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Política

Fafá de Belém revela: foi 'penetra' em comício das diretas

Em entrevista ao Terra, cantora relembra sua participação no maior comício contra a ditadura, no centro do Rio de Janeiro, 30 anos depois do ato em que não constava na lista de oradores, mas ainda assim discursou

10 abr 2014 - 10h01
(atualizado às 14h07)
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Fafá de Belém ao lado de Teotônio Vilela, morto um ano antes do comício. Político é o tema do "Menestrel das Alagoas", música símbolo da cantora no movimento contra a ditadura militar
Fafá de Belém ao lado de Teotônio Vilela, morto um ano antes do comício. Político é o tema do "Menestrel das Alagoas", música símbolo da cantora no movimento contra a ditadura militar
Foto: Arquivo pessoal / Divulgação

Não só por ser a voz de "Menestrel das Alagoas", uma das canções símbolos contra a ditadura, de autoria de Milton Nascimento, Fafá de Belém foi voz ativa nas ruas ao longo do ano de 1984, quando o Brasil efervescia pelas Diretas Já para a República. Alguns episódios do marcante dia 10 de abril, há exatos 30 anos, evidenciam: Fafá discursou mesmo fora da lista de oradores, entrou sem pulseira no palanque e ainda colocou para dentro o mentor da emenda para a eleição direta.  

"Mesmo sem ter sido convidada, entrei e estava tudo bem. Quando fui subir no palco a mocinha me barrou", lembra em entrevista ao Terra a cantora, que não pegou o ônibus destinado aos artistas, entre eles Chico Buarque, Martinho da Vila e o próprio Milton Nascimento. Foi de táxi. Não sem antes levar seu fiel escudeiro dos outros comícios pela paz.  

"Naquela dia eu tinha comprado minha passagem da ponte aérea com minha assistente, porque eu não tinha sido convidada oficialmente para o comício do Rio. Cheguei no Rio e consegui comprar uma pomba, que já tinha levado a outros comícios", relembra.  

"Peguei um táxi comum e o rapaz me disse: “A senhora está atrasado, porque todos os ônibus levando os artistas já saíram”. E eu disse: “Já fui a comício a pé, de jegue, de bicicleta, de canoa. Nesse eu vou de táxi”. E fui. Quando cheguei na Candelária, e era o meu 30º comício das Diretas, fiquei impressionada com o tamanho da estrutura montada", reforça.  

Ao chegar à porta de controle ao acesso dos que teriam a honra de representar o Brasil em tamanho momento político, Fafá de Belém usou da fama adquirida para ganhar um "seja bem-vinda" do segurança. E ainda desfez uma grande injustiça: barrado, o deputado Dante de Oliveira (PMDB-MT), justamente o parlamentar que propôs a emenda pelo fim da eleição indireta, estava barrado no baile.  

A cantora foi uma das vozes que marcou a luta pelas eleições diretas
A cantora foi uma das vozes que marcou a luta pelas eleições diretas
Foto: Arquivo pessoal / Divulgação

"Eu falei que ele era meu percussionista e que se ele não entrasse eu não cantaria. E o segurança liberou a entrada. 'Passa aí compridão', disse o sujeito. Quando fui subir no palco a mocinha então me barrou. 'Querida, você chegou atrasada. Os artistas já tiveram sua hora. Mas posso anunciar sua presença', me disse", conta detalhes.  

Foi quando o líder daquele palanque, e voz propulsora contra os militares, entrou em ação para ele próprio desfazer mais uma injustiça na organização do maior comício brasileiro até então. "Saí furiosa e encontrei com o Brizola, que me segurou e disse: “Vem comigo porque tu é rainha desse negócio. Você foi a nossa voz em todo o Brasil”. Voltei e dei uma gargalhada para a mulher que tinha me barrado. Já estava animada, mas aquilo foi tudo o que me faltava para ficar ainda mais inflamada. Fiz discurso, cantei Menestrel das Alagoas e cantamos todos juntos o Hino Nacional no fim", finaliza, sempre deixando transparecer o saudosismo.

<a data-cke-saved-href="http://noticias.terra.com.br/brasil/diretas-ja/" href="http://noticias.terra.com.br/brasil/diretas-ja/">veja o infográfico</a>

Fonte: Terra
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