Impeachment traria risco à reputação do Brasil, diz 'FT'
Um eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff "poderia pôr em risco a reputação do Brasil de construir instituições firmes", diz o jornal britânico Financial Times principal diário de finanças do país, nesta quarta-feira. Em reportagem de página inteira intitulada "Na linha de fogo", o jornal financeiro cita a crise econômica e política do país e diz que os pedidos de impeachment da presidente são um "teste crítico" para uma "das maiores e também mais jovens democracias do mundo".
"A grande questão para os políticos brasileiros é se seria prejudicial remover um presidente eleito apenas por ser impopular, ou mesmo incompetente, sem ter comprovadamente cometido um crime", diz o texto.
"O que era antes uma economia vibrante está em recessão, a elite política está atolada em um grande escândalo (da Petrobras) e, agora, oponentes querem o impeachment da presidente Dilma Rousseff em uma ação que ameaça levar o país a uma paralisia", diz o texto.
"Com grande parte do Congresso envolvido no escândalo da Petrobras há também a questão se qualquer substituto teria a legitimidade de dar o remédio forte - como aumento de impostos para balancear o Orçamento - que a economia em dificuldade precisa", diz a reportagem.
Para retirar Dilma, oponentes teriam de provar que a presidente é culpada por maquiar as finanças públicas, em medidas conhecidas como "pedaladas fiscais", ou que ela esteve diretamente envolvida em corrupção. A presidente nega as acusações.
O jornal expõe a situação complicada da economia do país - enfrentando uma recessão que deverá se prolongar por 2016 e a forte queda do real ante o dólar - e as dificuldades do governo em aprovar medidas no Congresso para balancear as finanças públicas.
Diz que a política econômica de Dilma é "inconsistente", que poderia levar à saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
O diz que "no lado positivo", Dilma poderá ser obrigada a abraçar "reformas mais agressivas para melhorar as finanças do país e, assim, aliviar um pouco a pressão do mercado por sua saída".
No início deste mês, o jornal disse em editorial que o sistema político "podre" do Brasil "não funciona" e que o governo não conseguia responder à crise econômica. Citou "bagunça" na economia e finanças públicas em "desordem" para dizer que a situação no país era "cada vez mais instável".
Em editorial publicado em julho, o comparou a situação do Brasil a um "filme de terror sem fim". E, no mês passado, reportagem disse que o país passou de "um dos motores da economia global" para o "homem doente" dos mercados emergentes.