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Política

Flávio Bolsonaro usa crise para se afastar de caso Queiroz

14 abr 2020 - 12h12
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O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) tenta aproveitar a pandemia do novo coronavírus para se reposicionar politicamente, avaliam interlocutores e aliados do filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro. Alvo de investigação sobre "rachadinha" em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Flávio passou todo o primeiro ano de mandato em Brasília submerso e até distante publicamente do núcleo familiar para evitar associação com o caso do ex-assessor Fabrício Queiroz.

Senador Flávio Bolsonaro
12/03/2019
REUTERS/Ueslei Marcelino
Senador Flávio Bolsonaro 12/03/2019 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

Com a escalada da covid-19 no País, no entanto, o senador, considerado o mais comedido do clã Bolsonaro, subiu o tom nas redes sociais, encabeçou a defesa contra o isolamento social e passou a marcar presença em reuniões no Palácio do Planalto e entrevistas coletivas. Integrantes do gabinete de crise alegam que ele participa como ouvinte e não tem voz nas decisões do governo.

O senador também puxou para si a responsabilidade de conversar com parlamentares sobre o posicionamento do presidente em relação ao enfrentamento da covid-19. A ele é atribuída a interlocução com empresários que pedem o fim da quarentena. Procurado pelo Estado, Flávio respondeu, via assessoria, que sua prioridade e a do governo é "devolver tranquilidade à população". "Garantir vidas, empregos e renda é o mais importante. Toda a minha energia está dedicada a encontrar soluções para essa crise."

Flávio também é suspeito de manter relações com o miliciano Adriano Nóbrega, morto em fevereiro na Bahia. A mãe e a mulher do ex-policial militar trabalharam no gabinete de Flávio na Alerj, contratadas por Queiroz.

Para pessoas próximas ao senador, a crise da Saúde evidencia um fortalecimento das relações familiares e do papel de Flávio como conselheiro do presidente. No primeiro ano de governo, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), o filho "02", responsável pelo chamado "gabinete do ódio", que controla as redes sociais do presidente, e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) exerceram mais ascendência sobre o pai.

Em uma publicação em 26 de março, Flávio elogiou Carlos, com quem mantém um histórico de desentendimentos políticos e familiares. "Parabéns, Carluxo, por não ficar em casa e trabalhar! Sou testemunha de sua vital importância ao lado do presidente Jair Bolsonaro para vencermos a crise", escreveu.

Família

Em 21 de março, data de aniversário do presidente, Flávio registrou em suas redes os três irmãos juntos enquanto o pai gravava um vídeo anunciando que havia determinado a ampliação da produção de cloroquina no laboratório químico e farmacêutico do Exército. Ainda não há estudos conclusivos sobre a eficácia do medicamento no tratamento da covid-19. O senador passou a defender a volta dos brasileiros ao trabalho, contrariando a determinação de autoridades sanitárias.

Também partiu das redes sociais do filho do presidente o vídeo, encomendado pelo governo, incentivando o fim do isolamento com o mote "O Brasil Não Pode Parar." A Secretaria Especial de Comunicação (Secom) disse que o vídeo foi feito em caráter "experimental", mas não explicou como o material chegou às mãos do senador para que ele pudesse postar.

O senador ainda compartilhou publicação de site bolsonarista que usou uma foto falsa para ilustrar supostos casos de cura da covid-19 com cloroquina. Na imagem aparece uma pessoa que não contraiu a doença.

O filho "01" também tem se aproximado de aliados do presidente. No feriado, visitou um hospital de campanha ao lado do prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos), que deve concorrer à reeleição. 

Estadão
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