Filhos de Bolsonaro e aliados criticam o TSE por mais uma inelegibilidade do ex-presidente
Jair Bolsonaro se tornou inelegível pela segunda vez por decisão do Tribunal Superior Eleitoral e foi condenado ao pagamento de R$ 425 mil em multa; Eduardo e Carlos falam em 'oportunistas' e 'covardes'
BRASÍLIA - Filhos e aliados políticos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reagiram à decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que aplicou ao nova inelegibilidade ao ex-chefe do Executivo nesta terça-feira, 31. A Corte também tornou o general Walter Braga Netto (PL) inelegível por oito anos no julgamento.
Por 5 votos a 2, o Tribunal considerou que Bolsonaro e Braga Netto cometeram abuso de poder político e econômico e conduta vedada nas comemorações do Bicentenário da Independência durante a campanha eleitoral de 2022. O ex-presidente terá que pagar uma multa de R$ 425 mil, enquanto o general, R$ 212,8 mil.
Os ministros julgaram que os então candidatos usaram as cerimônias oficiais em Brasília e no Rio de Janeiro para fazer campanha e tentaram instrumentalizar as Forças Armadas para turbinar a candidatura da chapa.
Bolsonaro já está inelegível por oito anos desde junho, por outra decisão da Corte. O general foi poupado anteriormente, mas agora não poderá se candidatar a cargos públicos até 2030. A nova condenação não afetará o futuro político de Bolsonaro. As penas, nesse caso, não se somam. Nas duas condenações, o prazo de inelegibilidade começa a contar a partir do primeiro turno do pleito.
Após o TSE formar maioria pela condenação, Bolsonaro publicou no X (antigo Twitter) os valores que ele e Braga Netto foram condenados a pagar. Até o momento, o ex-presidente já soma R$ 1,6 milhão em multas, não só eleitorais.
Novas multas:
- Bolsonaro: R$ 425.600,00
- Braga Neto: R$ 212.800,00 pic.twitter.com/AIXTGYPFHO
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) November 1, 2023
Braga Netto, por sua vez, afirmou que discorda da decisão do TSE. "Vamos utilizar todos os meios judiciais e democráticos para provar e comprovar a lisura de nossas ações", afirmou no X nesta quarta-feira, 1º.
No dia de ontem, uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral nos julgou inelegíveis por 8 anos, com aplicação de multas. Eu discordo da decisão e iremos utilizar, como sempre fizemos, de todos os meios judiciais e democráticos para provar e comprovar a lisura de nossas ações.
— Braga Netto (@BragaNetto_gen) November 1, 2023
Clã Bolsonaro critica 'oportunistas' e 'covardes'
Na manhã desta quarta-feira, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) compartilhou nas redes sociais a postagem do pai sobre as multas e criticou a existência de pessoas "oportunistas", sem citar nomes.
"Quando alguém surge se dizendo antissistema a 1ª pergunta, ou melhor, observação é: como este se comportou durante o governo Bolsonaro? Daí você já tira quem trabalha por ideal e quem o faz por interesse próprio", afirmou Eduardo.
Durante o governo Bolsonaro muitos, que hoje esbravejam, estiveram calados ou faziam "críticas construtivas". Diante do atual cenário dão uma de leão, mas no fundo não passam de oportunistas
Quando alguém surge se dizendo anti-sistema a 1ª pergunta, ou melhor, observação é: como… pic.twitter.com/0gNyRUn18u
— Eduardo Bolsonaro (@BolsonaroSP) November 1, 2023
O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) foi na mesma linha do irmão na noite desta terça-feira. Carlos criticou "porcarias que se julgam os tais apontando o dedo" para o ex-presidente. "Conans da sabedoria e da masculinidade sejam homens de verdade e não as frangas que sempre foram. Covardes!", afirmou.
Sinceramente, eu não sei o que é pior, isso ou aqueles porcarias que se julgam os tais apontando o dedo como se fossem as pessoas mais fodonas do mundo para um cara que deu a vida, "ALINHADO COM POUCOS", para tentar melhorar a vida dos mesmos bostas que se colocam numa situação… pic.twitter.com/LkjPGcbBZv
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) November 1, 2023
Deputados do PL falam em 'perseguição'
Deputados do PL, partido do ex-presidente e de Braga Netto, também se posicionaram nas redes contrários ao resultado do julgamento do TSE, endossando que Bolsonaro seria alvo de uma "perseguição" empreendida pela Corte.
O deputado Zé Trovão (PL-SC) disse no Instagram que a "perseguição aos adversários políticos é uma prática contumaz da esquerda". "Enquanto perseguem o ex-presidente Bolsonaro, acabam dando a certeza que os seus ideais e suas lições continuam se espalhando", disse o parlamentar.
Também pelo Instagram, o deputado Carlos Jordy (PL-RJ), líder da oposição na Câmara, citou as multas estipuladas pelos ministros do TSE e disse que "a perseguição não para, e tentarão de tudo para aniquilar a oposição no Brasil".
A deputada Caroline de Toni (PL-SC) disse que o motivo para a condenação do ex-presidente é "pífio, ridículo e juridicamente insustentável". "O que o Brasil assiste é uma vergonhosa e escancarada perseguição que mira não no Bolsonaro, mas em pelo menos metade do eleitorado brasileiro que fica, sem justificativa válida, privado de poder votar no seu candidato favorito", afirmou.
É a 2ª vez que tornam Bolsonaro inelegível e pela 2ª vez, igualmente, o motivo é pífio, ridículo, juridicamente insustentável. E dessa vez não só Bolsonaro, mas Braga Netto também.
O que o Brasil assiste é uma vergonhosa e escancarada perseguição que mira não no Bolsonaro ??
— Carol De Toni (@CarolDeToni) November 1, 2023
O deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB) afirmou que a decisão da Corte foi "parcial", e que o ex-presidente é alvo de uma "perseguição clara" do TSE e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Justiça PARCIAL, não é justiça!!!
Mais uma perseguição clara ao presidente @jairbolsonaro pelo STF e TSE. pic.twitter.com/nQOIoQ81oV
— Gilberto Silva (@cabogilberto) November 1, 2023
Essa foi a terceira leva de processos contra Bolsonaro julgada no TSE. O ex-presidente já foi condenado e declarado inelegível por atacar as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral, sem provas, em reunião com diplomatas, e absolvido em um segundo bloco de ações, sob acusação de usar prédios públicos para fazer transmissões ao vivo e conceder entrevistas durante a campanha eleitoral. Ele ainda é alvo de outros nove processos.