FHC sobre viagem com presidentes: '20 horas de conversas e brincadeiras'
Ex-presidente conta como foi ir à África do Sul com Dilma, Lula, Sarney e Collor para o funeral de Nelson Mandela
O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso afirmou que a viagem à África do Sul com a presidente Dilma Rousseff e os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, José Sarney e Fernando Collor foi "amável e alegre". Na última segunda-feira, o grupo viajou ao país para acompanhar o funeral do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, morto aos 95 anos. "Foram 20 horas de conversas, de brincadeira, de contar causo, de se lembrar de coisas, observações sobre terceiras pessoas, terceiros países", disse FHC, em entrevista ao jornal Valor Econômico.
A presidente Dilma, segundo FHC, "estava muito solta e alegre, e o Lula também". Não houve polêmicas porque os líderes evitaram assuntos controversos. "Procuramos falar sobre as coisas em comum. (...) Não podemos levar a relação política a estado de beligerância. Foi um momento de distensão, tendo em vista as posições ali."
FHC disse que conversou mais com Lula do que com os outros membros da comitiva presidencial, pois, "dos presentes, os que tinham mais memória em comum éramos nós dois". "Lembramos de muita coisa do passado, coisas de São Bernardo (do Campo), das quais eu participei muito e Lula, lá, era o líder. Perguntávamos muito sobre pessoas daquela época, o que estão fazendo."
"Nunca vi a Dilma rabugenta", diz FHC
O ex-presidente afirmou que a imagem de formal de Dilma não condiz com o comportamento da chefe de Estado. "A Dilma não é formal no contato assim. Ela é agradável. Toda imagem que existe dela - como a vi só neste tipo de ocasião, nunca trabalhei com ela -, nunca vi a Dilma que é apresentada ao público, rabugenta e tal. Comigo, não", disse FHC. "Ela contava causo, puxou papo, claro, muito à vontade", afirmou ele.
Na viagem de volta, FHC e Lula voaram juntos para São Paulo, e "aí foi mais íntimo" o contato entre os dois. "Nós temos mais história em comum, foi mais fácil. Conversamos como duas pessoas maduras, sem guardar reserva, e procurando ser, ao mesmo tempo, cordato e franco. Passamos em revista o que vivemos", disse FHC.