Fala de Bolsonaro sobre manifestações 'bem-vindas' infla grupos golpistas nas redes
A fala foi interpretada como sinal de apoio por parte dos manifestantes, que radicalizaram o discurso nas redes
Quase dois dias após o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) confirmar o resultado da eleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas urnas, fez um discurso no Palácio do Alvorada nesta terça (1º) em que não citou o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e reconheceu manifestações golpistas como "bem-vindas" e "fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral".
A fala foi interpretada como sinal de apoio por parte dos manifestantes, que radicalizaram o discurso nas redes. Correntes que incentivam os bloqueios contra o resultado eleitoral e a favor de uma intervenção militar foram enviadas mais de 200 vezes após a fala do presidente nas comunidades monitoradas pelo Radar Aos Fatos.
"Em nenhum momento houve QUALQUER INDICAÇÃO CLARA do presidente da República sobre o reconhecimento do resultado. Os protestos tendem a se intensificar a partir desta terça-feira, levando MILHÕES de brasileiros às ruas", afirma uma das correntes, encaminhada 19 vezes desde o pronunciamento.
Outro texto apontava "recados subliminares" de Bolsonaro, entre eles que "a eleição foi fraudada com aval do STF/TSE" e que, ao dizer que respeita a Constituição, o presidente estaria se referindo ao artigo 142 — que é falsamente interpretado como uma previsão legal para que haja intervenção militar.
Antes da fala. Desde que o presidente anunciou que falaria em coletiva de imprensa marcada para as 16h, mais de 30 mensagens já orientavam os manifestantes a não recuarem mesmo se Bolsonaro pedisse, somando 163 compartilhamentos.
"AVISO IMPORTANTE!! Se o Presidente Bolsonaro falar ou pronunciar algo sobre as eleições fiquem atentos. Faz parte do protocolo tais palavras...Está tudo dentro do planejado. Desconsiderar as falas e pedir Intervenção Militar!", dizia uma delas.
As correntes mantêm o tom golpista das mensagens que especulavam sobre o silêncio do presidente, que durou mais de 44 horas desde que o resultado foi anunciado pelo TSE.