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Política

Ex-secretário do AM é chamado de mentiroso na CPI da Covid

Marcellus Campêlo disse que faltou oxigênio por apenas 2 dias no Estado

15 jun 2021 - 14h26
(atualizado às 14h40)
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Campêlo na CPI da Covid
15/06/2021
REUTERS/Adriano Machado
Campêlo na CPI da Covid 15/06/2021 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

O ex-secretário da Saúde do Amazonas Marcellus Campêlo afirmou nesta terça-feira, 15, que faltou oxigênio nos hospitais estaduais por apenas dois dias, durante o colapso do setor em janeiro, e foi acusado de ser mentiroso pelos senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid.

Ao ser questionado pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL) sobre quando faltou o item básico, Campêlo afirmou que os problemas foram registrados "apenas entre os dias 14 e 15 de janeiro".

A fala foi interrompida pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM), que pediu para passar um vídeo mostrando matérias jornalísticas com pessoas desesperadas buscando por oxigênio para levar para seus parentes internados em hospitais de Manaus. Algumas das imagens eram de 26 de janeiro, mais de 10 dias depois do que dizia Campêlo.

Braga ainda apresentou dados que mostravam que a White Martins, a principal fornecedora de oxigênio, alertando desde julho de 2020 que o consumo no Estado estava quase o dobro o que a quantidade contratada pelo Amazonas.

Na hora dos questionamentos da senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), o ex-secretário amazonense repetiu a fala e foi contraposto por diversos documentos que mostravam tanto as mortes como os casos explodindo no estado desde 6 de janeiro. Indignada com as respostas evasivas, Gama afirmou que o depoimento era "desalentador" em ver que o governo lidou sem "humanidade" com a questão.

"É criminoso, é terrível, é desumano o que estamos ouvindo hoje aqui nessa Comissão", disse a senadora, lembrando que o governo do Amazonas é aliado do governo federal e que isso deveria ter sido usado politicamente para conseguir evitar a catástrofe.

Contatos com Ministério da Saúde

Campêlo ainda acrescentou em suas respostas que a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, não foi informada sobre a iminente falta de oxigênio no dia 4 de janeiro, enquanto ela visitava Manaus porque "não havia dados que sustentassem" a previsão.

O contato formal foi feito apenas em 7 de janeiro, contradizendo o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, e que foram enviados ofícios ainda em 9, 11, 12 e 13 de janeiro sobre a situação.

No dia 7, a White Martins informou que haveria a falta de oxigênio por conta da alta no consumo nos hospitais amazonenses.

O ex-secretário da Saúde ainda reconheceu que as cerca de 120 mil pílulas de hidroxicloroquina enviadas pelo governo federal eram para serem usadas no "tratamento precoce" a pedido de Mayra.

Também afirmou que a comitiva do Ministério da Saúde, antes do dia 10 de janeiro, foi para o Estado para lançar a plataforma TrateCov, um sistema que identificava sintomas da covid-19 e receitava remédios para iniciar o tratamento. Porém, depois que foi descoberto pela imprensa que o aplicativo indicava cloroquina, hidroxicloroquina, entre outras drogas, até para crianças, o TrateCov foi tirado do ar.

Manaus vivenciou uma segunda onda da covid-19 avassaladora em janeiro. Além das pessoas que morreram pela doença em si, muitas faleceram por falta de oxigênio nos hospitais. Em janeiro, mais de 3,5 mil pessoas morreram por conta da doença.

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