'Extrema-direita tem que disputar no jogo democrático', diz Gleisi no Foro de São Paulo
Presidente do PT crê que o bolsonarismo seguirá vivo mesmo depois do julgamento que tornou Jair Bolsonaro inelegível, mas vê na decisão uma ação 'pedagógica'
BRASÍLIA - A presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), disse que a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível foi "pedagógica" para a extrema-direita saber participar do jogo democrático. A Corte eleitoral entendeu, no julgamento finalizado nesta sexta-feira, 30, que o ex-chefe do Executivo usou do cargo para espalhar desinformação sobre o sistema eletrônico de votação, na tentativa de ter ganhos eleitorais, atacar o Tribunal e fazer "ameaças veladas".
"No meu entender, a decisão do TSE foi pedagógica", disse Gleisi, que participou de um painel do 26.º Foro de São Paulo, evento que reúne diversos partidos de esquerda da América Latina. "Não tem como você participar de um jogo se você atenta contra as regras do jogo. Foi exatamente o que Bolsonaro fez. Desde que assumiu o mandato, ele vem atentando contra a democracia."
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o protagonista do primeiro dia do Foro de São Paulo, na quinta-feira, 29. Em discurso, ele elogiou os ditadores Fidel Castro e Hugo Chávez, disse "se orgulhar" do rótulo de comunista e afirmou que é preciso manter as críticas aos partidos de esquerda reservadamente, "entre amigos".
"Precisamos tentar discutir os nossos erros para que a gente possa corrigi-los. Entre amigos, a gente conversa pessoalmente. A gente não faz críticas públicas porque as críticas interessam à extrema-direita", afirmou Lula.
Também participaram do evento inaugural figuras do PT ofuscadas pelo mensalão, como José Dirceu e Delúbio Soares. Delúbio ainda distribuiu um livro em que chama o escândalo de corrupção de "farsa".