégica para o presidente Jair Bolsonaro. Tanto na Câmara como no Senado, o escolhido estará na direção das Casas Legislativas nos próximos dois anos, período em que Bolsonaro vai acelerar sua campanha por um segundo mandato.

Cabe ao presidente da Câmara, por exemplo, pautar os projetos que serão votados. É também dele o poder para arquivar ou dar andamento a pedidos de impeachment e há mais de 50 contra Bolsonaro.

Embora a disputa para o Palácio do Planalto seja apenas em 2022, todos os movimentos políticos no Congresso estão voltados para esse calendário. Até agora, por exemplo, o PT resiste a respaldar uma eventual candidatura de Baleia Rossi, que comanda o MDB, porque o vê como aliado do projeto de poder do governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Em campanha ao Planalto, Doria veste o figurino sob medida para fazer oposição a Bolsonaro e também ao PT.

Bate-boca antecipa a disputa pela chefia da Câmara

Em campos opostos na disputa pelo comando da Câmara, o atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o líder do Centrão, Arthur Lira (PP-AL), bateram boca ontem pela manhã. A discussão foi motivada pelo fato de Maia ter iniciado pela manhã as votações na Câmara, ignorando que o Congresso teria sessão no mesmo horário para votar projeto de interesse do governo. Não é possível que as duas sessões ocorram simultaneamente. "Não fui comunicado ontem da sessão do Congresso por ninguém. O presidente do Congresso não me ligou, ninguém do governo me ligou, nenhum líder me ligou", argumentou o deputado.

Lira apelou para que a sessão da Câmara fosse cancelada. "A pauta do Congresso tem um item. A da Câmara tem 26 itens, 30 itens, 40 itens, não temos mais o controle", disse ele, reclamando com Maia de também não ser avisado previamente sobre o que vai ser votado.

Maia insistiu no argumento. "Deixa eu terminar que o senhor vai entender (...) Eu só fui comunicado hoje pela manhã. Toda vez que tem sessão do Congresso...", disse, sendo interrompido por Lira: "Como não foi comunicado? A pauta foi publicada", rebateu o líder do Centrão.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Estadão
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