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Política

"Fiz tudo que estava ao meu alcance", diz Gonçalves Dias à CPMI do 8 de janeiro

Ex-ministro do GSI deixou cargo após aparecer em vídeos conversando com invasores do Palácio do Planalto

31 ago 2023 - 10h52
(atualizado às 13h52)
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Foto: TV Senado

O general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), afirmou nesta quinta-feira, 31, na CPMI do 8 de janeiro, que teria adotado uma postura mais enérgica na repressão dos ataques antidemocráticos caso estivesse ciente dos eventos que culminaram nos episódios de vandalismo. 

O ex-ministro destacou que também teria agido de forma diferente se estivesse informado sobre a "ineficiência" por parte dos agentes envolvidos na execução do chamado "Plano Escudo", que visava proteger o Palácio do Planalto.

"Tendo conhecimento agora da sequencia dos fatos que nos levaram até as agressões de vândalos e também na ineficiência dos agentes que atuavam na execução do Plano Escudo, seria mais duro que fui na repressão. Faria diferente, embora tenha plena certeza de que enviei todos os esforços que estavam ao meu alcance", afirmou o militar.

No entanto, o ex-ministro afirmou que empregou "todos os esforços e ações" ao seu alcance para minimizar os danos decorrentes dos eventos.

"Faria diferente embora tenha plena certeza que envidei todos os esforços e ações que estavam ao meu alcance para mitigar danos. O mais importante: preservar vidas de cidadãos brasileiros sem derramamento de uma gota de sangue", completou. 

Em outro trecho do depoimento, o ex-ministro declarou que a culpa dos atos foi da falta de ações da Polícia Militar do Distrito Federal.

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Dias também afirmou que sua prioridade no 8 de janeiro era prender os manifestantes, mas sem que houvesse feridos ou mortos. Ele disse que não deu ordens específicas aos oficiais que estavam no Palácio do Planalto. "Fiz tudo que estava ao meu alcance", completou

'Não adiantava sair batendo nas pessoas'

Ele corroborou sua presença no Palácio do Planalto em 8 de janeiro e, quando indagado sobre a razão pela qual adotou uma postura de "tranquilidade" diante dos vândalos, explicou que "não adiantava sair batendo nas pessoas".

"Fui treinado a minha vida toda para, em momentos de crise, em momentos difíceis da nossa vida, gerenciar as crises. A senhora não gerencia uma crise apagando fogo jogando gasolina. A senhora gerencia crise conversando com as pessoas e retirando as pessoas", respondeu G. Dias. 

"Estávamos com 135 homens, solicitamos mais. O primeiro reforço chegou às 15h40, o segundo reforço, às 16h40, e o terceiro reforço, às 17h10. No início, não dava para fazer as prisões. Tínhamos que gerenciar aquela crise e evacuar as pessoas para que não houvesse depredações e gerenciar para que não houvesse mortos nem feridos. Não adiantava sair batendo nas pessoas", completou o ex-ministro.

Durante o depoimento, ao esclarecer a razão de sua presença no Planalto em 8 de janeiro, Dias justificou que estava desempenhando sua responsabilidade como ministro do GSI.

"Exerci efetivamente minha ação de comando na defesa e preservação do palácio presidencial no meio de um levante antidemocrático. Foi um ataque único, inédito e inimaginável para todos que somos democratas e devotamos respeito à Constituição e às instituições", afirmou o general.

Informações 'divergentes' por parte da Abin

O General Dias relatou ter recebido informações "divergentes" provenientes tanto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) quanto da Polícia Militar do Distrito Federal a respeito do que poderia ocorrer durante a manifestação em 8 de janeiro.

"Dia 8 de janeiro, passei a manhã em casa. Recebi uma ligação do senhor Saulo Cunha [ex-diretor da Abin]. Ele relatou a possibilidade de intensificação das manifestações. Em seguida, troquei informações por telefone com a coronel Cíntia, da Polícia Militar. Ela me disse que estava tudo calmo", declarou G. Dias à CPMI.

No decorrer de seu depoimento, o ex-ministro explicou que, durante a manhã do dia 8, o então diretor da Abin, Saulo Cunha, o advertiu sobre um aumento na intensidade das atividades, enquanto a Polícia Militar o informou que a situação estava "completa tranquilidade".

Embate com Moro

Durante sua participação na comissão, o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) dirigiu 18 perguntas ao general, abordando temas relacionados às atribuições do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

Em relação ao GSI, o senador questionou se não estava dentro das competências da instituição a proteção do Palácio do Planalto, buscando destacar a suposta omissão na atuação do ex-ministro.

O clima ficou mais tenso quando Moro levantou a questão da necessidade de autorização por parte do GSI para que a Guarda Presidencial pudesse intervir junto aos manifestantes.

O presidente da CPI, Arthur Maia (União-BA), teve que intervir e solicitou que ambos se alternassem entre fazer perguntas e responder, sem interrupções mútuas.

 

Fonte: Redação Terra
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