Exército impediu remoção de acampamento em frente ao QG de Brasília, diz Ibaneis
Governador afastado do DF, após as falhas de segurança dos atos de 8 de janeiro, prestou depoimento à Polícia Federal nesta sexta-feira, 13
O governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), revelou que o Exército impediu a remoção do acampamento em frente ao Quartel-General em Brasília. Em depoimento à Polícia Federal (PF), obtido pela CNN Brasil, nesta sexta-feira, 13, Ibaneis alega que ordentou a retirada dos bolsonaristas acampados no local no dia 29 de dezembro, dois dias antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas as autoridades militares negaram a remoção.
“Foi definida a data de 29/12/2022 e iniciado o procedimento de remoção, mas este foi sustado logo o início por ordem do comando do Exército. Algumas barracas chegaram a ser retiradas, mas o DF Legal, auxiliado pela Polícia Militar, não conseguiram terminar todo o trabalho de retirada em razão da oposição das autoridades militares”, explicou. Segundo o governador afastado, a área do acampamento é de administração do comando do Exército.
Atos de 8 de janeiro
Ibaneis confirmou que a segurança dos atos de 8 de janeiro, que culminaram na invasão e destruição das sedes dos Três Poderes, o Supremo Tribunal Federal, Palácio do Planalto e Congresso, estava sob a responsabilidade da Secretaria de Segurança Pública do DF. Porém, ele alega que os relatórios de inteligência feitos pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) ficavam sob a responsabilidade da Secretaria de Segurança Pública.
“Recebia informes sobre as questões de segurança do DF e nenhuma dessas tratou de possíveis ações radicais que estavam sendo organizadas polos acampados. Eventuais relatórios de inteligência ficavam restritos à secretaria de segurança, e apenas chagava ao governador o que realmente importava para suas decisões", disse o governado afastado.
Segundo o depoimento, teria sido criado um protocolo de ações integradas com os responsáveis pela segurança do Senado Federal, Câmera dos Deputados, STF, MRE (Ministério das Relações Exteriores) e PRF (Polícia Rodoviária Federal). "No plano consta que a Polícia Militar deveria utilizar o contingente necessário conforme planejamento próprio da instituição. Não cabe ao governador do DF examinar em minúcias questões operacionais de segurança", destacou.
Ibaneis afirmou que recebeu uma mensagem do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, na noite do dia 6 de janeiro, relatando preocupações com a chegada de ônibus com manifestantes. O governador alega ter falado com Anderson Torres, então Secretáro de Segurança do DF, que havia acabado de chegar aos EUA, e foi tranquilizado pelo secretário interino de segurança pública, Fernando de Souza Oliveira, que informou que os manifestantes agiam de forma pacífica.
O governado relatou ter recebido mensanges de Fernando de Souza, informando que a situação estava tranquila. Ao assistir pela TV à invasão provocada pelos bolsonaristas, Ibaneis alega ter ordenado que todas as forças de segurança fossem para a rua.
“Às 15:39 horas, ao acompanhar pela TV o início de um tumulto próximo do Congresso Nacional, determinou ao secretário de segurança em exercício 'coloca tudo na rua' e na sequência ainda disse 'tira esses vagabundos do Congresso e prendam o máximo possível'”.